segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

Projeto petrolífero de Cuba tira o sono dos Estados Unidos!


O Blog Solidários recomenda cuidado na leitura dessa matéria! Títulos que dizem uma coisa, matéria que revela outras, uso de termos imperialistas, tal qual, embargo, etc...

O projeto de exploração de petróleo pode trazer a independência financeira a Cuba, situação que nunca foi alcançada pelo regime de Castro. Contudo, várias incertezas quanto à exploração, à segurança ambiental e aos parceiros comerciais ainda existem.
Até o final do ano, uma plataforma petrolífera de fabricação chinesa, Scarabeo 9, chegará às águas cubanas para perfurar uma série de poços de exploratórios.

Enquanto isso, um grande número de companhias petrolíferas internacionais (da Espanha, Noruega, Rússia, Índia, Vietnã, Malásia, Canadá, Angola, Venezuela e China) estão fazendo fila para alugar as instalações e começar a busca pelos consideráveis depósitos de petróleo que acreditam existir na área. Contudo, nesta extensa lista de países, não se encontra os Estados Unidos.

“Perfuraremos vários poços no próximo ano e estou seguro de que faremos descobertas. O problema não é se há petróleo, e sim quando começaremos a extraí-lo.”, diz Rafael Tenreiro, diretor de Exploração e Produção da indústria petrolífera Cupet, uma estatal cubana.


A companhia petrolífera espanhola Repsol será a primeira a começar as explorações, com um poço em águas muito profundas a apenas 80 km da costa da Flórida.

Preparem-se para um possível vazamento! 

Estes movimentos fizeram soar todos os alarmes nos Estados Unidos porque, se houvesse um acidente, as correntes oceânicas moveriam o petróleo derramado para as praias da Flórida e para o Parque Nacional Everglades (grande área subtropical preservada, também na Flórida).

Além disso, com o vigente embargo a Cuba, nem as companhias estado-unidenses, nem a Guarda Costeira poderiam oferecer ajuda ou fornecer equipamentos e produtos necessários para agir em caso de vazamento. Neste caso, os cubanos teriam que recorrer a outros países, como Noruega, Reino Unido ou Brasil.

“Se ocorresse um desastre estaríamos falando de um tempo de reação entre 4 e 6 semanas para conseguirem os equipamentos, frente às 36 à 48 horas (se a ajuda viesse dos EUA). Este é um obstáculo importante”, adverte Lee Hunt, o principal executivo da Associação de Escavação Petrolífera, com sede no Texas.

Hunt fez parte da equipe de especialistas da indústria petrolífera e de organizações ecológicas as quais o governo de Barack Obama deu autorização para que viajassem a Cuba para discutir assuntos de segurança com as autoridades de Havana.

Suavizar o embargo?

Liderando o grupo estava William Reilly, ex-dirigente da Agência de Proteção do Meio Ambiente dos Estados Unidos e co-autor do relatório governamental sobre o derramamento de petróleo no Golfo do México que ocorreu ano passado.

O acidente da plataforma petrolífera Deepwater Horizon, na costa do estado de Louisiana, causou a morte de onze trabalhadores e cinco milhões de barris de petróleo se espalharam pelo Golfo do México, fato que se converteu no maior desastre ambiental desta área.

Naquele caso, tardou-se mais de 85 dias para estancar o vazamento que ocorreu a mais de 1.600 metros abaixo da superfície. O Scarabeo 9 fará perfurações em águas ainda mais profundas.

Depois de visitar Havana, William Reilly assegurou que as autoridades cubanas levam a sério a segurança e estão conscientes sobre as melhores práticas internacionais nesse âmbito, porém, lhes falta experiência.

Para ele, os Estados Unidos deveriam colaborar com Cuba em aspectos de segurança, assim como poderiam suavizar o embargo para permitir que as companhias estado-unidenses atuassem em caso de emergência.

