sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

Bolsonaro ciceroneia Yoani Sánchez



Por Altamiro Borges em seu blog

Para os que trataram Yoani Sánchez como uma “corajosa blogueira na luta pela liberdade de expressão”, as cenas da sua visita [antes de] ontem à Câmara Federal foram constrangedoras. Ela se reuniu com a nata da direita nativa, com parlamentares que são inimigos declarados da revolução cubana e adoradores do império estadunidense. Um dos seus cicerones foi o deputado Jair Bolsonaro (PP-RJ), famoso por defender o golpe de 1964, as torturas da ditadura militar, a homofobia e outras teses fascistóides.


Yoani Sánchez foi a Brasília a convite da bancada do PSDB, que tentou aproveitar a sua visita para criticar a política externa do governo Dilma – que prega a integração da América Latina e rechaça o bloqueio dos EUA a Cuba. As passagens foram pagas pela Câmara dos Deputados, num gasto de dinheiro público que mereceria questionamento. Além disso, os defensores da dissidente cubana ainda tumultuaram uma sessão ordinária do parlamento brasileiro, o que gerou protestos de deputados que não são pautados pela mídia.

“Essa Casa não deve repetir atitudes como esta”, criticou ao microfone a deputada Érika Kokay (PT-DF). Ela foi aparteada, aos berros, por Jair Bolsonaro, que sugeriu que ela fosse residir em Cuba. “Torturador”, retrucou o deputado Ivan Valente (PSOL-SP). Na saída da Câmara, nova confusão que quase resultou em agressão física. O deputado Domingos Sávio (PSDB-MG) tentou impedir um legítimo protesto contra a “mercenária cubana”, arrancando os cartazes dos manifestantes. Ele foi contido por seguranças.

O deputado Mendonça Filho (DEM-PE) também ficou irritado com os protestos. Segundo o portal G1, “incomodado com a manifestação promovida por cerca de cinco jovens na porta de entrada de um dos prédios anexos da Câmara dos Deputados, o parlamentar arrancou cartazes, bandeiras e reproduções de notas de dólares erguidas pelos simpatizantes do regime dos irmãos Fidel e Raúl Castro”. O demo alegou que defendia a “liberdade de expressão”. Risível para um parlamentar do partido oriundo da ditadura!

Outra cena curiosa, registrada pelo jornalista Gerson Camarotti, da insuspeita Rede Globo, foi o encontro de Yoani com Aécio Neves, o cambaleante presidenciável tucano. “Ela pediu que ele monitore a situação da restrição da liberdade em Cuba permanentemente... Aécio foi apresentado a Yoani como candidato de oposição à Presidência da República nas eleições de 2014. Ao saber disso, a cubana foi direta. ‘Não nos deixe sós em Cuba. Muitas vezes nos sentimos abandonados lá’, disse Yoani”.

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