sábado, 4 de fevereiro de 2012

Quarto dia em Cuba



Hoje é o primeiro dia da XVIII Brigada Sulamericana de Solidariedade a Cuba e comemorando os 50 anos da batalha de Praia Giron (Baía dos porcos) - a única derrota norte americana em solo americano. E também comemorando os 50 anos do Instituto Cubanos de Amizade aos Povos.

Busto de Antonio Mella no acampamento que recebe seu nome em Caimito há 45km de Havana
No ínicio dessa jornada foi feita uma homenagem a Antonio Mella que foi um dos fundadores do Partido Comunista Cubano (PCC) em 1925. Mella se tornou um mártir para os comunistas e lutadores da liberdade em Cuba. Além da fundação do PCC, Mella participava ativamente em ações para derrubar a ditadura e por isso teve que viver exilado no México. Em 1929 foi assassinado. A homenagem foi feita com um discurso do diretor do ICAP e com flores colocadas sobre o busto de Antonio que esta logo na entrada do acampamento, próximo ao busto do maior idealizador da independência cubana, José Marti. 


Depois fomos a sala de conferencias e teve uma palestra do prefeito da cidade. Roberto Ramos, um cubano formado em engenharia de 40 e poucos anos, com um jeito totalmente diferente do político brasileiro vestia calça jeans, sapatos pretos lisos e camisa pólo vermelha. Além de ser prefeito exerce a profissão a qual se formou. Lembrando que político em Cuba não tem salário nem benefício, pelo contrário, muitos deveres. Ele falou sobre a importância de estarmos ali e voltarmos para nossa terra e contarmos para quem conhecemos a verdade sobre as condições em que vivem os cubanos já que a grande mídia mundial só passa a imagem distorcida de Cuba com muitas mentiras. Falou sobre a população da cidade, Caimito, que tem em torno de 45 mil habitantes e a economia da cidade é movida principalmente pela agricultura. 

Após o prefeito foi a vez de um professor de filosofia e história da Universidade de Havana e especializado na história de José Marti fazer um discurso. O professor de camisa amarela, magro e baixo, aparentando uns 40 anos começou muito sério e com um ar de guerrilheiro nos chamando de “compatriotas” e claro que foi muito aplaudido. Segundo o professor o José Marti foi o único filósofo-poeta-revolucionário que já existiu. Continuou com seu discurso com uma oratória impecável lembrando Che e Fidel, emocionando a todos que estavam presentes, aclamado com gritos de Viva a Revolução, Cuba, Marti e Fidel e muitos aplausos. Para fechar a manhã com chave de ouro ainda ouvimos uma cantora da cidade. Apresentou-nos algumas canções da autoria dela e outras famosas como “Guantamera”.
Da esq. para dir.: uma das coordenadoras do acampamento, o professor de história da Universidade de Havana, a diretora do acampamento, o diretor do ICAP e a cantora local
Pela tarde, depois do almoço e um breve descanso, vimos um documentário da história do ICAP onde mostra cenas de Fidel e Che recebendo os primeiros brigadistas e ficavam por horas conversando e tirando as dúvidas sobre o país mais escondido pela grande mídia em toda a história e quando fala é somente asneira e factóide. Ao ver as imagens dos estrangeiros conversando com Che e Fidel logo nos primeiros anos da Revolução fiquei imaginando-me no lugar de algum deles e como nas cenas ficaria  compenetrado ao ouvir as palavras dos dois comandantes, num tempo onde as revoluções eram latentes no mundo inteiro e poucos conseguiram êxito como em Cuba, na verdade, só em Cuba. 

Ex-combatente cubana, a minha direita e companheiro de Minas Gerais a minha direita

Em seguida conversamos com dois ex-combatentes da Praia Giron, a única derrota norte americana na América. Os dois, hoje já velhinhos, na casa dos 80 anos mostram uma saúde de ferro e uma mente mais forte ainda nos contando com detalhes os dias em que lutaram contra os mercenários que tentaram invadir Cuba. Ambos foram lutar como voluntários, ele na frente de batalha e ela cuidando dos feridos. A batalha durou poucos dias com os mercenários rendidos ou mortos e entre eles 3 soldados da aeronáutica norte americana. Contam ainda que a presença do comandante Fidel na frente de batalha durante as operações foi vital para aumentar a confiança e o espírito de guerrilheiro.


O ex-combanente cubano que ajudou a derrotar os EUA na Praia Giron, de boné azul e companheiros brasileiros



A noite voltamos para o Hotel em que ficamos hospedados durantes os dois primeiros dias, jantamos – sobre a janta era um self service bem brasileiro com pão, margarina, arroz, feijão preto, carne moída, carne de porco preparada de vários tipos,  salada de tomate, alface, pepino, repolho e frutas de sobremesa), curtimos uma ótima noite na danceteria do hotel sempre regado a muito rum e total interação com os cubanos que estavam por lá. Não eram hospedes, mas apenas moradores da cidade e todos tem acesso livre a danceteria do hotel. As músicas eram a maioria reggaeton cubano, diferente do reggaeton porto riquenho que é mais tocado pela mídia, alguns axés brasileiros (que eles pensavam ser samba) e até um pouco do pop eletrônico. Mesmo sabendo que enfrentaríamos uma longa viagem até Moron, no estado de Ciego de Avila, ficamos na “balada” até madrugada.


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