Ex-presidente de Cuba, Fidel Castro, e atual presidente, Raúl Castro. Foto: Adalberto Roque/AFP |
1. Que compartilhamos a sensibilidade demonstrada pelos parlamentares europeus para com os presos políticos. Como eles, nos pronunciamos pela imediata e incondicional libertação de todos os prisioneiros políticos, em todos os países do mundo, incluindo os da União Europeia.
2. Lamentamos profundamente, como eles, a morte de Orlando Zapata, preso comum, mas não admitimos que sua morte, primeira "em quase quarenta anos" - segundo o próprio Parlamento Europeu - seja tergiversada com diferentes propósitos políticos e contrários à defesa dos Direitos Humanos.
3. Que instar - "as instituições europeias a que deem apoio incondicional e incentivos sem reservas ao início de um processo pacífico de transição política para uma democracia pluripartidária em Cuba" - não é apenas um ato de ingerência, que nós reprovamos em conformidade com o nosso compromisso com os princípios da Não-Intervenção e da Autodeterminação dos Povos - defendidos também pela ONU -, e contra o colonialismo, que prega um único modelo de democracia que, aliás, é cada vez mais insuficiente e mais questionável. A prossecução e o aprofundamento da democracia implica, entre outras coisas, transcender seus níveis formais e inventar novas formas autenticamente representativas, que não são necessariamente limitadas pelo sistema pluripartidário. Como bem se sabe, muitas vezes, o pluripartidarismo mascara o fato de que as decisões sobre os problemas principais do mundo são tomadas unilateralmente por pequenos grupos de interesse, com enorme poder sobre o sistema partidário.
4. Que pretender justificar uma intromissão nos assuntos políticos internos do povo cubano, manipulando midiaticamente o caso de Orlando Zapata - preso comum e de nenhuma maneira preso político -, coincide com as políticas contra insurgentes que estão sendo aplicadas na América Latina para cessar ou distorcer os processos de transformações emancipatórias em curso e se junta ao criminoso bloqueio que foi submetido o povo cubano, simplesmente porque não aceita imposições e defende seu direito de decidir seu destino, com dignidade e independência.
5. Que partilhamos as preocupações manifestadas por parlamentares sobre o respeito pelos direitos humanos em Cuba, mas as estendemos ao mundo todo. Assim como eles se preocupam com o caso do preso comum cubano (que, em 40 anos, não teve nenhum antecedente similar), convidamos a todos para exigir um fim à ocupação de Gaza e a perseguição do povo palestino, que tem causado não uma, mas milhares de mortes; um fim da intervenção no Iraque e no Afeganistão, que semeia morte e terror nas aldeias e cidades; dos bombardeios a esses lugares, com o argumento da defesa da democracia; o fim da dupla ocupação do Haiti; o fechamento da prisão de Guantánamo e entrega do território ao legitimo dono, Cuba; a devolução das Ilhas Malvinas para a Argentina; e, naturalmente, o fim do bloqueio que viola os direitos humanos do povo cubano e que pode pôr em dúvida a qualidade moral de quem exige um tratamento humano para um criminoso, quando nega para toda uma nação.
O assédio econômico e midiático a que está sendo submetido Cuba, mesmo antes da morte do preso comum, Orlando Zapata, constitui um atentado aos direitos humanos e políticos de um povo que decidiu tomar um caminho diferente.
Exigimos respeito aos processos internos do povo cubano para definir e exercer a sua democracia, e, portanto, os princípios universais da não-intervenção acordados pelas Nações Unidas.
Rede em Defesa da Humanidade;
Pablo González Casanova, Víctor Flores Olea, Ana Esther Ceceña.
Tradução: Robson Luiz Ceron/Blog Solidários a Cuba.
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