domingo, 27 de janeiro de 2013

José Martí e Cuba

Por Frei Betto
Fonte: O DIA

Em evento internacional sobre o equilíbrio do mundo, patrocinado pela Unesco, comemora-se em Havana, nesta última semana de janeiro, o 160º aniversário do nascimento de José Martí.

A história da América Latina é rica em líderes sociais que encarnaram, em ideias e atitudes, utopias libertárias. Raros, entretanto, aqueles que, se por milagre ressuscitassem do túmulo, se deparariam com a realização efetiva de seus sonhos e projetos.

Um deles é José Martí, que veria na Revolução Cubana que seu sacrifício não foi em vão — morreu de armas nas mãos, em 1895, defendendo a emancipação de Cuba do domínio espanhol.

Sua luta disseminou raízes que floresceram no projeto de soberania e libertação nacionais, realizado pelo povo cubano nas últimas seis décadas, sob a liderança dos irmãos Fidel e Raúl Castro. Graças a Martí, a Revolução Cubana preservou a sua cubanidade. Martí era um homem de ação. Jamais perdeu o senso crítico.

A geração de Martí assimilou as ideias iluministas sem despregar os pés do solo latino-americano. Um princípio de educação popular bem se aplica àquela geração: a cabeça pensa onde os pés pisam.

O papel de Cuba no equilíbrio da América Latina e Caribe tem raízes no século 18, quando a cultura cubana ganhou identidade e expressão. Cuba venceu o colonialismo espanhol eliminando a escravatura e assegurando a sua independência como nação. Com a vitória da Revolução, impôs limites à expansão imperialista dos EUA.

Ali ocorreu um movimento de libertação nacional que abraçou o projeto socialista. Mas o equilíbrio se manteve. Martí não foi trocado por Marx; a fé religiosa dos cubanos não foi eliminada pelo materialismo histórico e dialético.

Nenhum comentário:

Postar um comentário