terça-feira, 10 de julho de 2012

Exilados cubanos nos EUA, os únicos que passam férias no país natal, que supostamente os "perseguem"


Artigo de José MANZANEDA /Revista Digital de Cubainformación/ Verano 2012 Nº 22

“Exilados” ou “refugiados” são termos que uma boa parte da mídia internacional utiliza para descrever aqueles que emigram de Cuba para os Estados Unidos. Mas, é correto seu emprego raramente aplicado a migração de outros países da região? Vamos ver.

A chamada lei de Ajuste Cubano dos EEUU, de 1966, concede privilégios aos cubanos migrantes que chegam aos Estados Unidos, outorgando-lhes a residência permanente por um ano. Não é assim com o resto dos migrantes de América latina.

O engraçado é que essas pessoas com estatuto de refugiados, tendem a retornar em breve ao seu país de origem para visitar a família, sem qualquer problema. O jornalista da BBC Fernando Ravsberg, com ironia, disse que “Exilados cubanos” são aqueles únicos no mundo, porque eles passam suas férias no país que – supostamente persegue-lhes.


Isto foi implicitamente reconhecido por David Rivera da ultradireita cubana, congressista republicano, que está por trás de algumas modificações para a lei de ajuste cubano.

Recentemente, declarou na média que tem-se tornado comum que “os cubanos procuram asilo (nos EUA), sob a lei e, em seguida, viajam para o país que os persegue”.

Mas, apesar de reconhecê-lo como acentuada farsa político construída ao redor da emigração cubana, o congressista da ala ultradireita, em contradição com sua própria denúncia, insistiu em que “todos os cubanos (que chegam nos Estados Unidos) são refugiados políticos”.

As alterações à lei de ajuste cubano pretendem que, no futuro, alguém beneficiado por esta lei não possa retornar a Cuba enquanto não obtenha a cidadania norte-americana, em um período de não menos de dez anos.

Se você viaja a Cuba em breve perderia todos os privilégios do ajustamento e, portanto, estaria a aproximar-se da situação do resto, incluindo a possibilidade de deportação.

Sem ser esta a sua intenção, mais uma evidência de que os beneficiários da lei de ajuste cubano não são verdadeiramente exilados, perseguidos ou refugiados, mas simplesmente são migrantes com raiz económica com características semelhantes do México, Haiti e El Salvador.

Mas para entender as razões que levam a estas propostas de alteração legislativa, lembre-se de que David Rivera é uma das figuras mais importantes da extrema-direita de origem cubana nos Estados Unidos.

AS suas posições são abertamente belicistas contra o governo cubano, e participou em Miami em homenagens aos terroristas como Luis Posada Carriles. A este respeito, as alterações para a lei perseguem objectivos políticos e logo eleitorales, além disso atacar as tentativas de padronização das relações EUA-Cuba, batendo ao sector da emigração cubana.

De acordo com pesquisas da Florida International University, a emigração cubana após 1994 e, acima de tudo, os mais jovens, é contra o bloqueio ao seu país, em favor de um diálogo entre os dois governos e não entende que não pode viajar para Cuba, por imposição de seu próprio governo.

O segundo objectivo é o corte do fluxo de viagens desta emigração cubana ao seu país e a entrada de dinheiro para Cuba.

A maioria dos mais de 400.000 cubanos e cubanas residentes nos EUA que vão visitar seu país cada ano pertencem a esta emigração recente.

Muitas dessas pessoas, além disso, estão agora ajudando suas famílias com o investimento inicial para diferentes empresas privadas em Cuba, após a aprovação das reformas económicas do governo de Raul Castro.

O terceiro objectivo é claramente eleitoral: afastar a esta emigração a favor do diálogo e não ligados a ultradireita, da possibilidade de obtenção de cidadania e, portanto, o direito de voto, perto do Partido Democrata.

Nada disto, entretanto, vai além da média internacional que, apesar de todas as evidências, continuam a usar termos obsoletos e imprecisos, com um marcado carácter político, como “refugiados” ou “exilados” para se referir a um fenómeno de emigração económica tão comum para Cuba e outros países, da América – Latina e do terceiro mundo.

Os beneficiários da lei de ajuste cubano não são verdadeiramente exilados, perseguidos ou refugiados, mas, simplesmente, migrantes económicos.

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