Marta Ayala, diretora do Centro de Engenharia, Genética e Biotecnologia de Cuba | Foto: Opera Mundi |
Por Camila Alvarenga no Opera Mundi
No programa 20 MINUTOS INTERNACIONAL desta quinta-feira (10/06), o jornalista Breno Altman entrevistou Marta Ayala Ávila, bioquímica, pesquisadora e diretora geral do Centro de Engenharia, Genética e Biotecnologia de Cuba (CIGB, sigla em espanhol), sobre a produção da Abdala, uma das cinco vacinas cubanas atualmente em desenvolvimento contra Covid-19.
Ela relembrou que Cuba tem uma longa tradição na área de biotecnologia e desenvolvimento de vacinas, o que permitiu ao país "estar numa situação privilegiada, podendo desenhar uma estratégia cubana de combate à covid-19”. Ayala contou que o primeiro centro de desenvolvimento científico cubano na área farmacêutica, o Centro Internacional de Investigações Científicas, foi fundado em 1975.
“Poder desenvolver cinco vacinas é uma conquista da Revolução Cubana, do grande investimento em recursos humanos. Somos um país pequeno, com poucos recursos, bloqueado, então sabemos que temos de encontrar soluções próprias, e temos as condições intelectuais e tecnológicas para isso”, defendeu.
A pesquisadora relatou que, durante a pandemia, o governo coordenou o sistema de saúde com a indústria de biotecnologia do país para atender a população em nível imediato, com testagens e isolamentos localizados, e futuro, com as vacinas. “Essas conquistas só estão sendo possíveis porque somos um país socialista”, reforçou.
Abdala
Das cinco vacinas sendo produzidas em Cuba atualmente, o CIGB é responsável pela Abdala. Esta, junto com a vacina Soberana 02, está em fase três. Isto é, na última etapa, de análise dos resultados dos testes clínicos, antes de poder pedir a aprovação das agências reguladoras para começar a vacinação em massa.
Ayala detalhou as três fases. A primeira consistiu de um estudo clínico com 132 pessoas, aplicando a vacina e o placebo de forma aleatória para verificar sua eficácia. A segunda foi outro teste clínico, com 160 voluntários recebendo a vacina ou o placebo. E a fase três contou com 48 mil indivíduos.
“Atualmente estamos coletando as informações desse grupo. Dependemos agora de que os voluntários da fase três se contagiem com o vírus, testem positivo, para analisar os sintomas que vão apresentar. Quando tenhamos uma amostra significativa, saberemos a taxa de proteção da vacina e poderemos pedir a autorização para começar a aplicá-la”, explicou.
A pesquisadora se mostrou otimista com relação à eficácia da vacina, que não possui carga viral em sua composição, diferentemente de outras como a da AstraZeneca. Por isso, para garantir melhor imunização, a Abdala será aplicada em três doses com períodos de duas semanas entre cada uma.
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