sexta-feira, 15 de julho de 2011

Acerca dos encontros de blogueiros, twiteiros... cubanos!

Os diversos rostos por trás da @
por Dalia Acosta
Fonte: IPS

Havana, Cuba, 6/7/2011, (IPS) - “Quero conhecer @salvatore300 e @elainediaz2003”, se ouviu no primeiro encontro em Cuba de integrantes de redes sociais, #TwittHab.

Após anos conectados na internet, o incipiente espaço da cidadania deste país nesse ambiente demonstra a possibilidade de contato no mundo real.

“Podem ser organizados encontros e reuniões sociais espontaneamente sem a tutela das instituições cubanas. São realizadas e nada acontece: não há que ter medo”, disse à IPS Rogelio M. Díaz, autor do blog Bubusopia, e um dos participantes de uma incomum “jornada twitteira” iniciada em Cuba no dia 1º deste mês.


As tensões políticas entre o governo cubano e seu inimigo histórico, os Estados Unidos, e os atritos contínuos com os grupos da dissidência política interna, que também se manifestam em blogs e redes sociais, criam uma atmosfera complexa ao redor de projetos deste tipo.

Entretanto, na tarde de 1º de julho, na central esquina das ruas 23 e 12 em Havana, cerca de 35 rostos, em sua maioria jovens, e outros nem tanto, saíram em “busca da @”, como dizia um dos cartazes criados para o encontro, convocado por Leunam Rodríguez, administrador do Portal da Rádio Cubana.

O encontro, um dos três ocorridos apenas na tarde do dia 1º na capital cubana, teve repercussão na província oriental de Holguín e gerou vários encontros “para continuar conversando e se conhecendo”, em centros culturas e noturnos de Havana durante todo o final de semana passado, disse Rodríguez à IPS.

A ideia inicial surgiu em meados de junho e fluiu rapidamente por meio de blogs e redes sociais como Twitter e Facebook. O objetivo do encontro “real e amistoso” era ter a oportunidade de conhecer os diversos rostos e as diversas formas de pensar que se escondem por trás de identidades virtuais como @alondraM e @cuba1erplano.

Sem uma agenda planejada e apenas com o desejo de intercambiar, da originalidade de estudantes universitários, jornalistas, blogueiros e profissionais da informática, nasceram cartazes e cartões de apresentação, onde se conjugou a visualidade do Twitter com símbolos cubanos, como o tocororo, a ave nacional.

“Vá em busca da @ agora” e “Quero te conhecer” foram os chamados que circularam no ciberespaço. Porém, pessoas alheias à organização e alguns meios de comunicação de fora de Cuba politizaram as intenções da reunião amistosa e de socialização, segundo observadores.

“No final, era apenas um grupo de jovens que queriam se encontrar e se conhecer. Não está nem minimamente no terreno da política”, garantiu à IPS a blogueira e psicóloga Sandra Álvarez, que está no Twitter como @negracubana, e participou do encontro na esquina das ruas 23 e 12.

Para Elaine Díaz, autora do blog La Polémica Digital, a desnecessária politização faz com que “sejam distorcidos os objetivos da iniciativa em seu princípio”. Um dia antes do #TwittHab, Leunam Rodríguez anunciou uma mudança da sede para o Pavilhão Cuba, no central bairro do Vedado, na capital.

Este local, da não governamental Associação Hermanos Saíz, ofereceu computadores com acesso à internet para a atividade, e lá estiveram o principal organizador, integrantes da Jovem Cuba e representantes da autodenominada blogosfera alternativa cubana.

Horas mais tarde, representantes das duas sedes se dirigiram ao parque do teatro Amadeo Roldán para discutir em conjunto a questão da comunicação e o desejo de contar com uma conexão melhor e com mais internautas no país, que seria possível graças à instalação de um cabo de fibra ótica com apoio da Venezuela.

Quase cem pessoas, que estiveram tanto no Pavilhão Cuba como na esquina das ruas 23 e 12, realizaram o sonho coletivo de “se conhecer e trocar experiências”. Cada um, com seu cartão de participação, foi se apresentando em um vídeo artesanal que estará disponível no Youtube.

Neste terceiro espaço surgido espontaneamente fluiu o diálogo e um debate sobre diversas preocupações, entre elas como conseguir a inclusão, sem importar a cor política, dos que desde Cuba oferecem sua visão individual por meio de redes sociais. “Não preciso de apresentação: sou o pai do Twitter em Cuba”, disse para a câmera Roger Trabas, #roger213tm.

Trabas foi o segundo cubano que, no começo de 2008, entrou nessa rede social, onde se encontram pessoas “que vivem no mundo e outras que querem mudá-lo”, concordou o grupo assistente.

Apenas 2,9% dos cubanos ouvidos em uma pesquisa feita em 2010 pelo Escritório Nacional de Estatísticas (ONE) em cerca de 38 mil lares em todo o país disseram ter navegado pela internet em 2009. Desse total, 59,9% o fez de seus centros de estudo, 7,4% do trabalho e 5,9% de casa. Envolverde/IPS (FIN/2011)

Nenhum comentário:

Postar um comentário