sexta-feira, 5 de abril de 2013

Reflexões de Fidel Castro: As duas Coreias - 2008

Embaixada da Coreia do Norte em Cuba

O sociólogo argentino, Atilio Borón, em uma pequena nota em seu blog, no dia 02 de abril, nos alertou sobre os escritos do Comandante Fidel Castro sobre as Coreias. Com o título “Fidel: o que está acontecendo na Coreia?” Borón resgatou duas “reflexões” que o Comandante escreveu, em julho de 2008, e que segundo ele conservam toda sua atualidade. 

Veja versão da nota de Borón em português aqui.

Por isso o Blog Solidários publica abaixo a partir da versão oferecida pela Prensa Latina, na íntegra, estas duas reflexões: 

As duas Coreias (parte I)

"A nação coreana, com sua peculiar cultura que diferentemente de seus vizinhos chineses e japoneses, existe há três mil anos. São características típicas das sociedades dessa região asiática, incluídas a chinesa, a vietnamita e outras. Nada parecido se observa nas culturas ocidentais, algumas com menos de 250 anos.

Os japoneses tinham arrebatado da China na guerra de 1894 o controle que exercia sobre a dinastia coreana e transformaram seu território numa colônia do Japão. Por acordo entre os Estados Unidos e as autoridades coreanas, o protestantismo foi introduzido nesse país no ano 1892. Por outro lado, o catolicismo tinha penetrado igualmente nesse século através das missões. Calcula-se que atualmente na Coréia do Sul ao redor de 25 por cento da população é cristã e um número similar é budista. A filosofia de Confúcio exerceu grande influência no espírito dos coreanos, que não se caracterizam pelas práticas fanáticas da religião.

Duas importantes figuras ocuparam os primeiros planos da vida política dessa nação no século 20. Syngman Rhee, que nasce em março de 1875, e Kim Il Sung 37 anos depois, em abril de 1912. Ambas as personalidades, de diferente origem social, enfrentaram-se a partir de circunstâncias históricas alheias a elas.

Os cristãos se opunham ao sistema colonial japonês, entre eles Syngman Rhee, que era praticante ativo do protestantismo. A Coréia mudou de status: o Japão anexou seu território em 1910. Anos mais tarde, em 1919, Rhee foi nomeado Presidente do Governo Provisório no exílio, com sede em Xangai, China. Nunca empregou as armas contra os invasores. A Liga das Nações, em Genebra, não lhe prestou atenção.

O império japonês foi brutalmente repressivo com a população da Coreia. Os patriotas resistiram com as armas à política colonialista do Japão e conseguiram libertar uma pequena zona nos terrenos montanhosos do Norte, durante os últimos anos da década de 1890.

Kim Il Sung, nascido nas proximidades de Pyongyang, aos 18 anos, incorporou-se às guerrilhas comunistas coreanas que lutavam contra os japoneses. Em sua ativa vida revolucionária atingiu a chefatura política e militar dos combatentes anti-japoneses do Norte da Coréia, quando apenas tinha 33 anos de idade.

Durante a Segunda Guerra Mundial, os Estados Unidos decidiram o destino de Coréia no pós-guerra. Entraram na contenda quando foram atacados por uma criação sua, o Império do Sol Nascente, cujas herméticas portas feudais foram abertas por Comodoro Perry na primeira metade do século 19 apontando com seus canhões ao estranho país asiático que se negava a comercializar com a América do Norte.

O avantajado discípulo se transformou mais tarde em um poderoso rival, como já expliquei em outra ocasião. O Japão golpeou sucessivamente décadas mais tarde a China e a Rússia, apoderando-se adicionalmente da Coréia. Não obstante, foi astuto aliado dos vencedores na Primeira Guerra Mundial à custa da China. Acumulou forças e, transformado em uma versão asiática do nazifascismo, tentou ocupar o território da China em 1937 e atacou aos Estados Unidos em dezembro de 1941; levou a guerra ao Sudeste Asiático e à Oceania.

Os domínios coloniais da Grã-Bretanha, França, Holanda e Portugal na região estavam condenados a desaparecer e os Estados Unidos surgiam como a potência mais poderosa do planeta, resistida apenas pela União Soviética, então destruída pela Segunda Guerra Mundial e pelas inúmeras perdas materiais e humanas que lhe ocasionou o ataque nazista. A Revolução chinesa estava por concluir em 1945, quando a matança mundial cessou. O combate unitário anti-japonês ocupava então suas energias. Mao, Ho Chi Minh, Gandhi, Sukarno e outros líderes prosseguiram depois com sua luta contra a restauração da velha ordem mundial que era já insustentável.

Truman lançou contra duas cidades civis japonesas a bomba atômica, arma nova terrivelmente destrutiva de cuja existência, como se explicou, não havia informado ao aliado soviético, o país que mais contribuiu à destruição do fascismo. Nada justificava o genocídio cometido, nem sequer o fato de que a tenaz resistência japonesa tinha custado a vida de quase 15 mil soldados norte-americanos na ilha japonesa de Okinawa. Já o Japão estava derrotado e tal arma, lançada contra um objetivo militar, teria tido mais cedo ou mais tarde o mesmo efeito desmoralizador no militarismo japonês sem novas baixas para os soldados dos Estados Unidos. Foi um ato inqualificável de terror.

