domingo, 23 de maio de 2010

Cuba: desafios da revolução!

O artigo que postamos abaixo não nos faz cair na armadilha de que a corrupção é problema determinante de Cuba. Embora seja importante não sermos incautos em nossa solidariedade, e não sonharmos com uma Cuba de cubanos todos socialistas e voltados para a construção da Revolução e do Socialismo, a consciência das massas em Cuba é elemento, ainda, suficiente para o combate àqueles que agouram o restabelecimento do capitalismo.

Ademais, a própria reportagem demonstra que o problema da corrupção é problema enfrentado, não escamoteado, pelo Governo Cubano.

Assim, a leitura do texto, com as precauções expostas, serve para termos consciência dos vários elementos da vida cubana e determinar nossa solidariedade por uma Cuba que busca aperfeiçoar sua Revolução Socialista.

Cuba investiga 750 empresas por corrupção.
Havana - Na maior ofensiva anti-corrupção da historia de cuba, uma legião de quatro mil auditores e agentes financeiros investigam as entranhas de, pelo menos, 750 empresas - cerca de 20% das que operam na ilha. Nos últimos anos, a Cuba de Fidel e Raúl Castro tem registrado um aumento de crimes econômicos e casos de corrupção, tráfico de influencia e peculato.

Entre as companhias investigadas, destaca-se a Internacional Network Group (ING), conglomerado de empresas criado e dirigido por Max Marambio, empresário chileno que pertenceu aos serviços de inteligência cubanos e atuou como chefe da guarda pessoal do presidente Salvador Allende - quando tinha estreitas relações pessoais com Fidel. Até o ano passado, o grupo movimentava dezenas de milhões de dólares em negócios com Cuba. Hoje, é o último protagonista de uma longa linda de escândalos econômicos que vêm alcançando esferas cada vez mais altas.

- Há gente em posições de governo se preparando para a revolução financeira, e outros que podem ter quase tudo pronto para produzir a transferência de ativos em mãos privadas, como ocorreu na antiga URSS - alerta o acadêmico cubano Morales Esteban - A corrupção é mais perigosa do que a dissidência interna.

O pesquisador, diretor do Centro de Estudos Americanos da Universidade de Havana, se refere à demissão recente do Diretor do Instituto de Aviação Civil de Cuba (IACC), major General Rogelio Acevedo, acusado de receber propinas e abrir contas no exterior, além de estar pro trás de milionários desfalques na aviação. Sua esposa, Ofelia Liptak, foi diretora comercial de uma das empresas de Marambio, a Rio Zaza Foods, que tem duas unidades de produção na ilha e vende sucos, leite e alimentos industrializados.

GOVERNO NÃO SE PRONUNCIA SOBRE INVESTIGAÇÕES

Max Marambio e seu irmão Marcel também são parceiros da agência de viagens da IACC, Sol y Son, que traz dezenas de milhares de visitantes à ilha todos os anos. Lá, foram presos vários executivos e as auditorias parecem mostrar graves irregularidades, incluindo o pagamento de subornos, peculato e desvio de recursos no exterior. "Parece" porque as autoridades ainda não disseram nada oficialmente.

A diretora do ING, Lucy Leal, foi presa e está sob investigação. A trama tornou-se ainda mais complexa após a morte, em circunstâncias estranhas, do empresário chileno Roberto Baudrand, gerente de alimentos da Zaza Rio e homem de confiança de Marambio em Cuba. Desde o início das investigacoes. Gaudrand teve seu passaporte confiscado. Interrogado várias vezes, foi encontrado morto em sua casa, em Havana, em abril.

Marambio esteve em Cuba pela última vez em novembro passado. foi convocado pelas autoridades a viajar a Havana para esclarecer supostas irregularidades em seus negócios, mas decidiu nao se apresentar. Sobram detalhes obscuros na queda do império de Marambio. Ele foi um dos fundadores da Cimex, uma das maiores empresas estatais cubanas, com um volume de negócios que chegou a bilhões de dólares anualmente. Nos anos 90, sob a asa protetora de Fidel, foi de guerrilheiro a empresário de sucesso, a tal ponto que hoje é dono de uma holding que movimenta mais de US$ 100 milhões por ano.

De amigo a inimigo revolucionário, são muitas as causas da mudança de status. Marambio teve retidos no ano passado boa parte dos fundos em bancos cubanos. Devido à falta de liquidez no país, as autoridades congelaram as transferências de todos os empresários estrangeiros. Aparentemente, Marambio teria exigido seu capital de forma pouco delicada. Para seus aliados, trata-se de perseguição política.

segundo o economista da oposição Oscar Espinosa Chepe, o problema é que "onde se busca a corrupção, se encontra". O governo de Raúl Castro tem levado a sério a questão.

- Estamos conscientes de que o problema é essencialmente político e que a revolução pode cair por esse buraco negro - afirmou um funcionário do governo.

Fonte: Globo

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