sábado, 14 de junho de 2014

Maceo e Che conectam o processo libertário cubano


Por Andrés Gómez na TeleSUR/Tradução do Diário Liberdade

As lutas do povo cubano para conquistar e manter sua independência e a construção de uma sociedade mais justa têm uma data que conecta o processo libertador do século XIX, o das nossas guerras pela independência da Espanha, e o processo revolucionário atual.

Esse feriado nacional é o 14 de junho, quando esse heroico povo celebra os nascimentos do Major-General Antonio Maceo em 1845, em Santiago de Cuba, que completaria 174 anos, e o de Ernesto Guevara, o Che, em 1928 em Rosário (Argentina), que completaria 86 anos este ano.

A razão deste modesto texto é para que sirva de recordação a toda pessoa de boa vontade, neste mundo tão agitado e de possibilidades de comunicações instantâneas que nos oprimem, sobre as extraordinárias contribuições ao bem da humanidade destes dois seres excepcionais, Antonio Maceo e Ernesto Guevara.


Ainda que muito se saiba sobre a vida e as contribuições de ambos os protagonistas dirigentes revolucionários à liberdade e à justiça, sempre é necessário insistir nas mesmas para não esquecer e para render-lhes merecido tributo que são necessidades urgentes.

Tive o privilégio de estar presente em outubro de 1997 quando os restos do Che e de seis dos seus companheiros da guerrilha na Bolívia entraram na Praça da Revolução da cidade de Santa Clara, a qual leva o nome do Guerrilheiro Heroico, para serem depositados no mausoléu construído para eles nessa mesma praça, depois de haver ficado sepultados por 30 anos em Vallegrande, Bolívia.

Fidel, em um inesquecível discurso, os recebeu em nome de todos dizendo: "Não viemos nos despedir do Che, mas recebê-lo (...) como um reforço, um destacamento de homens invencíveis que chegam para lutar (...) obrigado Che por tua vida e exemplo, obrigado por vir nos reforçar nesta difícil luta que estamos travando hoje para salvar as ideias pelas quais tanto lutamos, para salvar a Revolução e as conquistas do socialismo, e resistir ao Bloqueio (...) os que te mataram não souberam compreender que seguiria sendo sempre o símbolo dos pobres desta Terra".

Símbolo dessas mesmas ideias e abnegação é o que foi o Tenente-General do Exército Libertador de Cuba, o Major-General Antonio Maceo. A Maceo, por ser negro, lhe correspondeu, também, uma luta dentro das mesmas filas dos independentistas, especialmente com os principais líderes do independentismo, contra o racismo, assunto vital que se agravava por Maceo, junto com o General-em-Chefe, o Major General Máximo Gómez, e José Martí, defenderem as ideias mais radicais, mais justas, tanto na guerra como na construção de uma sociedade mais justa e livre na paz, uma vez alcançada a independência.

Artífice, pelo respeito ganhado durante a Guerra Grande, entre os soldados e chefes do Exército Libertador, do Protesto de Baraguá, realizou depois, durante a Guerra da Independência, iniciada em 24 de fevereiro de 1995, ações de inimaginável valor e perícia militar.

Nomeado Chefe da Coluna Invasora, o General Maceo junto com o General-em-Chefe, Máximo Gómez, realizaram uma épica campanha militar, a Invasión. O General Gómez já havia partido com centenas de soldados para Las Villas, quando em 22 de outubro de 1895, 17 anos depois do Protesto de Baraguá, partiu o General Maceo deste mesmo lugar, Mangos de Baraguá, à frente de 1.500 soldados. Menos de um mês depois, ao fazer uma recontagem de armas e munições, o General Maceo comprovou que seus soldados contavam com uma média de duas cápsulas por combatente, apenas.

A campanha da Invasión se estendeu por 92 dias, durante os quais o Exército Libertador percorreu cerca de 1.800 km, lutou 27 combates, ocupou 22 povoados importantes. Cumpriu seus principais objetivos: levar a guerra a todos os pontos do país, colocar armas nas mãos de milhares de patriotas, e fortalecer material e moralmente a luta pela independência. A magnitude da façanha militar e política se faz mais extraordinária ao considerar que as forças militares cubanas nunca ultrapassaram os 4.500 soldados, sendo um terço sempre desarmado, contra um total de 180.000 soldados e 42 generais espanhóis que se puseram em seu caminho, contando com boas armações de acampamentos e trilhas, um excelente sistema de comunicações e dispondo das armas mais modernas e ilimitado número de munições. Batalhas campais como El Naranjo, Mal Tiempo e Coliseo nas quais triunfaram as armas cubanas decidiram a renúncia ao seu comando do Capitão-General espanhol, Arsenio Martínez Campos, General-em-Chefe do exército colonial em Cuba. É algo inacreditável, mas foi assim e ainda mais incrível.

Escreveu o General José Miró Argenter, Chefe do Estado-Maior do General Maceo durante a campanha da Invasión, sobre a tarde daquele 22 de janeiro de 1896, ao entrar o exército cubano no povoado de Mantua na zona mais ocidental da Ilha, na província de Pinar del Río, três meses depois, no dia da saída da Coluna Invasora de Mangos de Baraguá, no Oriente, rompendo as até então férreas ataduras do regionalismo, começando a assentar as bases de nossa nacionalidade:

"Ao chegar aos confins do Ocidente, tocando os sinos da Paróquia de Mantua, ainda vinham na Coluna Invasora homens da Sierra Maestra, de Bayamo, de Santiago de Cuba, de Manzanillo, de Holguín, de Mayarí, de Guantánamo e Baracoa. Que prodígio! Apenas Maceo, primeiro soldado da América... unicamente ele, batalhador audaz, capitão intrépido, soldado incansável, sempre à frente, podia abrir o caminho da vitória, e impor sua autoridade indiscutível a esses homens da serra de Guantánamo e dos pinheiros de Mayarí, selvagens e bravos como os picos daqueles montes."

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