O presidente de Cuba, Raúl Castro, disse ontem (28) na Costa Rica que a normalização das relações entre Cuba e Estados Unidos não será possível enquanto persistir o bloqueio econômico, comercial e financeiro imposto por Washington contra Havana, além da resolução de outras questões.
Segundo Raúl Castro, o estabelecimento de relações diplomáticas é o início de um processo para a normalização das relações bilaterais. Mas a normalização só virá com o fim do bloqueio, com a devolução do território ilegalmente ocupado pela Base Naval de Guantânamo, e com o término das transmissões de rádio e televisão com provocações, transmissões estas que violam as normas internacionais. Raúl também exige uma compensação “justa para o nosso povo pelos danos humanos e econômicos que sofreu”.
Houve avanços
Falando na Terceira Cúpula da Comunidade de Estados Latino-americanos e do Caribe (CELAC), que acontece na cidade de San José, capital da Costa Rica, o presidente cubano também afirmou que se estes problemas não se resolvem, esta reaproximação diplomática entre Cuba e Estados Unidos fica sem sentido. Além disso, disse ele, não se pode esperar que Cuba se comprometa a negociar questões levantadas que digam respeito a assuntos internos, absolutamente soberanos.
“O presidente Barack Obama”, disse Raúl, “poderia usar seu extenso poder como chefe do executivo para modificar substancialmente o alcance do bloqueio, o que está em suas mãos fazer mesmo sem a decisão do Congresso".
Raul Castro declarou ainda que houve avanços na negociação recente “porque nos tratamos uns aos outros com respeito, como iguais”. Os progressos que virão devem ser nesta base, afirmou.
"Não abriremos mão de um só de nossos princípios"
“Como já disse repetidamente”, falou o líder cubano, “Cuba e Estados Unidos devem aprender a arte da convivência civilizada baseada no respeito pelas diferenças entre os dois governos e na cooperação em áreas de interesse comum visando contribuir para a resolução dos desafios enfrentados pelo hemisfério e o mundo”.
Mas, adverte o presidente cubano, não se deve para isso pretender fazer Cuba renunciar aos seus ideais de independência e justiça social. “Cuba não abrirá mão de um só de nossos princípios nem vamos ceder um milímetro na defesa da soberania nacional”.
Não vamos pedir, nem aceitar qualquer pretensão de nos aconselhar ou pressionar sobre os nossos assuntos internos, declarou, acrescentando “que nós ganhamos este direito soberano com grande sacrifício e ao preço dos maiores riscos”.
O presidente cubano também questionou: “como se podem restabelecer as relações diplomáticas sem reiniciar os trabalhos da seção de interesses de Cuba e seu escritório consular em Washington, cortados como consequência do bloqueio financeiro? Assim também, como explicar o restabelecimento de relações diplomáticas sem que se retire Cuba da lista de Estados patrocinadores do terrorismo internacional? Qual será, de agora em diante, a conduta dos diplomatas estadunidenses em Havana a respeito da observância das normas que estabelecem as convenções internacionais para as relações diplomáticas e consulares?”.
Finalizou Raul dizendo que “a situação atual abre, modestamente, uma oportunidade ao hemisfério de encontrar novas e superiores formas de cooperação que sejam condizentes com as duas Américas” e acrescentou que isso “iria resolver problemas urgentes e abrir novos caminhos”.
Tradução: Wevergton Brito Lima.
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