Menina encontra corpo de irmão nos escombros, em Porto Príncipe | Foto: DW |
Segundo Chalmers, a realidade no país caribenho é "dramática", com três milhões de flagelados, mais de 100 mil mortos e centenas de feridos: "Toda a população dormindo na rua esperando a réplica e novos golpes...", afirma. O problema torna-se ainda mais grave por conta da ausência do Estado.
"Uma resposta muito fraca de um Estado quase ausente. Os 9.000 soldados da ONU [Organização das Nações Unidas] não estão fazendo nada para ajudar a população. A maioria das pessoas ficou sem assistência médica durante 48 horas porque os maiores hospitais da capital atingidos também não são funcionais. Os bombeiros também [estão] totalmente impotentes porque seu local está enterrado e superado pelas dimensões da catástrofe", comenta.
Para ele, três elementos são necessários para a recuperação do país: uma assistência de urgência coordenada, com o objetivo de garantir o fornecimento de água potável, comida, roupas e abrigos para a população necessitada, assim como de ajudar no resgate de pessoas e de lutar contra os riscos de epidemia; uma reabilitação, com a recuperação da comunicação e da infraestrutura do país; e uma solidariedade estruturante, com investimentos para que a população possa reestruturar a vida com melhores condições.
Chalmers acredita que, a partir da solidariedade, os haitianos podem reconstruir suas vidas de forma mais digna, sem a presença da Missão das Nações Unidas para a Estabilização do Haiti (Minustah). "É a hora de uma grande onda de brigadas de solidariedade com o Povo do Haiti que não seja esta miséria, agressão caricaturesca que representa a Minustah", defende.
De acordo com o secretário da Papda, tal movimento de solidariedade - de povo para povo -, deve priorizar pontos como: a construção de um sistema de ensino público gratuito e eficaz que respeite a história, a cultura e o ecossistema do país; a luta contra a crise ambiental; a construção de um sistema de saúde público de qualidade e acessível; a expulsão da Minustah em troca da construção de brigadas de solidariedade; e a reconstrução de uma cidade baseada na lógica de urbanização humana.
Médicos cubanos
Com a situação precária no Haiti, muitos atingidos pelo terremoto encontram ajuda em profissionais vindos de outros países. Na medicina, o destaque maior são os médicos cubanos, que continuam chegando ao país para prestar socorro às vítimas. De acordo com a Agência de Notícias Cubana, Cuba continua enviando ao país caribenho aviões com toneladas de equipamentos médicos e suprimentos, assim como médicos e especialistas em situações de emergência.
No último sábado (16), Cuba enviou ao Haiti três equipes cirúrgicas adicionais e um grupo de 37 médicos haitianos formados na escola de medicina do Caribe em Santiago de Cuba para reforçar o socorro. Segundo a Agência de Notícias, os cubanos também estão prestes a reabrir o centro assistencial "George Gauvin", localizado na cidade de Grand Goave, para atender as vítimas do desastre nas áreas próximas ao departamento ocidental da capital Porto Príncipe. Enquanto esperam a reabertura do centro, os especialistas lutam contra os riscos de epidemias, tentando educar a população.
Karol Assunção é Jornalista da Adital.
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