segunda-feira, 26 de agosto de 2013

'Não exportamos médicos, e sim serviços de saúde', diz vice-ministra cubana

Segunda Marcia Cobas, ilha tem 48 mil profissionais trabalhando solidariamente em 58 países. 'Queremos trabalhar em comunhão com médicos brasileiros, e não ocupar o lugar deles', diz
'Cuba não mercantiliza e presta serviços gratuitos ao Haiti e a países da África', disse vice-ministra
Por Sarah Fernandes, da RBA 

A vice-ministra de Saúde de Cuba, Marcia Cobas, afirmou hoje (26), durante a abertura do curso de treinamento de médicos estrangeiros, em Brasília, que os profissionais cubanos que participam de missões estrangeiras, incluindo o Brasil, o fazem por solidariedade e não por salários altos.

“Cuba não mercantiliza e presta serviços gratuitos ao Haiti e a países da África. Temos mais de 700 profissionais no Haiti que trabalham de maneira solidária e internacionalista”, disse.

Segundo ela, pelo menos 48 mil médicos cubanos atendem em missões em 58 países, incluindo China, Catar, Argélia, México e agora Brasil. “Nosso país prestou uma grande atenção à solicitação da Organização Pan-Americana (Opas) de Saúde para vir ao Brasil. Não exportamos médicos, exportamos serviços de saúde”, disse. “São profissionais graduados há mais de 16 anos e com experiência em missões no exterior. Não na Europa, mas em países muito pobres.”

“Cuba, como todos sabem, é um país pobre, sem grandes recursos naturais, e é um país bloqueado. Seu recurso mais apreciado somos nós, homens e mulheres que há mais de 50 anos nos preparamos para oferecer serviços de qualidade ao povo que precise”, afirmou. “Trabalhamos sob o princípio da solidariedade. Sem esse espírito não estaríamos no Haiti e na África.”

Ao contrário dos demais contratados pelo programa Mais Médicos, os cubanos não receberão o salário integral de R$ 10 mil, o que tem sido alvo de críticas de entidades da classe médica. Eles ganharão em torno de R$ 4.000 ao mês e o restante será repassado pela Opas para o governo de Cuba, que, por sua vez, repassará uma parte às famílias dos profissionais e outra parte ao sistema público e gratuito de saúde.

“Nossos médicos vêm prestar serviços, tendo garantia de emprego em Cuba quando regressarem, recebendo 100% de seu salário. Além disso, suas famílias têm proteção social e solidariedade enquanto eles trabalham no Brasil”, disse. “Nossa história e nosso povo sempre foram solidários. Queremos trabalhar em comunhão com médicos brasileiros, e não ocupar o lugar deles. Queremos ir aos lugares onde necessitem. Queremos aprender e dividir.”

Dos 644 profissionais estrangeiros que chegaram ao país desde sexta-feira (23), 400 são de Cuba. Outros 3.600 profissionais cubanos devem chegar ao Brasil até o final do ano, pelo Mais Médicos. O programa foi instituído pela presidenta Dilma Rousseff dentro do pacto de melhoria do atendimento aos usuários do Sistema Único de Saúde (SUS), que inclui ainda investimentos em infraestrutura de unidades de saúde.

Os profissionais brasileiros têm prioridade no preenchimento das vagas. As remanescentes são oferecidas primeiramente aos brasileiros graduados no exterior e em seguida aos estrangeiros. Os médicos com diplomas de fora do Brasil vão atuar com autorização profissional provisória, restrita à atenção básica e às regiões pertencentes ao programa.

A primeira edição do Programa Mais Médicos selecionou 1.618 profissionais para atuar em 579 postos da rede pública em cidades do interior do país e periferias de grandes centros. Os selecionados correspondem a 10,5% dos 15.460 profissionais necessários, segundo demanda apresentada pelos municípios.

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