Foi tão impactante a reportagem da jornalista Gladys Rubio sobre a epidemia de cólera no Haiti, publicada na "Mesa Redonda" de ontem, que decidi adiar para hoje, quarta-feira (29) a Reflexão que anunciei na segunda-feira (27). A mesma se propunha analisar, a partir de outro ângulo, o dramático golpe que significou para o povo haitiano o terremoto de 12 de janeiro deste ano, ao que se seguiu, em menos de 10 meses, uma epidemia generalizada de cólera e um furacão.
Tais fatos tinham lugar em um país que tinha sido vítima dos conquistadores, do colonialismo e da escravidão. Sua população autóctone havia sido eliminada pela conquista e pela busca forçosa de ouro.
A nação haitiana tem como raiz as centenas de milhares de seres humanos arrancados da África pelos comerciantes europeus de escravos, e vendidos aos agricultores escravistas do Haiti para produzir café, açúcar e outras mercadorias tropicais com as quais abastecer os emergentes mercados capitalistas.
O povo do Haiti protagonizou, nos primeiros anos do Século 19, a primeira revolução social na história deste hemisfério; foi fonte de inspiração e ponto de apoio em armas para os que levaram a cabo a proeza de libertar a América do Sul do domínio espanhol.
Nossa solidariedade com o povo do Haiti tem dupla raiz: nasce de nossas ideias, mas também de nossa história.
Depois da revolução social que ali teve lugar, o colonialismo espanhol converteu Cuba, onde também incontáveis africanos tinham sido arrancados da África e vendidos como escravos, na principal fornecedora de café, açúcar e outros produtos tropicais.
Como consequência desse processo, quando as colônias espanholas das Américas do Sul e Central se tornaram independentes em cruenta e heróica luta, a colônia cubana aportava à metrópole espanhola mais receitas líquidas que o conjunto daqueles países antes de que os mesmos se tornassem independentes, um fato que influiu decisivamente no destino de nossa Pátria ao longo de quase dois século que transcorreram posteriormente.
Há dois dias explicava como surgiu a cooperação médica com o Haiti, a qual nos levou à formação de centenas de jovens médicos desse país irmão e ao envio de uma força de profissionais cubanos da saúde. Não se trata de algo que surgiu por acaso.
Tampouco nos surpreendem os esforços dos Estados Unidos e da Europa por desinformar, ocultar e mentir sobre os motivos da conduta de Cuba.
Um conhecido jornal britânico, “The Independent”, com inquestionável prestigio nos meios liberais da Grã Bretanha, embora não desfrute do privilégio que WikiLeaks concedeu ao “The Guardian” e outros quatro conhecidos órgãos de imprensa, que consultaram com Washington os pontos mais sensíveis da informação recebida, publicou, há três dias, um atrevido artigo da jornalista Nina Lakhani, intitulado "Médicos cubanos no Haiti envergonham o mundo”. Este é o assunto que eu desejava analisar, pela ousadia com que chama as coisas por seu nome nesse tema, embora isto não implique que eu compartilhe cada uma de suas apreciações sobre as motivações que determinaram nossa conduta. Explicarei isso usando o texto da tradução e de forma tão sintética como seja possível.
“São os verdadeiros heróis” -diz- do desastre do terremoto do Haiti, a catástrofe humana às portas dos Estados Unidos frente à qual Barack Obama prometeu uma monumental missão humanitária dos EUA para aliviá-la. “Contudo, os heróis de que falamos são cidadãos do arqui-inimigo dos Estados Unidos, Cuba, cujos médicos e enfermeiras têm feito com que os esforços dos Estados Unidos sejam motivo de vergonha”.
“Uma brigada médica de 1 200 cubanos está funcionando em todo o Haiti, devastado pelo terremoto e infectado pelo cólera, como parte da missão médica internacional de Fidel Castro, que conquistou para o Estado socialista muitos amigos, mas pouco reconhecimento internacional.”
