domingo, 5 de junho de 2011

Nenhum cubano ficará desamparado, os princípios da revolução não mudam;

VI Convenção Estadual de Solidariedade a Cuba : Embaixador de Cuba no Brasil expõe detalhes do Plano de Realinhamento Econômico e Social

Foto: Michael Susin

Embaixador Carlos Zamora Rodrigues Autor: Michael SusinUm desenho claro e objetivo dos efeitos do bloqueio imposto pelos Estados Unidos e da Política de Realinhamento Econômico e Social, aprovada em abril deste ano, durante congresso do Partido Comunista Cubano, foi a contribuição do embaixador de Cuba no Brasil, Carlos Zamora Rodriguez, que realizou conferência na manhã deste sábado (4) no plenarinho da Assembleia Legislativa do RS, durante a VI Convenção Estadual de Solidariedade a Cuba, promovida pela Associação Cultural José Marti.

- “Trata-se da atualização do modelo social e econômico do país. Não é um retorno de Cuba ao período pré-revolucionário e nem um passo em direção ao capitalismo. Nenhum cubano ficará desamparado. Os princípios da revolução não mudam”, assegurou Zamora Rodriguez.

A elaboração do conjunto de 371 recomendações para reordenar o modelo econômico e social, embasadas no princípio de manter a total integridade da cidadania, sobretudo no atendimento em saúde e educação, envolveu praticamente toda a população da Ilha. Durante seis meses, 8,5 milhões de cubanos – de uma população de 11,8 milhões de pessoas- participaram de 781 mil assembleias em sindicatos, associações de moradores, organizações sindicais e de estudantes para apontar as medidas necessárias para garantir o avanço do projeto que vigora no país desde a Revolução de 1959.

As proposições foram apresentadas e debatidas no Congresso do PCC e votadas por mil delegados eleitos nas assembleias. Representantes da população e não necessariamente vinculadas ao partido. As propostas, agora, serão sistematizadas por uma comissão nacional e encaminhadas para regulamentação no Congresso Nacional. O prazo para a completa implantação das mudanças é estimado em dois a três anos.

Em síntese, elas reposicionam o papel do Estado e da cidadania quando à gestão da economia e da produção nacional. O programa, de acordo com o embaixador, mantém o predomínio da propriedade estatal, mas transfere à iniciativa privada os pequenos empreendimentos, a exemplo das barbearias e açougues. Nos grandes empreendimentos, relacionados aos diretos básicos da população, permanecerá a visão socialista de Estado. Em ambos os casos, no entanto, não serão permitidos monopólios privados, em especial nas cadeias que envolvam a produção de insumos e serviços para Saúde e Educação. “Não é o mercado que decide”, enfatizou Zamora. “As conquistas na Saúde, Educação e Cultura são intocáveis”, assegurou.

Outra iniciativa será a distribuição de terras improdutivas, até então de propriedade do Estado, para 300 mil famílias. Elas serão atendidas por políticas públicas de custeio e assistência técnica. Desta forma, procura-se reverter um efeito do processo revolucionário, que garantiu altos índices de escolaridade e formação superior, provocando o fenômeno da urbanização. Hoje, 80% da população cubana vivem em cidades e apenas 20%, no campo.

Também está prevista a alimentação de parcerias com outros países para a modernização da infraestrutura e tecnologia. O Brasil, segundo parceiro comercial de Cuba, desponta como um forte aliado e já participa da construção de um grande porto a 40 km de Havana. Com inauguração prevista para 2013, tende a transformar-se no maior porto exportador e de turismo do Caribe. Da mesma forma, os países trabalham lado a lado em empreendimentos de energia eólica e solar e a Embrapa aporta conhecimento no plantio de soja.

Este cenário só é possível nos dias de hoje, em que a configuração política da América Latina sofreu mudanças consideráveis com a eleição de governos de perfil mais progressista e quando o continente avança no conceito integracionista. O conjunto de medidas em andamento, aliás, não seria possível em outros tempos. “Nosso futuro está ligado ao futuro da América Latina e do Caribe”, vislumbrou o embaixador.

Zamora relatou que o passo adiante na implantação do projeto foi adiado pelo isolamento imposto ao país pelo bloqueio, pela perda de parceiros comerciais, de financiamento e de custeio do bloco soviético, pelo perigo constante de uma invasão norte-americana, pelas tragédias provocadas pela passagem de três furacões - que corroeram 20% do PIB cubano-, pela crise financeira mundial e pela enfermidade de Fidel Castro. Além disso, frustraram-se todas as expectativas de uma mudança considerável na política externa com a eleição do democrata Barak Obama.

Hoje, a América Latina respira novos ares e já se pode vislumbrar uma unidade concreta entre os país, inclusive do Caribe. No próximo mês, governos locais reúnem-se na Venezuela para concretizar a criação de um organismo comum. O bloqueio econômico e cultural promovido pelo governo americano vem sendo sistematicamente condenado por países e organismos internacionais. Calcula-se em U$S 751 milhões os prejuízos provocados a Cuba pela política americana, classificada como autoritária e genocida.

Solidariedade

Apesar disso, os índices de desenvolvimento social em Cuba estão entre os melhores do mundo. A população tem acesso universal e gratuito à saúde e educação públicas e a taxa de mortalidade infantil é a menor do planeta. Além disso, o país mantém 56,7 mil cidadãos trabalhando em 31 nações. Só na área da saúde, são 40 mil profissionais.

Zamora informou que a missão cubana no Haiti foi responsável pela salvação que quase 74 mil vidas. “Nós não enviamos o que sobra, mas compartilhamos o que temos”, afirmou. Estudam gratuitamente, no país, 25 mil estrangeiros, provenientes de 115 países. Destes, 706 são brasileiros, sendo que 666 frequentam os cursos de Medicina.

Por Denise Ritter

2 comentários:

  1. Olá, e como ficaram os 500 mil demitidos do serviço público?
    Obs.Essa não é uma pergunta de crítica, não agora, mas de informação mesmo.
    Obrigado.

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  2. Américo,

    pelas informações que tem recebido esses funcionários estão sendo repatriados para outros setores que não estão burocratizadas no estado cubano.Ainda tem aqueles que estão em suas casas, com seguro desemprego por cinco messes, seja projetando um negócio propio ou tentando se encaixar em uma nova atividade produtiva.

    Outros muitos,como tem demostrado os sites cubanos, já estão trabalhando nos seus pequenos negócios, inclusive muitos só foram retirados das atividades estatais devido a já estarem desenvolvendo atividades produtivas e lucrativas mo mercado negro, agora só prescisam terem essas regularizadas pelo orgãos do governo que também já estão em curso progressivo na ilha.

    Em relação as demissões como vc chamou, esta sendo feita aos poucos e não de uma vez como é comum nos países capitalistas.Até por que os cubanos, ainda, querem não contar com uma grande massa de excluídos e "marginalizados", como tem nos páises capitalistas, em seu país.

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