quarta-feira, 27 de setembro de 2017

Evento nos EUA abordou os impactos do bloqueio na saúde cubana

Concluída nos Estados Unidos a 3ª Jornada contra bloqueio contra Cuba
Imagens da jornada | Fotos: Ann Wilcox, José Cabanãs e Int'l Committee 
A 3ª jornada anual contra o bloqueio, ocorrido em Washington - entre os dias 11 e 16 de setembro - , ajudou a “elevar uma nova consciência sobre o impacto negativo que os 56 anos de bloqueio estadunidense provoca na saúde não só dos cubanos, mas também dos estadunidenses”, assinalou Alicia Jrapko, coordenadora nos Estados Unidos do Comitê Internacional Paz, Justiça e Dignidade aos Povos, entidade organizadora da semana de ações.

Não foi fácil. Ainda que o governo de Estados Unidos em última instância tenha liberado vistos para que os convidados cubanos pudessem viajar a Washington para participar (com frequência EUA denega tais vistos, ou os concede após  eventos já terem ocorridos), o furacão Irma afetou a agenda das viagens. Os organizadores viram-se obrigados a cancelar e voltar a reservar várias vezes os voos e os alojamentos antes que a delegação cubana, vencendo tantos obstáculos, finalmente aterrissasse em Washington DC através de Los Angeles – a tempo para participar de uma semana carregada de atividades.

O objetivo da jornada deste ano foi informar às pessoas que vivem nos Estados Unidos sobre o impacto real do bloqueio na saúde de grupos vulneráveis em ambos países.

Os cubanos não podem obter medicamentos necessários e tecnologia médica porque as empresas estadunidenses, incluindo subsidiárias no exterior, não podem vender a Cuba. Ao mesmo tempo, aos cidadãos estadunidenses é negado o direito de adquirir medicamentos desenvolvidos pela indústria farmacêutica cubana, que poderia salvar ou prolongar suas vidas, incluído medicamentos para o tratamento de diabetes e de câncer de pulmão.

Como o momento é de debate sobre o futuro da saúde nos EUA, aproveitou-se a ocasião para "mostrar às pessoas que há outro método melhor para o cuidado de saúde. Apesar de Cuba ser um país pequeno e pobre, o governo tem feito do cuidado com a saúde um direito humano básico para todos os cubanos. O sistema centra-se na atenção primária e preventiva para que os pacientes sejam tratados como pessoas e não como mercadorias”, explicou Jrapko.

Evento defendeu acesso à saúde como direito, não como mercadoria 
Foto: Days of Action Against the Blockade - 2017 
O Dr. Jesús Renó, professor, pesquisador, especialista em oncologia pediátrica e chefe de Pediatria do Instituto Nacional de Oncologia e Radiologia de Havana, chegou a Washington como membro da delegação cubana para explicar as dificuldades diárias impostas pelo bloqueio dos Estados Unidos e os sucessos sobre o enfoque cubano de saúde.

A ele se uniram cinco estadunidenses recém-graduados da conceituada Escola Latino-americana de Medicina (ELAM) em Cuba – Dra. Luzia Agudelo, Dr. Abraham Vela, Dr. Gregory Wilkinson, Dra. Mercedes Charles e Dr. David Lavender – que falaram eloquentemente sobre o que aprenderam sobre medicina, bem como sobre a vida quotidiana em Cuba durante seus sete anos de treinamento. Eles são parte dos 170 graduados estadunidenses da que hoje é a maior escola médica do mundo, com mais de 30.000 vindos de mais de 100 países, sobretudo de países subdesenvolvidos. A escola é única na que os estudantes são capacitados de forma gratuita, só com o compromisso moral de regressar aos seus lares após se graduar e trabalhar em comunidades carentes de atenção de saúde em seus países.

Durante a semana, os médicos estadunidenses uniram-se a ativistas de diferentes partes dos EUA, Suécia e Canadá, e visitaram mais de 40 gabinetes do Congresso para explicar com dados e de maneira fundamentada, através de sua própria experiência, o impacto negativo do bloqueio em ambos países e estimular os senadores e congressistas a assinar uma série de legislações vigentes desenhadas para diminuir o impacto do bloqueio e persuadi-los para votar pelo fim do bloqueio.

Durante a jornada, os graduados da ELAM, junto com o doutor Renó e outros membros da delegação cubana, Leima Martinez Freire da direção do Instituto Cubano de Amizade com os Povos (ICAP) na América do Norte e Yoandrys Ruiz, Primeiro Secretário da União de Jovens Comunista (UJC) da província de Camagüey , falaram em nove eventos diferentes, sete deles em Washington e dois em Maryland.
Jornada foi organizada pelo Comitê Internacional Paz, Justiça e Dignidade aos Povos | Foto: Int'l Committee 
Na segunda-feira, 11 de setembro, após um dia de sessões informativas e oficinas para preparar a semana de visitação ao Congresso, os doutores Renó, Wilkinson e Agudelo, como também Martínez do ICAP, subiram ao palco de Busboys and Poets da cidade de Takoma para um animado intercâmbio frente a uma sala cheia de espectadores.

