Imagens da jornada | Fotos: Ann Wilcox, José Cabanãs e Int'l Committee |
Não foi fácil. Ainda que o governo de Estados Unidos em última instância tenha liberado vistos para que os convidados cubanos pudessem viajar a Washington para participar (com frequência EUA denega tais vistos, ou os concede após eventos já terem ocorridos), o furacão Irma afetou a agenda das viagens. Os organizadores viram-se obrigados a cancelar e voltar a reservar várias vezes os voos e os alojamentos antes que a delegação cubana, vencendo tantos obstáculos, finalmente aterrissasse em Washington DC através de Los Angeles – a tempo para participar de uma semana carregada de atividades.
O objetivo da jornada deste ano foi informar às pessoas que vivem nos Estados Unidos sobre o impacto real do bloqueio na saúde de grupos vulneráveis em ambos países.
Os cubanos não podem obter medicamentos necessários e tecnologia médica porque as empresas estadunidenses, incluindo subsidiárias no exterior, não podem vender a Cuba. Ao mesmo tempo, aos cidadãos estadunidenses é negado o direito de adquirir medicamentos desenvolvidos pela indústria farmacêutica cubana, que poderia salvar ou prolongar suas vidas, incluído medicamentos para o tratamento de diabetes e de câncer de pulmão.
Os cubanos não podem obter medicamentos necessários e tecnologia médica porque as empresas estadunidenses, incluindo subsidiárias no exterior, não podem vender a Cuba. Ao mesmo tempo, aos cidadãos estadunidenses é negado o direito de adquirir medicamentos desenvolvidos pela indústria farmacêutica cubana, que poderia salvar ou prolongar suas vidas, incluído medicamentos para o tratamento de diabetes e de câncer de pulmão.
Como o momento é de debate sobre o futuro da saúde nos EUA, aproveitou-se a ocasião para "mostrar às pessoas que há outro método melhor para o cuidado de saúde. Apesar de Cuba ser um país pequeno e pobre, o governo tem feito do cuidado com a saúde um direito humano básico para todos os cubanos. O sistema centra-se na atenção primária e preventiva para que os pacientes sejam tratados como pessoas e não como mercadorias”, explicou Jrapko.
Evento defendeu acesso à saúde como direito, não como mercadoria Foto: Days of Action Against the Blockade - 2017 |
O Dr. Jesús Renó, professor, pesquisador, especialista em oncologia pediátrica e chefe de Pediatria do Instituto Nacional de Oncologia e Radiologia de Havana, chegou a Washington como membro da delegação cubana para explicar as dificuldades diárias impostas pelo bloqueio dos Estados Unidos e os sucessos sobre o enfoque cubano de saúde.
A ele se uniram cinco estadunidenses recém-graduados da conceituada Escola Latino-americana de Medicina (ELAM) em Cuba – Dra. Luzia Agudelo, Dr. Abraham Vela, Dr. Gregory Wilkinson, Dra. Mercedes Charles e Dr. David Lavender – que falaram eloquentemente sobre o que aprenderam sobre medicina, bem como sobre a vida quotidiana em Cuba durante seus sete anos de treinamento. Eles são parte dos 170 graduados estadunidenses da que hoje é a maior escola médica do mundo, com mais de 30.000 vindos de mais de 100 países, sobretudo de países subdesenvolvidos. A escola é única na que os estudantes são capacitados de forma gratuita, só com o compromisso moral de regressar aos seus lares após se graduar e trabalhar em comunidades carentes de atenção de saúde em seus países.
Durante a semana, os médicos estadunidenses uniram-se a ativistas de diferentes partes dos EUA, Suécia e Canadá, e visitaram mais de 40 gabinetes do Congresso para explicar com dados e de maneira fundamentada, através de sua própria experiência, o impacto negativo do bloqueio em ambos países e estimular os senadores e congressistas a assinar uma série de legislações vigentes desenhadas para diminuir o impacto do bloqueio e persuadi-los para votar pelo fim do bloqueio.
Durante a jornada, os graduados da ELAM, junto com o doutor Renó e outros membros da delegação cubana, Leima Martinez Freire da direção do Instituto Cubano de Amizade com os Povos (ICAP) na América do Norte e Yoandrys Ruiz, Primeiro Secretário da União de Jovens Comunista (UJC) da província de Camagüey , falaram em nove eventos diferentes, sete deles em Washington e dois em Maryland.
Jornada foi organizada pelo Comitê Internacional Paz, Justiça e Dignidade aos Povos | Foto: Int'l Committee |
Na segunda-feira, 11 de setembro, após um dia de sessões informativas e oficinas para preparar a semana de visitação ao Congresso, os doutores Renó, Wilkinson e Agudelo, como também Martínez do ICAP, subiram ao palco de Busboys and Poets da cidade de Takoma para um animado intercâmbio frente a uma sala cheia de espectadores.
