domingo, 21 de novembro de 2010

Em busca do Gorbachev Cubano

Por Iroel Sánchez
Tradução: Robson Luiz Ceron - Blog Solidários.

Em seu livro "A Queda do Império do Mal", um dos mais famosos "dissidentes" soviéticos para o Ocidente, durante a Guerra Fria, e também um dos analistas mais críticos dos efeitos da perestroika na antiga URSS, Alexandre Zinoviev, disse:

"Um dos efeitos mais poderosos utilizados pelo Ocidente para alcançar a desintegração da sociedade soviética foi a vaidade dos cidadãos soviéticos. Eu chamaria de a tentação pela notoriedade, em que caíram, com uma surpreendente rapidez e decisão, muitas personalidades. O Ocidente aproveitou esta fraqueza dos políticos soviéticos e das personalidades da cultural da mesma forma que, os colonizadores e conquistadores ocidentais aproveitaram a fraqueza dos indígenas norte-americanos para com o álcool. Eles permitem que os índios se viciassem e logo conquistaram vastos territórios e imensas riquezas, em troca da "água de fogo".


"As primeiras pessoas fisgadas nos anzóis da notoriedade foram os dissidentes soviéticos, seguidos por homens da cultura e dos esportes. Os burocratas do partido e do estado não tardaram em invejar esta "fama mundial", e se atiraram sobre a "água de fogo" da notoriedade, disputando espaços com os dissidentes, críticos do regime, escritores, músicos e muitos outros, cujos nomes, até então, saiam na mídia ocidental. Os burocratas superaram aqueles que os precederam, lhes arrancando a bandeira do antisoviétismo e do anticomunismo. Mikhail Gorbachev, chefe do Estado soviético e do PCUS, foi o campeão desta luta pela "água de fogo" da notoriedade, distinguindo-se por sua traição sem precedentes, através de toda classe de honrarias e títulos, como "Homem do Ano" e até mesmo "da década". Por este autêntico auge da fama no Ocidente, Gorbachev havia traído não só o seu povo, senão toda a humanidade... Na verdade foi o que ele fez com seus aliados na Europa e outras regiões. Outros Judas soviéticos de alta crista seguiram Gorbachev: Yakovlev, Shevardnadze e Yeltsin, que no afã desenfreado de colher elogios e notoriedade no Ocidente, tornou-se o principal dos reformadores soviéticos".

Por isso, faz-me sorrir os grandes meios de comunicação da imprensa mundial quando insistem em converter a "atualização do modelo de gestão da economia cubana", em "reformas" e falam das "resistências internas dentro do aparato do partido". Basta jogar os seus anzóis em busca dos Gorbachevs cubanos. Atribuem a liderança revolucionária uma ingenuidade incompatível com os mais de cinqüenta anos de vitoriosa batalha contra o país mais poderoso da planeta. "Se nos elogiam, então teríamos razão para se preocupar", disse o presidente cubano, Raúl Castro, no seu discurso de 01 de agosto de 2010, para a Assembléia Nacional do Poder Popular. Mas os donos da "água de fogo" perseveram, eles não podem fazer outra coisa que atribuir aos demais, suas próprias fraquezas.

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