quarta-feira, 18 de maio de 2011

Cuba que a Globo não mostra

Por Antonio Capistrano
Fonte: Vermelho.

Na viagem que fiz a Cuba, agora no início de maio, procurei ver como estava o país que a Globo e as outras emissoras de televisão, aqui do Brasil, não mostram. Geralmente, quando aparecem imagens de Cuba na televisão brasileira só aparecem prédios velhos, carros das décadas de 40, 50 e 60 do século passado e pessoas com o semblante de tristeza, com isso passando uma ideia de miséria e de sofrimento.

Visitando o país você ver que a historia é outra. Claro que Cuba tem problemas. Os Estados Unidos têm, imagine Cuba, um pequeno país resultado de 500 anos de exploração colonial, que conseguiu a sua verdadeira independência somente em janeiro de 1959, mesmo assim, fustigado por um bloqueio econômico imoral que dura mais de 50 anos, além da constante ameaça de invasão por parte da maior potência militar da atualidade. Uma ingerência criminosa, um desrespeito ao povo cubano.


Mas isso não impediu que o país avançasse nas conquistas sociais. Cuba detém índices, na saúde, na educação, na cultura e no desporto, de fazer inveja aos países do primeiro mundo. A situação não está melhor por que o dono do mundo, os Estados Unidos, com a sua política de tentativa de desestabilização política e econômica do regime socialista, não deixa. Mesmo assim, Cuba vai bem.

A mídia descomprometida com a verdade não mostra os avanços alcançados pelo regime socialista, nem faz um comparativo da situação do povo cubano com os povos dos países do terceiro mundo, as ex-coloniais europeias.

Em Havana, a parte histórica da cidade, hoje, passa por um processo de restauração, mostrando o zelo do governo com um dos mais belos conjuntos da arquitetura colonial da América Latina. A nossa mídia não mostra isso, nem os bairros, fora do centro histórico, onde mora a maior parte da população, como também os carros novos e ônibus modernos que ocupam as avenidas da capital cubana e as auto-estradas que cortam o país de ponta-a-ponta.
Cada vez que vou a Cuba fico empolgado com a situação da educação e da saúde pública, sem falar nas manifestações artístico-culturais e desportivas, um exemplo para a América Latina e para o mundo. Imagino se Cuba fosse um país com grandes recursos naturais. Bastava ter as riquezas que o nosso estado (RN) possui e não sofrer tantas devastações naturais como os furacões que vez por outra atingem aquela pequena Ilha, sem contar com o pior de todos os problemas, a presença ameaçadora do vizinho encrenqueiro, o império do mal – os Estados Unidos da América do Norte.

Uma recomendação aos visitantes que desejam ter uma visão ampla da situação do regime socialista que governa Cuba, saia do circuito turístico, que é belo, tem muito que ver, é prazeroso, mas que traz muito dos problemas que existem em todas as cidades turísticas do mundo, mesmo o governo tendo o maior cuidado com o lado negativo dessa atividade econômica. O turismo é uma atividade importante em qualquer parte, é a famosa indústria sem chaminé, mas é perigosa e desestabilizadora, ela corrompe, criando mazelas sociais (prostituição, propina e drogas) que depois de se instalarem são muito difíceis de combater. O turismo traz consigo uma cultura do consumo, da opulência e do dinheiro fácil. Portanto, todo cuidado é pouco. Sentimos esse cuidado por parte das autoridades cubanas. O próprio Fidel, nos seus artigos publicados no Jornal Granma, tem demonstrado toda preocupação com relação a isso.

Na primeira viagem que fiz a Cuba (1988) visitei, além de Havana, Matanzas, onde está localizada o famoso balneário de Varadero, hoje com vôos diretos de diversas partes do mundo para esse paraíso tropical. Fui, também, a Santa Clara, cidade histórica, berço do Programa Saúde da Família e, hoje, onde estão sepultados os restos mortais de Che Guevara, uma atração turística, carregada de emoção e história. A província de Cienfuegos, onde está localizado Sancti Spiritus, como também Trinidad, possui uma arquitetura colonial maravilhosa, merece ser visitada. É um mundo diferente da capital cubana, mesmo sem perder o espírito hospitaleiro do seu povo. Lá você encontra um modo de vida diferente. Um dia pretendo visitar Santiago de Cuba, dizem que é a mais africana e musical cidade cubana. O seu carnaval é famoso e os seus poetas também. Santiago é considerada o Berço da Revolução. Um dia eu vou lá.

Portanto, essa Cuba, cuidadosa com a sua história, moderna, hospitaleira, bela, movimentada, solidaria com os povos de todo o mundo, de um povo alegre, espirituoso, alfabetizado e politizado, a mídia não mostra. Mas essa Cuba existe e é a grande força do sistema revolucionário que governa o país há mais de 50 anos.

Antonio Capistrano – ex-reitor da Uern – filiado ao PCdoB

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