Por Cida de Oliveira, da RBA
Durante visita aos senadores Pedro Taques (PDT-MT) e Jarbas
Vasconcelos (PMDB-PE) para discutir temas nacionais, no dia 16/07, em
Brasília, o tucano José Serra criticou a proposta do governo federal
para reduzir o déficit de médicos no interior do país. Segundo o jornal O Estado de S. Paulo,
o ex-ministro da Saúde de FHC, que perdeu a eleição presidencial para
Dilma Rousseff em 2010, classificou como "destemperada" e "um tiro no
pé, é um tiro de canhão, não é um tiro de revólver" a proposta do
programa Mais Médicos.
Ele não poupou críticas à contratação de médicos de fora do país e,
segundo o jornal, afirmou que "o Brasil tem o número de médicos
adequado" e que "o que tem de errado é a distribuição dos médicos pelo
país".
Enquanto ministro, José Serra pensava diferente. "Não só defendia a
entrada de médicos estrangeiros como os trouxe para diversas regiões",
disse o médico e professor de Medicina da Universidade Federal do
Tocantins (UFTO) Neilton Araujo de Oliveira. "O estado do Tocantins
recebeu mais de 100 cubanos, que depois de alguns anos tiveram o
contrato revogado por uma ação do Ministério Público."
Em janeiro de 2002, o Ministério da Saúde, juntamente com o governo
do Tocantins, firmou convênio com o Ministério da Saúde de Cuba para a
contratação de 210 médicos, 40 enfermeiros e oito técnicos cubanos para
hospitais públicos da região. O chefe da pasta era José Serra.
Segundo o jornal Folha de S. Paulo
de 26 de maio de 2003, havia 53 médicos cubanos com registro no
Conselho Regional de Medicina daquele estado, mas 150 trabalhavam sem
registro. Todos chegavam a ganhar R$ 10 mil por mês, sem concurso
público, o que teria levado o Ministério Público do Trabalho de
Tocantins a investigar as contratações.
O então secretário estadual da Saúde, Henrique Furtado, chegou a
afirmar que o convênio com Cuba foi feito porque faltam profissionais
brasileiros para trabalhar no interior. Os médicos cubanos já estavam
instalados em Tocantins antes de o convênio ter sido firmado. Ainda
segundo o jornal, desde 1998 o estado optou pela contratação desses
profissionais.
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