quarta-feira, 29 de dezembro de 2021

As três primeiras vacinas contra Covid-19 da América Latina são cubanas

Abdala foi a 1ª vacina usada em Cuba, depois vieram Soberana 2 e Soberana Plus | Foto: CIGB Cuba 

Por José Manzaneda na Cubainformación

Lemos na mídia que a Organização Mundial da Saúde aprovou "a primeira vacina contra a Covid-19 criada na América Latina" (1). Isto é duplamente falso. 

Primeiro, porque esta vacina não é "latino-americana", mas uma versão da AstraZeneca anglo-sueca, agora fabricada por duas empresas privadas da Argentina e do México (2)

Segundo, porque não só a primeira, mas as três primeiras vacinas antivírus na América Latina são cubanas e criadas, não por empresas multinacionais, mas por laboratórios estatais na ilha: a vacina Abdala, criada pelo Centro de Engenharia Genética e Biotecnologia de Havana, assim como Soberana 02 e Soberana Plus, projetadas pelo Instituto Finlay (3). 

A aplicação em massa das três, desde julho, incluindo crianças a partir dos dois anos de idade, e seu nível de eficácia (mais de 92%) explicam porque Cuba é hoje (4) o segundo país do mundo em termos de taxas de vacinação (86% com três doses) (5), e um dos países com a menor incidência de contágio (6)

Outros países, como Venezuela, Nicarágua, Irã e Vietnã, já estão administrando vacinas cubanas (7).

Após um pico de infecções e mortes em julho (8), que foi usado pela mídia e atores políticos dos EUA para desencadear protestos na ilha (9), Cuba conseguiu controlar a pandemia, graças em grande parte às suas vacinas (10)

É verdade que a vacina da AstraZeneca seria a primeira fabricada na América Latina a ser endossada pela OMS, pois as três vacinas cubanas - que a superam em todos os índices básicos de eficácia e segurança - ainda estão em processo de avaliação, aguardando o endosso (11). 

 E mais paradoxos 

Como Cuba - segundo a própria OMS - é o país com a menor taxa de letalidade das Américas (12), metade da dos EUA, onde já morreram 800.000 pessoas (13), Washington não permite que a população cubana vacinada na ilha entre em seu território, já que só aceita vacinas endossadas pela OMS (14)

Por sua vez, a maioria dos países da UE também não aceita vacinas cubanas, chinesas ou russas. Somente as quatro fabricadas pelas multinacionais americanas (Pfizer, Moderna, Janssen e Novavax) e a empresa anglo-sueca AstraZeneca. Como resultado, três dos grandes laboratórios, Pfizer, BioNTech e Moderna, terão um lucro de US$ 34 bilhões este ano, cerca de US$ 65.000 por minuto (15)

Muitas pessoas estão se perguntando quando a OMS endossará as vacinas cubanas, das quais há atualmente três em aplicação e outras duas em desenvolvimento. Este endosso sem dúvida facilitará o seu compartilhamento com muito mais países do Sul, na África, por exemplo. Não só por seu preço, mas também por sua facilidade de transporte, já que, pelo menos no caso da Soberana 02, elas não exigem temperaturas abaixo de zero (16)

E também permitirá a Cuba obter mais receitas de exportação, essencial para um pequeno país que luta para sobreviver a um cerco econômico sem precedentes na história.


Notas:


José Manzaneda é jornalista, coordenador da TV Cubainformación. 

Tradução: Comitê Carioca.

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