“…os organismos de ajuda internacional estavam sós na luta contra a devastação que matou 250 000 pessoas e tinha deixado sem lar cerca de
1,5 milhão. [...] profissionais da saúde cubanos têm estado no Haiti desde 1998, [...] em meio da fanfarra e da publicidade em torno da chegada da ajuda dos Estados Unidos e do Reino Unido, centenas de novos médicos, enfermeiras e terapeutas cubanos chegaram sem que ninguém sequer os mencionasse...”
“Estatísticas publicadas na semana passada mostram que os médicos cubanos, trabalhando em 40 centros através do Haiti, trataram mais de 30 mil pacientes de cólera desde outubro. São o maior contingente estrangeiro, tratando cerca de 40 por cento de todos os pacientes de cólera. Outro lote de médicos da Brigada cubana ‘Henry Reeve’, uma equipe de especialistas para desastres e emergências, chegou recentemente quando se tornou evidente que o Haiti estava lutando por fazer frente à epidemia que já matou centenas de pessoas.”
“…Cuba formou 550 médicos haitianos gratuitamente na Escola Latino- Americana de Medicina (Elam), uma das mais radicais iniciativas médicas do país. Outros 400 atualmente estão sendo preparados na escola, que oferece educação gratuita -incluindo livros grátis e um pouco de dinheiro para pequenos gastos - a quem quer que seja suficientemente qualificado, que não possa estudar medicina em seu próprio país”.
“John Kirk é um professor de estudos da América Latina na Universidade de Dalhousie, no Canadá, que faz pesquisas sobre as equipes médicas internacionais de Cuba. Ele disse: ‘a contribuição de Cuba no Haiti é como o maior segredo do mundo. São pouco mencionados, a pesar de que estão fazendo muito do trabalho pesado’”.
“Esta tradição remonta a 1960, quando Cuba enviou um punhado de médicos ao Chile, golpeado por um forte terremoto, seguido por uma equipe de 50 à Argélia em 1963. Isto foi quatro anos depois da revolução, que viu quase a metade dos 7 mil médicos do país [...] partir para os Estados Unidos.”
“…O programa mais conhecido é a Operação Milagre, que começou com oftalmologistas tratando enfermos de cataratas em povoados venezuelanos pobres em troca de petróleo. Esta iniciativa restaurou a visão de 1,8 milhão de pessoas em 35 países, inclusive a de Mario Terán, o sargento boliviano que matou a Che Guevara em 1967.
“A Brigada ‘Henry Reeve’, rechaçada pelos estadunidenses depois do furacão Katrina, foi a primeira equipe a chegar ao Paquistão depois do terremoto de 2005 e a última a sair seis meses mais tarde.”
“…de acordo com o professor Kirk. ‘…Também é uma obsessão de Fidel e lhe rende votos nas Nações Unidas’.
“Uma terça parte dos 75 mil médicos de Cuba, junto com outros 10 mil trabalhadores da saúde, estão trabalhando atualmente em 77 países pobres, inclusive El Salvador, Mali e Timor Leste. Isto deixa ainda em Cuba um médico por cada 220 pessoas, uma das taxas mais elevadas do mundo, [...] um para cada 370 na Inglaterra.
“Para onde quer que se os convide, os cubanos aplicam seu modelo integral centrado na prevenção, visitando famílias em suas casas, monitorando de maneira pró-ativa a saúde infantil e materna. Isto tem produzido ‘resultados surpreendentes’ em partes de El Salvador, Honduras e Guatemala, baixando as taxas de mortalidade infantil materna, reduzindo as enfermidades infecciosas e deixando atrás de si trabalhadores locais de saúde melhor capacitados, de acordo com a pesquisa do professor Kirk.
“A formação médica em Cuba dura seis anos -um ano a mais que no Reino Unido- [...] cada graduado trabalha como um médico de família durante no mínimo três anos.”
“Este modelo ajudou Cuba a conseguir algumas das melhoras de saúde mais invejáveis de todo o mundo, apesar de gastar apenas 400 dólares por pessoa no ano passado em comparação com 3 mil no Reino Unido e 7,5 mil dólares nos Estados Unidos, de acordo com os dados da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico.