Na terça-feira, a cena mudou para uma apresentação na Universidade Americana onde Joe Cassidy do Sindicato Nacional de Enfermeiros se uniu ao grupo para falar sobre o que os estadunidenses poderiam aprender de Cuba sobre o cuidado de saúde. A apresentação foi moderada por Heidi Hoechst, do Sindicato Nacional de Enfermeiros. Por sua vez Martínez disse à grande audiência de estudantes e profissionais de saúde que os cubanos “sempre agradecem a nossos amigos norte-americanos por tudo o que fazem para tratar de aliviar o impacto do bloqueio na saúde dos cubanos, mas a verdadeira mudança não ocorrerá até que o Congresso de Estados Unidos finalmente termine o fracassado bloqueio para Cuba”. E essa possibilidade só chegará quando os legisladores sintirem a pressão para fazê-lo. Dali a delegação se dirigiu para a Universidade de Maryland, Colégio Park, para a segunda apresentação do dia. Congressista Barbara Lee surpreendida ao escutar ao Dr. Reno explicar como o bloqueio a Cuba impossibilita conseguir peças para equipamentos médicos.

Na quarta-feira à noite, dentro da Universidade de Howard, a sala ficou pequena ante uma multidão que ocupou todos os assentos disponíveis e os demais tiveram que presenciar o evento de pé. A audiência foi interrompida com aplausos prolongados e entusiastas quando Miguel Fraga, o Primeiro Secretário da Embaixada de Cuba em Washington DC, realizou uma apaixonada defesa da soberania de Cuba e seu direito à autodeterminação. Ele respondia a uma pergunta da audiência durante um animado debate de duas horas e o intercâmbio de ideias moderado por Netfa Freeman, o coordenador de eventos do Instituto de Estudos Políticos e programador de Vozes com Visão da rádio WFW 89.3 FM.

Na quinta-feira, cerca de 200 pessoas chegaram à igreja batista O Calvário em Washington para escutar o Embaixador de Cuba nos Estados Unidos, José Ramón Cabañas, bem como um painel de discussão sobre como os americanos podem aprender sobre o seguro de saúde gratuito e universal com um enfoque humanista. O evento começou com um número musical por parte de Crank LuKongo. Em seguida, Stephen Frum, representante do Sindicato Nacional de Enfermeiros leu uma mensagem de solidariedade. A programação continuou com um painel moderado pelo professor e pesquisador canadense Stephen Kimber. Entre os expositores encontravam-se o Dr. Reno, Leima Martínez, dois graduados da ELAM, e Maragaret Flowers, co-diretora de Resistência Popular.

Na sexta-feira, mais uma vez, outro espaço cheio de estudantes, alguns deles da Escola de Medicina da Universidade de Georgetown, se reuniram para ouvir Dr. Renó e os graduados da ELAM compartilharem suas experiências em primeira mão sobre as formas como se ensina a medicina na ELAM e se pratica em Cuba. Desafiaram os estudantes a pensar para além do sistema de saúde baseado no lucro, que em breve eles enfrentarão.

Dois eventos, com sala cheia, com apresentação “Atrévete a soñar", um poderoso documentário sobre a ELAM realizado pela cineasta Jennifer Wager, pôs fim à semana de atividades na sexta-feira e no sábado em Washington e Maryland respectivamente.

A maioria das apresentações e eventos foram filmados e postados na página do Facebook do Comitê Internacional contribuindo a multiplicar a quantidade de pessoas que puderam ver as diferentes apresentações. Mas de 3.600 pessoas viram os vídeos através da página do face, dos quais 2.000 seguiram o evento na Igreja Batista O Calvário. Os números não incluem as pessoas que compartilharam os vídeos com seus amigos.

Descrevendo a Jornada como um grande sucesso, mas reconhecendo que ainda há muito trabalho pela frente, Jrapko concluiu: “queremos expressar nosso agradecimento a todos os amigos da solidariedade que entenderam o que significa organizar uma Jornada como a de Washington, e ajudaram com a logística de última hora em Los Angeles e também a quem fez doações através dos Estados Unidos, Canadá e Europa.”

A 3ª Jornada contra o Bloqueio foi organizada pelo Comitê Internacional Paz, Justiça e Dignidade aos Povos, com a colaboração do Instituto de Estudos Políticos e apoiada por mais de uma dúzia de entidades dos Estados Unidos, incluindo Sindicato Nacional de Enfermeiros, a maior associação de enfermeiros registrados no país, Associação de Enfermeiros do Estado de Nova York, Cuidado de Saúde-NOW, Associados pela Saúde Global, Saúde sobre Ganhos para Todos, Cuidado de Saúde Revolução, IFCO/Pastores pela Paz, Clínica Martin-Baro, Campanha Trabalhista por Seguro Universal, Projeto Nascimento EUA, Ação Comunitária Pan-África, Coalizão Não Fazer Dano, Organização Mundial pelo Direito dos Povos à Saúde, Rede Nacional de Solidariedade com Cuba (NNOC), Grupo de Trabalho para América Latina e Rádio WPFW de Washington DC.

Fonte: Comitê Internacional.
Versão em português: Cuba Hoy.
Revisão: Sturt Silva.

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