sexta-feira, 25 de abril de 2014

Festival de "Cinema Pobre", o caminho para uma melhor filmografia

Da Prensa Latina

A partir desta sexta-feira 25 de abril até o dia 27, a legendária cidade cubana de Gibara, a 791 quilômetros desta capital, vestirá seus melhores trajes de gala para receber a XI edição do Festival de Cine Pobre.

Fundado pelo desaparecido cineasta Humberto Solás, o evento surgiu para dar reconhecimento à boa filmografia que é feita com poucos recursos.

E ainda que quando Solás morreu a continuidade do festival tenha ficado por um fio, hoje o realizador Lester Hamlet contribui com novos ares à festividade.

"O cinema pobre, se não define o caminho para você, ao menos te mostra um [caminho] pelo qual você consegue contar a história que está na sua cabeça, te atormentando, como uma maneira de poder contar ao ser humano quem somos, o que fazemos, do que estamos feitos...", disse Hamlet à Prensa Latina.

O destacado cineasta afirmou que esse jeito de fazer cinema, herdada de Solás, é "uma prática do exercício da criação através de apostas muito pessoais, estéticas, conceituais, econômicas e com riscos de todo tipo".

Segundo Hamlet, "quando consegue transitar todo esse espaço, sente uma alegria muito grande, porque muito de sua vida você deixa no processo".

Conhecido por seus filmes 'Casa Vieja' (Casa Velha), 'Tres veces dos' (Três vezes dois) e Fábula, o jovem criador sente que essa maneira de fazer [cinema] contribui com mais intimidade, aventura, maior entrega, muito trabalho, aprendizagem e dedicação quotidiana para sua realização profissional.

"Ao contrário de outro tipo de produção, há mais nudez, mais paixão, mais responsabilidade porque está em jogo mais que sua vida como criador, o social, porque você coloca tudo em jogo, arrisca tudo por um sonho", destacou.

Para esta XI edição, foram inscritas 208 obras, mas só foram selecionadas 47 entre vide-oarte, curtas, longas e documentários.

Além disso, estrearão 11 curtas filmados durante a edição anterior, haverá o tradicional espaço teórico e um tributo ao patrimônio culinário dessa vila do oriente cubano.

O festival homenageará a atriz Luisa María Jiménez, de quem serão exibidas fotografias tomadas pelo catalão Pedro Coll, quem "captou sua alma" segundo a artista.

Também será apresentada uma retrospectiva com a obra do realizador Jorge Molina e exposições fotográficas sobre o recém falecido trovador Santiago Feliú.

GIBARA, UM TEMPLO CINEMATOGRÁFICO

Para contrastar com a magia que representa fazer cinema bom com poucos recursos, a cidade de Gibara em Holguín se ergue como templo cinematográfico onde realizadores e fãs se unem em debates e projeções.

"Indiscutivelmente Gibara é um lugar mágico, muita razão tinha Humberto quando a descobriu para seu cinema, quando rodou aí alguns dos filmes com os quais crescemos e aprendemos a emoção da família, do amor", apontou Hamlet.

Sobre a realização do encontro nessa sede, comentou que "o mais lindo de Gibara é sua gente, a defesa que fazem do festival, a maneira que o cuidam, protegem, apreciam, acolhem, recebem e esperam".

Além da bênção geográfica, essa cidade e seu povo me impactam pela "maneira de adorar, conservar e preservar o amor e o respeito por Humberto, essa maneira de se saber dona dessa tradição cinematográfica", confessou.

PADRÕES DO CINEMA POBRE NO FILME DE LESTER HAMLET

Dois atores e apenas uma locação serão usados por Hamlet em seu próximo filme que chamará 'Ya no es antes' (Já não é antes), uma versão da peça teatral Weekend in Bahia, de Alberto Pedro.

O filme começará a ser rodado em maio com a participação de Violeta Rodríguez e Hugo Reyes, que encarnarão os papéis de Mayra e Esteban, protagonistas da trama de noventa minutos em tempo real e contará com pouca estrutura de cenografia.

O cineasta declarou a meios de imprensa que "duas pessoas, uma placa em branco e promessas que precisam se confirmar", é a síntese do filme, que talvez possa ser exibido no XII Festival de Cine Pobre de Gibara.

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