Na terça-feira, a cena mudou para uma apresentação na Universidade Americana onde Joe Cassidy do Sindicato Nacional de Enfermeiros se uniu ao grupo para falar sobre o que os estadunidenses poderiam aprender de Cuba sobre o cuidado de saúde. A apresentação foi moderada por Heidi Hoechst, do Sindicato Nacional de Enfermeiros. Por sua vez Martínez disse à grande audiência de estudantes e profissionais de saúde que os cubanos “sempre agradecem a nossos amigos norte-americanos por tudo o que fazem para tratar de aliviar o impacto do bloqueio na saúde dos cubanos, mas a verdadeira mudança não ocorrerá até que o Congresso de Estados Unidos finalmente termine o fracassado bloqueio para Cuba”. E essa possibilidade só chegará quando os legisladores sintirem a pressão para fazê-lo. Dali a delegação se dirigiu para a Universidade de Maryland, Colégio Park, para a segunda apresentação do dia. Congressista Barbara Lee surpreendida ao escutar ao Dr. Reno explicar como o bloqueio a Cuba impossibilita conseguir peças para equipamentos médicos.
Na quarta-feira à noite, dentro da Universidade de Howard, a sala ficou pequena ante uma multidão que ocupou todos os assentos disponíveis e os demais tiveram que presenciar o evento de pé. A audiência foi interrompida com aplausos prolongados e entusiastas quando Miguel Fraga, o Primeiro Secretário da Embaixada de Cuba em Washington DC, realizou uma apaixonada defesa da soberania de Cuba e seu direito à autodeterminação. Ele respondia a uma pergunta da audiência durante um animado debate de duas horas e o intercâmbio de ideias moderado por Netfa Freeman, o coordenador de eventos do Instituto de Estudos Políticos e programador de Vozes com Visão da rádio WFW 89.3 FM.
"#Cuba sí, bloqueo no", demandan en #EEUU #NoMasBloqueo #JornadavsBloqueo #DaysofAction https://t.co/wtZYcqYPG4 pic.twitter.com/swdQEJlrnr— José Ramón Cabañas (@JoseRCabanas) 15 de setembro de 2017
Na sexta-feira, mais uma vez, outro espaço cheio de estudantes, alguns deles da Escola de Medicina da Universidade de Georgetown, se reuniram para ouvir Dr. Renó e os graduados da ELAM compartilharem suas experiências em primeira mão sobre as formas como se ensina a medicina na ELAM e se pratica em Cuba. Desafiaram os estudantes a pensar para além do sistema de saúde baseado no lucro, que em breve eles enfrentarão.
Dois eventos, com sala cheia, com apresentação “Atrévete a soñar", um poderoso documentário sobre a ELAM realizado pela cineasta Jennifer Wager, pôs fim à semana de atividades na sexta-feira e no sábado em Washington e Maryland respectivamente.
A maioria das apresentações e eventos foram filmados e postados na página do Facebook do Comitê Internacional contribuindo a multiplicar a quantidade de pessoas que puderam ver as diferentes apresentações. Mas de 3.600 pessoas viram os vídeos através da página do face, dos quais 2.000 seguiram o evento na Igreja Batista O Calvário. Os números não incluem as pessoas que compartilharam os vídeos com seus amigos.
Descrevendo a Jornada como um grande sucesso, mas reconhecendo que ainda há muito trabalho pela frente, Jrapko concluiu: “queremos expressar nosso agradecimento a todos os amigos da solidariedade que entenderam o que significa organizar uma Jornada como a de Washington, e ajudaram com a logística de última hora em Los Angeles e também a quem fez doações através dos Estados Unidos, Canadá e Europa.”
A 3ª Jornada contra o Bloqueio foi organizada pelo Comitê Internacional Paz, Justiça e Dignidade aos Povos, com a colaboração do Instituto de Estudos Políticos e apoiada por mais de uma dúzia de entidades dos Estados Unidos, incluindo Sindicato Nacional de Enfermeiros, a maior associação de enfermeiros registrados no país, Associação de Enfermeiros do Estado de Nova York, Cuidado de Saúde-NOW, Associados pela Saúde Global, Saúde sobre Ganhos para Todos, Cuidado de Saúde Revolução, IFCO/Pastores pela Paz, Clínica Martin-Baro, Campanha Trabalhista por Seguro Universal, Projeto Nascimento EUA, Ação Comunitária Pan-África, Coalizão Não Fazer Dano, Organização Mundial pelo Direito dos Povos à Saúde, Rede Nacional de Solidariedade com Cuba (NNOC), Grupo de Trabalho para América Latina e Rádio WPFW de Washington DC.
Fonte: Comitê Internacional.
Versão em português: Cuba Hoy.
Revisão: Sturt Silva.
Fonte: Comitê Internacional.
Versão em português: Cuba Hoy.
Revisão: Sturt Silva.
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