“É de interesse dos Estados Unidos preparar os cubanos da melhor maneira possível para assegurar que estaremos protegidos em caso de vazamento. Precisamos ter certeza”, afirma.

Esta opinião não é compartilhada pelo poderoso grupo cubano-americano de lobistas da Flórida e, com as eleições presidenciais de 2012 se aproximando, este assunto coloca Barack Obama em uma difícil posição.

Benefícios petrolíferos

Os grupos “anticastristas” querem que Washington tome medidas sobre o assunto para frear a exploração petrolífera não apenas por motivos de segurança.

Se for confirmado que Cuba possui grandes reservas de petróleo bruto, a ilha poderia ser financeiramente independente pela primeira vez desde 1959.

Durante mais de meio século, o país tem dependido amplamente de seus aliados ideológicos. Primeiro teve a ajuda da União Soviética, depois da Venezuela e, em menor medida, da China.

Até agora, a ilha havia produzido alguns pequenos depósitos na costa.

No caminho entre Havana e a praia de Varadero (Cuba), os turistas podem ver, durante alguns quilômetros, as máquinas de bombeamento de petróleo e ainda algumas de perfuração, com procedência chinesa ou canadense.

Atualmente, Cuba produz em torno de 53.000 barris de petróleo bruto diários, contudo importa outros 100.000, principalmente da Venezuela.

Todavia, suas águas estão na mesma camada geológica de territórios ricos em petróleo, como o México e o Golfo do México, nos Estados Unidos.

O pior pesadelo dos “anticastristas”

Os cálculos de quanto petróleo há nas águas territoriais cubanas variam. Uma pesquisa do Serviço Geológico dos Estados Unidos sugere que há 4.600 milhões de barris, uma cifra que Cuba aumenta para 20.000 milhões.

Porém, até as estimativas mais conservadoras colocam Cuba como uma exportadora líquida de petróleo. A grande descoberta daria ao país riquezas incalculáveis, sendo este um dos piores pesadelos dos lobistas americanos anti-Castro.

“O regime cubano em decadência busca desesperadamente uma salvação econômica e parece ter encontrado um bom parceiro na Repsol”, disse recentemente em um comunicado a congressista republicana de origem cubana e presidente do influente Comitê de Assuntos Exteriores, Ileana Ros-Lehtinen.

A congressista da Flórida e um grupo de outros 33 legisladores, tanto democratas quanto republicanos, escreveram uma carta à companhia espanhola para adverti-los de que este projeto poderia envolver “processos civis e criminais nos tribunais estado-unidenses”.

A Repsol respondeu dizendo que suas perfurações exploratórias cumprem com a legislação estado-unidense vigente, incluindo o embargo, assim como com as regulações de segurança.

A empresa também aceitou que as autoridades dos Estados Unidos fizessem uma inspeção de segurança na plataforma chinesa antes que esta entre em águas cubanas.

O começo de um longo debate

O equipamento foi montado em Cingapura (cidade-Estado insular ao norte da Indonésia) e possui uma peça americana, uma válvula que previne explosões, aproveitando-se do fato de o embargo permitir o uso de 10% da tecnologia dos Estados Unidos. Na verdade, esta peça foi a que falhou no acidente do Golfo do México.

Para Lee Hunt, o Scarbeo 9 é o último modelo de plataformas de perfuração, e já existem 6 modelos similares construídas pela mesma companhia operando atualmente em águas estado-unidenses.

Até agora, a preocupação ambiental parece estar recebendo prioridade em relação à política, e o governo dos Estados Unidos aceitará a oferta da Repsol para inspecionar o Scarabeo 9.

Além do mais, os Estados Unidos concedeu licenças a algumas companhias para que estas entrassem em águas cubanas e ajudassem em caso de vazamento.

Contudo, a luta está apenas começando, enquanto ambientalistas pedem para haver mais cooperação, os grupos cubano-americanos estão buscando uma forma de pôr obstáculos legais ao negócio.


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