Revolução Cubana 50 anos | Arte: Gabriela Lucena/Brasil de Fato |
Por José Machado no Blog Sons Percutidos
A revolução cubana, é hoje um assunto gasto, um tema de conversa predefinido, é aparentemente uma "desumana ditadura castrista", a mais evidente prova das consequências comunistas.
Na realidade impingir o epíteto do maior ditador à fase da terra a Castro, é de facto o caminho mais simples, menos pessoal e uma enorme demonstração de falta de informação.
Cuba vive há 50 anos um doloroso processo de revolução socialista, um processo que seria impossível sem o apoio inflexível do povo, que compreende a instabilidade da sua soberania e patriotismo, posto constantemente em causa, pelas inexoráveis ofensivas imperialistas.
O mais longo bloqueio económico, de toda a história da humanidade, que obriga os cubanos a sobreviver dos escassos recursos que dispõe, mantêm-se sobre o pretexto de inseguridade, usando-se de um passado mal contado, tal como o foi a aplicação dos mísseis soviéticos em terras cubanas. Embora o próprio Fidel considere que os mísseis foram um erro, esclarece que foi uma posição defensiva, Cuba na época vivia sobre a tensão de ataques iminentes, planeados pelos norte americanos, tal como aquele que na época estava a ser preparado em Guatemala e tal como posto em prática fora o da Baía dos Porcos. Não foi apenas o bloqueio, foi também o envio de armas e espiões, de barcos piratas na costa cubana, os aviões de espionagem e os aviões que lançavam produtos tóxicos sobre as plantações agrícolas, foi portanto a forte expressão imperialista norte americana, a ditar o fim de um possível vizinho incómodo.
Cuba que acabara de se libertar de uma tirania política, com toda a hegemonia económica norte americana que esta representava, viu à sua frente, o maior desafio de toda a sua história. Inicialmente seguiu com a nacionalização da refinaria norte americana e logo depois com a nacionalização de toda a indústria, com maior relevo, a produção de açúcar, que representava a maior receita do país e, que era anteriormente dominada pelos EUA.
Na realidade o processo das nacionalizações foi bem complicado, os EUA que representavam o maior importador do açúcar proveniente de Cuba, baniram a cota deste produto, como resposta à nacionalização da refinaria, um enorme golpe na economia de Cuba e desde então ficou claro que a revolução cubana iria durar muitos mais anos.
Cuba era economicamente incapaz de desenvolver o socialismo no país sobre tais condições e sem apoios. O apoio da URSS foi fundamental, pois estes compravam açúcar a Cuba pelo triplo do seu preço, entre outras géneros, um apoio imprescindível, porém com fortes consequências com a queda da União Soviética, que levara com ela, o maior apoio que Cuba socialista jamais tivera.
Cuba resistiu todos estes anos, inclusive com um povo muitas vezes armado, que tão facilmente quebraria o regime, que muitos dizem o reprimir. Todo o processo da revolução, que atravessou momentos de incontornável dor, chegou hoje a um estado de esperança, com o apoio de vários países em ponto de viragem, países membros da ALBA, tais como a Venezuela, Equador, Bolívia, entre outros, que provam ao mundo, que o esforço cubano não foi em vão.
Cuba hoje tem 95,7% da população com idade de 15 anos ou superior que sabe ler e escrever, tem os melhores médicos do mundo, taxas muito pequenas de mortalidade inclusive a infantil e tem índices igualmente baixos de consumo de drogas e prostituição. Esta informação é amplamente reveladora, tendo em conta que se trata de um país da América Central e com um bloqueio económico. É evidente que o regime cubano, aplicou esforços incalculáveis para a formação do seu povo.
Uma revolução socialista tem por natureza um percurso de mudança, de forte luta pela igualdade e justiça, factores morais aparentemente ignorados nos países fortemente desenvolvidos, uma justa e igual distribuição de riqueza e um forte desenvolvimento cultural e económico, um percurso doloroso, uma luta contra os interesses imperialistas que insistem em empurrar os países do 3º Mundo para a pobreza.
A exploração desenfreada de recursos naturais, reprime inúmeros povos de vários pontos do mundo, que se vêm obrigados a entregar a sua riqueza aos países desenvolvidos, enfrentando assim a pobreza extrema, a miséria. Os países submetidos
à hegemonia imperialista, têm toda a legitimidade de se revoltarem, contra os exploradores estrangeiros e nacionais, oligarquias que reprimem o povo em troca troca de extensos luxos.
Cuba é um pequeno país de corajosa resistência, um país que resumido ao mínimo, alcançou o que nós jamais alcançaremos com as nossas actuais políticas, um país que merece todo o respeito.
Viva a Revolução Cubana!
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