“A taxa de mortalidade infantil, uma das medidas mais confiáveis da saúde da nação, é de 4,8 por mil nascidos vivos, comparável com a do Reino Unido e menor que a dos Estados Unidos. Só 5 por cento dos bebês nascem com baixo peso, um fator crucial para a saúde a longo prazo…”
“Imti Choonara, um pediatra de Derby [...] que participa em oficinas anuais na terceira cidade de Cuba, Camagüey, afirma: ‘A saúde em Cuba é fenomenal e a chave é o médico de família, [...] é enfocada na prevenção… A ironia é que os cubanos chegaram ao Reino Unido depois da Revolução para ver como funcionava o NHS (Sistema Nacional de Saúde). Eles tomaram o que viram, o refinaram e desenvolveram; enquanto isso, nós nos movemos para o modelo estadunidense’.
“…O embargo norte-americano [...] impede que muitas das companhias estadunidenses comerciem com Cuba e persuade outros países a seguir seu exemplo. O informe de 2009/10 inclui fármacos para o câncer infantil, Aids e artrite, alguns anestésicos, assim como os produtos químicos necessários para diagnosticar infecções e preservar órgãos.”
“…os cubanos estão imensamente orgulhosos e apoiam sua contribuição no Haiti e outros países pobres, encantados de estar golpeando por cima de seu peso na cena internacional…”
“A formação médica é outro exemplo. Atualmente há 8 281 estudantes de mais de 30 países matriculados na Elam, que no mês passado celebrou seu 11º aniversário. O governo pretende inculcar um sentido de responsabilidade nos estudantes com a esperança de que trabalharão dentro de suas próprias comunidades pobres durante ao menos cinco anos.
“Damien Joel Suárez, 27 anos, um estudante do segundo ano de Nova Jersey, é um dos171 estudantes norte-americanos; já se formaram 47. Ele rechaça as acusações de que a Elam é parte da máquina de propaganda cubana. ‘Claro que o Che é um herói aqui, mas não és obrigado a reverenciá-lo’.”
Nem todas as coisas que se afirmam sobre Cuba são favoráveis. O artigo contém igualmente críticas, várias das quais compartilhamos, e às vezes somos inclusive mais severos que o jornal The Independent. Fala-se nele de baixos salários e escassez. Independentemente de nossos erros, não se menciona o fato de que ao longo de mais de 50 anos de bloqueio, agressões e ameaças, nosso país tem sido obrigado a investir enormes energias, tempo e recursos para resistir aos embates do império mais poderoso que já existiu na história.
Não obstante, é admirável a sinceridade e a clareza com que Nina Lakhani expõe, e The Independent publica, esse valente artigo sobre o que significa para o sofrido povo do Haiti uma tragédia que em sua primeira etapa custou a vida de quase 3 mil vítimas, entre crianças. jovens e adultos, muitos dos quais sofrem desnutrição e outros males, sem que quase nunca disponham de lenha para ferver a água que consomem.
As noticias chegadas desse país irmão informam que até hoje, quarta-feira, 29 mais 717 pessoas tinham sido atendidas pela Missão Médica Cubana. Não se relatam falecidos há cinco dias consecutivos. A taxa de letalidade entre os atendidos por Cuba, que já ascendem a 48 931, se reduziu a 0.55%. A cifra oficial de cidadãos afetados pela enfermidade ascendia a 130. 534, e a de falecidos a 2. 761 para uma taxa de 2.1%. Luta-se para que métodos mais eficientes se apliquem em todos os centros que combatem a epidemia. Os Grupos de Penetração da Brigada “Henry Reeve” - cubanos, latino-americanos e haitianos graduados da Elam já se elevam a 42, e podem incursionar em qualquer das subcomunas mais isoladas do Haiti. Contam ademais com 61 unidades de atendimento ao cólera.
O esforço de nosso país em favor da saúde humana, que começou desde o próprio triunfo da Revolução, como expressa o artigo publicado por The Independent, pode ser apreciado no fato de que no próximo ano se formarão na República Bolivariana da Venezuela 8 mil médicos que foram capacitados na teoria e na prática com a cooperação dos especialistas cubanos da saúde. A Venezuela também alcançará níveis de saúde que a situarão entre as primeiras do mundo. Resultados tão alentadores constituem o principal estímulo a nossos esforços.
