Comunicado da Liga Bolchevique Internacionalista
O imperialismo ianque, através do governo
títere do Panamá, acaba de desferir mais uma provocação contra os
Estados Operário de Cuba e da Coreia do Norte. Foi sequestrado no porto
de Colón, pouco antes de entrar no Canal do Panamá, o navio cargueiro
norte-coreano Chong Chon Gang que vinha de Cuba. A embarcação, além de
10 mil toneladas de sacas de açúcar também transportava material bélico
cubano para ser reparado na Coreia do Norte, conforme prevê acordo
comercial-militar entre ambos os países. Tão logo os mísseis e radares
foram descobertos, a ONU foi acionada e o navio detido a espera de
“inspetores” das Nações Unidas, já que o governo do Panamá acusa Cuba de
fazer comércio ilegal de armas com o Estado operário norte-coreano.
Como se vê, trata-se de uma aberta provocação contra os dois Estados
Operários, já que ambos são contrários às sanções diplomáticas,
econômicas e militares que a ONU impôs à Coreia do Norte em busca de
acabar com seu programa nuclear. As restrições se intensificaram logo
depois que Pyongyang realizou seu terceiro teste nuclear em fevereiro,
quando os EUA passaram inspecionar navios norte-coreanos "suspeitos".
Nos últimos anos, diversos barcos norte-coreanos foram confiscados sob o
regime de sanções da ONU. Com a apreensão do navio e de sua carga, a
ONU também deve sancionar Cuba e aprofundar o bloqueio econômico que o
imperialismo ianque impõe há mais de 50 anos à Ilha operária. Neste
momento faz-se necessário que todas as forças políticas que se
reivindicam anti-imperialistas e governos que se proclamam solidários a
Cuba se pronunciem publicamente em defesa de Cuba e da Coreia do Norte,
pelo livre direito de comércio entre os dois países, assim como da
cooperação militar para se defender das sanhas belicistas do Pentágono!
Segundo o governo capacho do Panamá, cujo canal é de fato controlado e monitorado pelos EUA, trata-se de um carregamento militar não declarado descoberto no navio Chong Chon Gang, procedente de Cuba, detido quando se aproximava do país caribenho, vistoriado por denúncia de contrabando de drogas feito por órgão de inteligência ianque. O Ministro da Segurança do Panamá, José Raúl Mulino, deixou claro o caráter da provocação: “Estamos fazendo contatos com governos amigos que tem a capacidade tecnológica para poder examinar isso” (BBC, 18/07). Mas, desde já, ele declarou que “a embarcação contrabandeava um equipamento sofisticado de mísseis através do canal” e afirmou também que consultará a ONU para determinar a que organismo terá que entregar os prisioneiros, caso se confirme o contrabando de armas de guerra. Por sua vez, o presidente do Panamá, Ricardo Martinelli, homem de confiança da Casa Branca, fez o anúncio da detenção do barco em sua conta no Twitter. Disse que as armas “vinham escondidas em contêineres debaixo de um carregamento de açúcar”. O embaixador da Grã-Bretanha na ONU, Mark Grant, fazendo coro com as ameaças, declarou: "Graças ao bom trabalho feito pelo Panamá, o Comitê de Snações da ONU examinará o que parece ser um carregamento ilegal de armas cubanas para a RDPC (Coreia do Norte)" (Terra Notícias, 18/7).. Sanções da ONU patrocinadas pelo EUA impedem que a Coreia do Norte exporte e importe armas. No caso das importações, apenas armamentos leves são permitidos quando previamente comunicados às Nações Unidas. A tripulação do navio, que resistiu ao sequestro e invasão do navio, encontra-se presa em uma antiga base aeronaval norte-americana Sherman, que agora está sob a direção do Serviço Aeronaval do Panamá e foi também transformada em “escritório de cooperação” entre os dois países. Os armamentos, na verdade, são radares de controle de disparos RSN-75 “Fan Song”, parte de baterias de mísseis terra-ar SA2 e mísseis fabricados pela URSS na época da Guerra do Vietnã, ou seja, material bélico já ultrapassado que iria para conserto e modernização na Coreia do Norte, já que os EUA através do embargo a Cuba impede que qualquer país que tenha relações comerciais com os Estados Unidos ajude na manutenção do sistema militar cubano. O navio-cargueiro norte-coreano foi retido também em 2010 na Ucrânia. Desde esse ano é monitorado pelas agências de espionagem dos EUA em razão de uma parada que fez em Tartus, o porto sírio onde a Rússia tem uma base naval. Como se vê, trata-se de uma verdadeira caçada e perseguição que o Pentágono vem fazendo a embarcação do Estado Operário norte-coreano.
