Com amplo atendimento a mães, Cuba tem queda na mortalidade infantil
Fonte: Estadão
Segundo Unicef, mortalidade infantil caiu em 2010 para 4,5 em cada mil nascidos
A mortalidade infantil em Cuba caiu em 2010 para 4,5 em cada mil bebês nascidos, uma média bem abaixo do resto da América Latina, um desempenho creditado ao amplo acompanhamento de gestantes propiciado pelo sistema de saúde local, apesar das dificuldades econômicas do país.
Na América Latina, segundo o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), a proporção de mortalidade infantil é de 19 para cada mil.
O sistema de saúde cubano, que é universal e totalmente gratuito, garante às gestantes um acompanhamento que dura do momento em que a gravidez é constatada até vários meses depois do nascimento do bebê.
Com isto, 99% dos nascimentos em Cuba ocorrem em centros hospitalares, com acompanhamento médico.
Todas as grávidas cubanas são controladas periodicamente pelo médico de família ou no centro policlínico do bairro. Se algum problema é constatado nos nove meses de gestação, a mulher é levada a um centro especializado.
O médico Alexei Capote dirige um destes centros, a Maternidade Leonor Pérez, no bairro histórico Havana Velha, onde estão 110 gestantes - metade das quais recebem atendimento ambulatório, enquanto as restantes estão internadas.
Estas maternidades surgiram nos anos 60, perto de hospitais, nas quais camponesas passavam os momentos finais de gestação. Este foi o primeiro passo para que todos os partos ocorressem com assistência médica.
Capote afirma que hoje o perfil destes locais foi ampliado, para que recebessem todos os casos em que se detecta algum tipo de problema como malformação, baixo peso da mãe ou do bebê e todos os casos de gravidez múltipla.
Segurança
Bárbara Herrera, 27 anos, mora perto de Havana Velha e está internada na maternidade porque os médicos temem que seu filho seja superdesenvolvido. "Já tive um parto anteriormente e meu bebê pesou quase 6 kg", diz a mãe.
Ela afirma que se sente segura no centro de atendimento. "Não há nenhum risco. Sei que, para qualquer coisa que aconteça, tenho os médicos e as enfermeiras para me atender na hora", diz Bárbara.
Yalorde Maikel López diz estar satisfeita com o atendimento na maternidade
A camareira Yalorde Maikel López, 19 anos, está internada porque os médicos perceberam que ela e o feto têm problemas de peso. "Detectaram isto quase desde o início da gravidez", diz a gestante.
Ela afirma que está satisfeita na maternidade. "Sou muito bem atendida e não sinto nenhum perigo", diz ela, que chegou ao local vomitando e com desnutrição. "Já engordei bastante, entrei com 35 kg e estou nos 45 agora".
Histórico
Quando as futuras mães são levadas ao hospital, levam consigo um histórico que permite aos médicos saber que problemas elas podem ter, além de preparar as condições para resolvê-los, incluindo os cuidados neonatais.
O médico Eduardo Morales é responsável pelo serviço de terapia intensiva neonatal do Hospital William Soler, o maior estabelecimento pediátrico de Cuba.
"Esta especialidade é muito importante porque nunca um ser humano tem tanto risco de morrer como nesta etapa da vida", afirma.
A sala de terapia conta com incubadoras e outros equipamentos adquiridos há dois anos no Japão. Os médicos desconhecem os custos e afirmam que sua missão é salvar vidas.
Eles dão como exemplo o menino Jorge Batista, que recebeu um medicamento que custa US$ 1.000 a ampola.
O médico Eduardo Díaz, chefe do Comitê de Óbitos do hospital, afirma que, embora recebam casos graves de todo país, a mortalidade é de 8,3%, principalmente por deficiências hepáticas e malformações congênitas.
"Cada criança que morre é estudada desde a sua concepção até o momento do óbito", afirma Díaz. "Há uma comissão em cada hospital, em nível provincial e até nacional. Se analisa cada caso em busca de erros no atendimento ".
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