Fidel Castro Ruz
29 de dezembro de 2010
20 h 07 p.m.
Tais fatos tinham lugar em um país que tinha sido vítima dos conquistadores, do colonialismo e da escravidão. Sua população autóctone havia sido eliminada pela conquista e pela busca forçosa de ouro.
A nação haitiana tem como raiz as centenas de milhares de seres humanos arrancados da África pelos comerciantes europeus de escravos, e vendidos aos agricultores escravistas do Haiti para produzir café, açúcar e outras mercadorias tropicais com as quais abastecer os emergentes mercados capitalistas.
O povo do Haiti protagonizou, nos primeiros anos do Século 19, a primeira revolução social na história deste hemisfério; foi fonte de inspiração e ponto de apoio em armas para os que levaram a cabo a proeza de libertar a América do Sul do domínio espanhol.
Nossa solidariedade com o povo do Haiti tem dupla raiz: nasce de nossas ideias, mas também de nossa história.
Depois da revolução social que ali teve lugar, o colonialismo espanhol converteu Cuba, onde também incontáveis africanos tinham sido arrancados da África e vendidos como escravos, na principal fornecedora de café, açúcar e outros produtos tropicais.
Como consequência desse processo, quando as colônias espanholas das Américas do Sul e Central se tornaram independentes em cruenta e heróica luta, a colônia cubana aportava à metrópole espanhola mais receitas líquidas que o conjunto daqueles países antes de que os mesmos se tornassem independentes, um fato que influiu decisivamente no destino de nossa Pátria ao longo de quase dois século que transcorreram posteriormente.
Há dois dias explicava como surgiu a cooperação médica com o Haiti, a qual nos levou à formação de centenas de jovens médicos desse país irmão e ao envio de uma força de profissionais cubanos da saúde. Não se trata de algo que surgiu por acaso.
Tampouco nos surpreendem os esforços dos Estados Unidos e da Europa por desinformar, ocultar e mentir sobre os motivos da conduta de Cuba.
Um conhecido jornal britânico, “The Independent”, com inquestionável prestigio nos meios liberais da Grã Bretanha, embora não desfrute do privilégio que WikiLeaks concedeu ao “The Guardian” e outros quatro conhecidos órgãos de imprensa, que consultaram com Washington os pontos mais sensíveis da informação recebida, publicou, há três dias, um atrevido artigo da jornalista Nina Lakhani, intitulado "Médicos cubanos no Haiti envergonham o mundo”. Este é o assunto que eu desejava analisar, pela ousadia com que chama as coisas por seu nome nesse tema, embora isto não implique que eu compartilhe cada uma de suas apreciações sobre as motivações que determinaram nossa conduta. Explicarei isso usando o texto da tradução e de forma tão sintética como seja possível.
“São os verdadeiros heróis” -diz- do desastre do terremoto do Haiti, a catástrofe humana às portas dos Estados Unidos frente à qual Barack Obama prometeu uma monumental missão humanitária dos EUA para aliviá-la. “Contudo, os heróis de que falamos são cidadãos do arqui-inimigo dos Estados Unidos, Cuba, cujos médicos e enfermeiras têm feito com que os esforços dos Estados Unidos sejam motivo de vergonha”.
“Uma brigada médica de 1 200 cubanos está funcionando em todo o Haiti, devastado pelo terremoto e infectado pelo cólera, como parte da missão médica internacional de Fidel Castro, que conquistou para o Estado socialista muitos amigos, mas pouco reconhecimento internacional.”
“…os organismos de ajuda internacional estavam sós na luta contra a devastação que matou 250 000 pessoas e tinha deixado sem lar cerca de
1,5 milhão. [...] profissionais da saúde cubanos têm estado no Haiti desde 1998, [...] em meio da fanfarra e da publicidade em torno da chegada da ajuda dos Estados Unidos e do Reino Unido, centenas de novos médicos, enfermeiras e terapeutas cubanos chegaram sem que ninguém sequer os mencionasse...”
