sexta-feira, 16 de abril de 2010

Nota do Movimento Bolivariano de São Paulo direcionada a UGT em relação aos direitos humanos em Cuba

A classe trabalhadora brasileira, de fato, lamentavelmente, está dividida. Isso explica por que tantas centrais. Competem entre si. Ideologia, em forma de reflexo, da democracia de mercado. Daí porque aparecem líderes sindicais da UGT que se encantam com a contra-revolução cubana, com os que se organizam em Miami para cometer crimes contra o governo de Cuba e seu povo, com os que preferem estar ao lado de um império que colonizou e neocolonizou aquele país e que continua ocupando, há mais de um século, o território cubano de Guantânamo. Sindicalistas, que se unem a toda a direita internacional para atacar um país que heroicamente se defende.
Dá a impressão de que tais dirigentes sindicais veem as coisas pelo avesso: não é Cuba que pratica torturas, mata trabalhadores, comete genocídios e outras desgraças. Quem faz isso são as forças a que consciente ou inconscientemente se aliam, entre elas, uma mídia que tem uma triste história de apoio a ditaduras, inclusive, tendo participado de sua organização, em que os exemplos mais recentes são os golpes da Venezuela e de Honduras. É em países capitalistas, em que as forças de direita fazem de tudo para manter o direito à exploração e neocolonialismo, que ocorrem tortura e morte de opositores. Vejamos: quantos opositores foram mortos em Cuba? Onde se matam religiosos, trabalhadores, gente que luta por um mundo mais justo? Só na nossa neocolonizada América Latina já ocorreram dezenas ou centenas de chacinas de trabalhadores nas lutas pelos seus direitos. A polícia peruana acaba de matar mineiros em luta. Centenas de camponeses já foram assassinados no Brasil, só nos últimos anos.
Nenhum desses crimes, praticados em nosso continente, sem falar de incontáveis outros, foi praticado por Cuba, pelo seu governo. Esses assassinatos e torturas são praticados exatamente onde tais sindicalistas veem “democracia como valor universal”, unindo-se a um setor ou classe que é antidemocrático por princípio, que, no limite, apenas aceita, quando não tem outro jeito, em manobra de enganação, uma “democracia” sem povo. Quem luta pela democracia, senhores sindicalistas da UGT, são os trabalhadores, não as oligarquias a quem vocês parecem unir-se, no momento, contra Cuba, que, de fato, não aceita outro processo senão o de construir uma democracia plena, democracia com povo. Ao contrário do que vocês pensam e defendem, se a Revolução Cubana e o socialismo forem derrotados em Cuba, aí, sim, teremos a volta das forças antidemocráticas ao poder, com o retorno da tortura e morte de gente do povo, como acontecia na época de Batista, com a sua Guarda Nacional e outras forças de repressão cometendo massacres contra os que defendem a construção de um mundo mais justo.
Paramos por aqui. Não vamos falar mais dessa triste posição de vocês, tentando atribuir a Cuba o que é inerente aos seus aliados, violentos por princípio, já que têm, como fundamento primeiro, a exploração de um ser humano por outro, paridora de todas as violências: dos massacres de explorados de todos os tempos, do colonialismo e do genocídio contra povos. A sua ideologia, caros sindicalistas, impossibilita que compreendam que é exatamente contra esta história de sangue, provocada pelos que têm como alma o capital e como democracia apenas a defesa dessa alma, que o povo de Cuba se insurge.
Em outra oportunidade já nos manifestamos sobre a questão dos direitos em Cuba, afirmando que, acontecesse naquele país o que ocorre onde pessoas como vocês veem “democracia como valor universal”, nos dirigiríamos aos governantes cubanos, fazendo o nosso protesto, na defesa de valores humanistas e socialistas, inerentes apenas aos que lutam por um mundo em que um ser humano não mais explore, subordine e humilhe o outro. Claro, não faríamos isso, aliando-nos a forças antidemocráticas, como fazem vocês.
Contudo, uma prova nítida de que Cuba não age como fazem as forças que mundialmente se opõem a ela é vista nas próprias manifestações de “dissidentes”, pois nenhum deles tem afirmado ter sido vítima de tortura ou de tentativa de morte. E ainda não é difícil perceber que o que dizem não expressa uma convicção política propriamente dita. Emigraram para o politicismo, como afirma o governo cubano, para ofuscar crimes outros, delitos que eles mesmos, direta ou indiretamente, não chegam a dizer que não os cometeram.
Vocês, sindicalistas, falam de erros da diplomacia brasileira em relação a Cuba; claramente, as forças de direita também. Esperamos que vocês, de maneira direta ou não, não passem a admitir, como princípio, o direito de um país se imiscuir na vida interna do outro, ou até mesmo que um ocupe o outro para impor a sua “democracia como valor universal”.

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