Segundo a mídia “murdochiana”, há a possibilidade de Cuba ter enviado o sistema de mísseis à Coreia do Norte para sua modernização. Nesse caso, seria provável que o sistema de mísseis estivesse sendo devolvido a Cuba e o carregamento de açúcar poderia ser parte de um pagamento pelos serviços prestados. Outra opção seria que os equipamentos poderiam ter sido enviados à Coreia do Norte para incrementar os sistemas de defesa aéreos de Pyongyang. Independente de que relação comercial-militar esteja envolvido o carregamento, defendemos incondicionalmente o direito dos dois países colaborarem para se defender das investidas do imperialismo ianque! Na noite dessa terça-feira, o ministro de Relações Exteriores de Cuba disse em comunicado que o navio levava armas obsoletas cubanas para serem consertadas na Coreia do Norte. A nota diz que Cuba reafirma seu compromisso com “a paz, o desarmamento, incluindo o desarmamento nuclear, e o respeito pelas leis internacionais” em uma clara tentativa da burocracia castrista de buscar um acordo imediato com os EUA frente à apreensão do navio. Cuba afirmou que o navio carregava 240 toneladas de “armamento de defesa obsoleto ─ dois complexos de mísseis antiaéreos, nove mísseis divididos em partes menores, dois aviões de caça MiG 21-Bis e 15 motores de MiG” e declarou ainda que “Os acordos subscritos por Cuba neste campo assentam na necessidade de manter a nossa capacidade defensiva para preservar a soberania nacional”. O comunicado cubano disse ainda que as armas haviam sido fabricadas em meados do século 20. Elas passariam por uma manutenção na Coreia do Norte e seriam levadas de volta ao país.
Apesar de todas as explicações de Cuba e da Coreia do Norte, o navio continua detido à espera da chegada de peritos das ONU para inspecionar material da era soviética transportado no meio de uma carga de açúcar! A Coreia do Norte pediu ao Panamá para deixar partir “sem demora” seu cargueiro: “A carga nada tem para além de armas obsoletas que devem ser reenviadas para Cuba depois de serem modernizadas [na Coreia do Norte], nos termos de um contrato legal”, declarou o ministério norte-coreano dos Negócios Estrangeiros, citado pela agência oficial KCNA (BBC, 18/07). Já a Coreia do Sul declarou em tom de ameaça “Se se confirmar que a carga viola as resoluções da ONU, esperamos que o comitê de sanções do Conselho de Segurança tome medidas rapidamente”. Shin In-Kyun, presidente do Korea Defence Network, um centro privado pró-imperialista de estudos sul-coreano, disse à AFP, que a Coreia do Norte tem capacidade para prestar serviços de reparação de mísseis ao estrangeiro. “Mas não podemos excluir a possibilidade da Coreia do Norte importar peças para os seus próprios mísseis da era soviética” (Idem). Frente ao impasse, defendemos a imediata liberação do cargueiro norte-coreano e direito integral de comércio e da cooperação militar entre os dois Estados operários! Apesar dos genuínos revolucionários defenderem a necessidade da revolução política para colocar à frente dos Estados operários cubano e norte-coreano o proletariado revolucionário, jamais nos somamos à sórdida e criminosa campanha da Casa Branca contra estes regimes burocratizados. Como herdeiros das lições deixadas por Trotsky, nos opomos frontalmente à frente política contrarrevolucionária comandada por Obama para estrangular os Estados operários burocratizados ainda existentes. A melhor forma de defender as massas cubanas e norte-coreanas e suas conquistas, preparando as bases da revolução política, é estabelecer uma frente única militar com os Estados operários ameaçados, chamando o proletariado a se mobilizar em todo o mundo contra o bloqueio e as sanções orquestradas por Obama e a ONU, assim como pelo legítimo direito de defesa de Cuba e da Coreia do Norte, inclusive utilizando o arsenal bélico nuclear norte-coreano para se opor as provocações imperialistas em curso.
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