“Estatísticas publicadas na semana passada mostram que os médicos cubanos, trabalhando em 40 centros através do Haiti, trataram mais de 30 mil pacientes de cólera desde outubro. São o maior contingente estrangeiro, tratando cerca de 40 por cento de todos os pacientes de cólera. Outro lote de médicos da Brigada cubana ‘Henry Reeve’, uma equipe de especialistas para desastres e emergências, chegou recentemente quando se tornou evidente que o Haiti estava lutando por fazer frente à epidemia que já matou centenas de pessoas.”
“…Cuba formou 550 médicos haitianos gratuitamente na Escola Latino- Americana de Medicina (Elam), uma das mais radicais iniciativas médicas do país. Outros 400 atualmente estão sendo preparados na escola, que oferece educação gratuita -incluindo livros grátis e um pouco de dinheiro para pequenos gastos - a quem quer que seja suficientemente qualificado, que não possa estudar medicina em seu próprio país”.
“John Kirk é um professor de estudos da América Latina na Universidade de Dalhousie, no Canadá, que faz pesquisas sobre as equipes médicas internacionais de Cuba. Ele disse: ‘a contribuição de Cuba no Haiti é como o maior segredo do mundo. São pouco mencionados, a pesar de que estão fazendo muito do trabalho pesado’”.
“Esta tradição remonta a 1960, quando Cuba enviou um punhado de médicos ao Chile, golpeado por um forte terremoto, seguido por uma equipe de 50 à Argélia em 1963. Isto foi quatro anos depois da revolução, que viu quase a metade dos 7 mil médicos do país [...] partir para os Estados Unidos.”
“…O programa mais conhecido é a Operação Milagre, que começou com oftalmologistas tratando enfermos de cataratas em povoados venezuelanos pobres em troca de petróleo. Esta iniciativa restaurou a visão de 1,8 milhão de pessoas em 35 países, inclusive a de Mario Terán, o sargento boliviano que matou a Che Guevara em 1967.
“A Brigada ‘Henry Reeve’, rechaçada pelos estadunidenses depois do furacão Katrina, foi a primeira equipe a chegar ao Paquistão depois do terremoto de 2005 e a última a sair seis meses mais tarde.”
“…de acordo com o professor Kirk. ‘…Também é uma obsessão de Fidel e lhe rende votos nas Nações Unidas’.
“Uma terça parte dos 75 mil médicos de Cuba, junto com outros 10 mil trabalhadores da saúde, estão trabalhando atualmente em 77 países pobres, inclusive El Salvador, Mali e Timor Leste. Isto deixa ainda em Cuba um médico por cada 220 pessoas, uma das taxas mais elevadas do mundo, [...] um para cada 370 na Inglaterra.
“Para onde quer que se os convide, os cubanos aplicam seu modelo integral centrado na prevenção, visitando famílias em suas casas, monitorando de maneira pró-ativa a saúde infantil e materna. Isto tem produzido ‘resultados surpreendentes’ em partes de El Salvador, Honduras e Guatemala, baixando as taxas de mortalidade infantil materna, reduzindo as enfermidades infecciosas e deixando atrás de si trabalhadores locais de saúde melhor capacitados, de acordo com a pesquisa do professor Kirk.
“A formação médica em Cuba dura seis anos -um ano a mais que no Reino Unido- [...] cada graduado trabalha como um médico de família durante no mínimo três anos.”
“Este modelo ajudou Cuba a conseguir algumas das melhoras de saúde mais invejáveis de todo o mundo, apesar de gastar apenas 400 dólares por pessoa no ano passado em comparação com 3 mil no Reino Unido e 7,5 mil dólares nos Estados Unidos, de acordo com os dados da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico.
