sexta-feira, 17 de dezembro de 2021

Cônsul de Cuba no Brasil: "Que ditadura arma seu povo?"

Manifestação na Praça da Revolução, em Havana | Foto: @aylinalvarezG/arquivo

Por Sturt Silva 

"No Brasil é costume as pessoas falarem que Cuba é uma "ditadura". O que podemos dizer disso?" Essa foi a pergunta que o jornalista Vitor Ribeiro, membro do Coletivo de Jornalistas e Comunicadores Amigos de Cuba, iniciou a entrevista com o Embaixador e Cônsul de Cuba em São Paulo, Pedro Monzón. 

Para o diplomata cubano, a ideia que Cuba é um "ditadura" foi introduzida no mundo pelos EUA. Em Cuba houve sim uma ditadura, mas antes da Revolução de 1959. Foi no período de Batista (1952-58), tirania apoiado pelos estadunidenses. Com a Revolução Socialista, pela primeira vez na história, o povo cubano foi soberano. 

Conquistas da Revolução 

Pedro Monzón elencou seis pontos para sustentar que a construção do socialismo em Cuba é democrático: 

Reforma agrária – com a Revolução de 1959, o governo deu poder sobre à terra para os camponeses. 

Campanha de alfabetização – Cuba conseguiu erradicar o analfabetismo já nos anos 60, sendo o primeiro país da América Latina a alcançar tal feito. Foi o povo que alfabetizou o resto do povo analfabeto, lembra Monzón. E um governo que alfabetiza o seu povo está dando-lhe poder para que ele decida o destino da Nação. 

Construção de um sistema nacional de educação – A educação cubana é de qualidade e não é só para a elite ou para um grupo, mas sim para todo povo. E é 100%  gratuita e universal. O cubano tem esse direito: da creche à graduação. 

Construção de um sistema de saúde de alto nível – Considerado como modelo para outros países, o sistema de saúde de Cuba desenvolveu a partir dos anos 80 o seu setor da biotecnologia, que é reconhecido internacionalmente, na produção de medicamentos, vacinas e outros fármacos. Cuba pode ser chamada de ilha da saúde

Alto nível de igualdade no acesso às riquezas produzidas –  As desigualdades sociais e econômicas não são críticas, ressalta Monzón. O país é seguro, a criminalidade é mínima e o tráfico de drogas não é um problema social. Não há repressão política, como tem nos países da América Latina e da Europa. O povo cubano, por exemplo, não conhece o que é o gás lacrimogêneo. 

Fim da discriminação racial e de gênero – Para o Embaixador essas discriminações foram eliminadas de forma estrutural e dentro da lei. 

Que ditadura arma seu povo? 

No início da Revolução, o povo cubano recebeu armas e foi treinado para combater uma futura invasão estadunidense, que aconteceu em 1961 e foi derrotada em apenas 72 horas. Que ditadura arma seu povo, indaga o representante do presidente Díaz-Canel no Brasil. Com o tempo as armas passaram a ser tuteladas pelo estado, mas o povo continua sendo treinado militarmente de forma preventiva. 

Solidariedade cubana 

O povo cubano é valente e culto. Também cultiva valores solidários e humanistas, afirma Mozón. 

Cuba revolucionária apoiou a luta em favor da descolonização da África na segunda metade do século XX e, ainda hoje, apoia a soberania dos povos oprimidos e colonizados. 

Durante mais de 60 anos de Revolução, Cuba enviou cerca de 500 mil médicos, de forma voluntária, para dezenas de países. Estima-se que quase dois bilhões de pacientes tiveram contato com os doutores cubanos. Assim como na saúde, a ilha enviou milhares de educadores, conseguindo alfabetizar mais de 10 milhões de pessoas com o método “Sim, Eu Posso”. 

Democracia socialista 

O diplomata cubano defende o caráter democrático do socialismo de seu país. Para ele a democracia cubana não é perfeita, têm seus problemas, que deve ser melhorados e aperfeiçoados, mas dentro do sistema socialista. 

Ele também afirmou que a democracia cubana é bem melhor do que a maioria das democracias que se têm no mundo. 

O Partido Comunista, único, não interferem diretamente nas eleições. O povo é que propõem os candidatos para as eleições, nos bairros, nos Comitês de Defesa da Revolução. Qual quer cidadão cubano com serviços prestado à sociedade pode ser candidato, destaca o diplomata. E é deste processo que se elegem os representantes do povo nas assembleias, no parlamento, etc... 

Os políticos cubanos (vereadores e deputados) não são renumerados, eles continuam com os salários de suas profissões de origem. Assim, como enfatiza Monzón, não há corrupção na política cubana, como vemos na maioria dos países ditos democráticos. 

As eleições são livres e não tem influência do dinheiro. A maioria do povo comparece às urnas de forma voluntária. 

Portanto, chamar Cuba de "ditadura" é uma grande ofensa para o povo soberano de Cuba, embora Pedro Monzón negara que tenha ficado ofendido quando Vitor Ribeiro fez essa provocação. 

Assista na íntegra:

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