“A taxa de mortalidade infantil, uma das medidas mais confiáveis da saúde da nação, é de 4,8 por mil nascidos vivos, comparável com a do Reino Unido e menor que a dos Estados Unidos. Só 5 por cento dos bebês nascem com baixo peso, um fator crucial para a saúde a longo prazo…”
“Imti Choonara, um pediatra de Derby [...] que participa em oficinas anuais na terceira cidade de Cuba, Camagüey, afirma: ‘A saúde em Cuba é fenomenal e a chave é o médico de família, [...] é enfocada na prevenção… A ironia é que os cubanos chegaram ao Reino Unido depois da Revolução para ver como funcionava o NHS (Sistema Nacional de Saúde). Eles tomaram o que viram, o refinaram e desenvolveram; enquanto isso, nós nos movemos para o modelo estadunidense’.
“…O embargo norte-americano [...] impede que muitas das companhias estadunidenses comerciem com Cuba e persuade outros países a seguir seu exemplo. O informe de 2009/10 inclui fármacos para o câncer infantil, Aids e artrite, alguns anestésicos, assim como os produtos químicos necessários para diagnosticar infecções e preservar órgãos.”
“…os cubanos estão imensamente orgulhosos e apoiam sua contribuição no Haiti e outros países pobres, encantados de estar golpeando por cima de seu peso na cena internacional…”
“A formação médica é outro exemplo. Atualmente há 8 281 estudantes de mais de 30 países matriculados na Elam, que no mês passado celebrou seu 11º aniversário. O governo pretende inculcar um sentido de responsabilidade nos estudantes com a esperança de que trabalharão dentro de suas próprias comunidades pobres durante ao menos cinco anos.
“Damien Joel Suárez, 27 anos, um estudante do segundo ano de Nova Jersey, é um dos171 estudantes norte-americanos; já se formaram 47. Ele rechaça as acusações de que a Elam é parte da máquina de propaganda cubana. ‘Claro que o Che é um herói aqui, mas não és obrigado a reverenciá-lo’.”
Nem todas as coisas que se afirmam sobre Cuba são favoráveis. O artigo contém igualmente críticas, várias das quais compartilhamos, e às vezes somos inclusive mais severos que o jornal The Independent. Fala-se nele de baixos salários e escassez. Independentemente de nossos erros, não se menciona o fato de que ao longo de mais de 50 anos de bloqueio, agressões e ameaças, nosso país tem sido obrigado a investir enormes energias, tempo e recursos para resistir aos embates do império mais poderoso que já existiu na história.
Não obstante, é admirável a sinceridade e a clareza com que Nina Lakhani expõe, e The Independent publica, esse valente artigo sobre o que significa para o sofrido povo do Haiti uma tragédia que em sua primeira etapa custou a vida de quase 3 mil vítimas, entre crianças. jovens e adultos, muitos dos quais sofrem desnutrição e outros males, sem que quase nunca disponham de lenha para ferver a água que consomem.
As noticias chegadas desse país irmão informam que até hoje, quarta-feira, 29 mais 717 pessoas tinham sido atendidas pela Missão Médica Cubana. Não se relatam falecidos há cinco dias consecutivos. A taxa de letalidade entre os atendidos por Cuba, que já ascendem a 48 931, se reduziu a 0.55%. A cifra oficial de cidadãos afetados pela enfermidade ascendia a 130. 534, e a de falecidos a 2. 761 para uma taxa de 2.1%. Luta-se para que métodos mais eficientes se apliquem em todos os centros que combatem a epidemia. Os Grupos de Penetração da Brigada “Henry Reeve” - cubanos, latino-americanos e haitianos graduados da Elam já se elevam a 42, e podem incursionar em qualquer das subcomunas mais isoladas do Haiti. Contam ademais com 61 unidades de atendimento ao cólera.
O esforço de nosso país em favor da saúde humana, que começou desde o próprio triunfo da Revolução, como expressa o artigo publicado por The Independent, pode ser apreciado no fato de que no próximo ano se formarão na República Bolivariana da Venezuela 8 mil médicos que foram capacitados na teoria e na prática com a cooperação dos especialistas cubanos da saúde. A Venezuela também alcançará níveis de saúde que a situarão entre as primeiras do mundo. Resultados tão alentadores constituem o principal estímulo a nossos esforços.
Fidel Castro Ruz
29 de dezembro de 2010
20 h 07 p.m.
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