Os soldados soviéticos avançavam sobre a região da Manchúria e do Norte da Coréia, tal como o haviam prometido ao cessarem os combates na Europa. Os aliados tinham definido previamente até que ponto chegaria cada força. Na metade da Coreia estaria a linha divisória, eqüidistante entre o rio Yalu e o Sul da península. 

O governo norte-americano negociou com os japoneses as normas que regeriam a rendição das tropas em seu próprio território. O Japão seria ocupado pelos Estados Unidos. Na Coréia, anexada ao Japão, permanecia uma grande força do poderoso exército japonês. No Sul do Paralelo 38, limite divisório estabelecido, prevaleceriam os interesses dos Estados Unidos. Syngman Rhee, reincorporado a essa parte do território pelo governo dos Estados Unidos, foi o líder ao que apoiou, com a cooperação aberta dos japoneses. Ganhou assim as concorridas eleições de 1948. Os soldados do Exército Soviético haviam se retirado da Coreia do Norte nesse ano.

Em 25 de junho de 1950 explodiu a guerra no país. Ainda se discute quem deu o primeiro disparo, se os combatentes do Norte ou os soldados norte-americanos que estavam de guarda junto aos soldados recrutados por Rhee. A discussão carece de sentido se for analisada do ângulo coreano. Os combatentes de Kim Il Sung lutaram contra os japoneses pela libertação de toda a Coréia. Suas forças avançaram incontidas até as proximidades do extremo Sul, onde os ianques se defendiam com o apoio em massa de seus aviões de ataque. Seul e outras cidades tinham sido ocupadas. McArthur, chefe das forças norte-americanas do Pacífico, decidiu ordenar um desembarque da infantaria de Marinha por Incheon, na retaguarda das forças do Norte, que estas não podiam já contra-arrestar. 

Pyongyang caiu nas mãos das forças ianques, precedidas por devastadores ataques aéreos. Isso impulsionou a idéia por parte do comando militar norte-americano no Pacífico de ocupar toda a Coréia, já que o Exército de Libertação Popular da China, dirigido por Mao Tsé-Tung, tinha infligido uma derrota esmagadora às forças pró-ianques de Chiang Kai-shek, abastecidas e apoiadas pelos Estados Unidos. Todo o território continental e marítimo desse grande país tinha sido recuperado, com exceção de Taipei e algumas outras pequenas ilhas próximas onde se refugiaram as forças do Kuomintang, transportadas por naves da Sexta Frota.

A história do ocorrido então se conhece bem hoje. Não podemos esquecer que Boris Yeltsin entregou a Washington, entre outras coisas, os arquivos da União Soviética.

O que fizeram os Estados Unidos quando explodiu o conflito praticamente inevitável sob as premissas criadas na Coréia? Apresentou a parte norte desse país como agressora. O Conselho de Segurança da recém criada Organização das Nações Unidas, promovida pelas potências vencedoras da Segunda Guerra Mundial, aprovou a resolução sem que um dos cinco membros pudesse vetá-la. 

Nesses precisos meses, a URSS havia se manifestado desconforme com a exclusão da China no Conselho de Segurança, onde os Estados Unidos reconheciam Chiang Kai-shek, com menos de 0,3 por cento do território nacional e menos de 2 por cento da população, como membro do Conselho de Segurança com direito ao veto. Tal arbitrariedade conduziu à ausência do delegado russo, em conseqüência do qual se produziu o acordo desse Conselho dando à guerra o caráter de uma ação militar da ONU contra o suposto agressor: a República Popular da Coreia. 

A China, alheia por completo ao conflito, que afetava sua luta inconclusa pela libertação total do país, viu pairar a ameaça direta contra seu próprio território, o que era inaceitável para sua segurança. Segundo dados publicados, enviou ao premiê Zhou Enlai para Moscou, para expressar a Stalin seu ponto de vista sobre o inadmissível que era a presença de forças da ONU sob o comando dos Estados Unidos nas ribeiras do rio Yalu, que delimita a fronteira da Coréia com a China, e lhe solicitar a cooperação soviética. Não existiam então contradições profundas entre os dois gigantes socialistas.

O contragolpe chinês afirma-se que estava planejado para 13 de outubro e Mao o postergou para o dia 19, esperando a resposta soviética. Era o máximo que podia estendê-lo.

Penso em concluir esta reflexão na próxima sexta-feira. É um tema complexo e trabalhoso, que demanda cuidado especial e os dados mais precisos possíveis. São fatos históricos que devem ser conhecidos e recordados".

Fidel Castro Ruz, Havana, 22 de julho de 2008, 21h22.

As duas Coreias (parte II)

''Em 19 de outubro de 1950 mais de 400 mil combatentes voluntários chineses, cumprindo as instruções de Mao Tsé-Tung, cruzaram o Yalu e foram ao encontro das tropas dos Estados Unidos que avançavam para a fronteira chinesa. As unidades norte-americanas, surpreendidas pela enérgica ação do país que tinham subestimado, viram-se obrigadas a retroceder até as proximidades da costa sul, devido ao empurre das forças combinadas de chineses e coreanos do Norte. Stalin, que era sumamente cauteloso, prestou uma cooperação muito menor que a esperada por Mao, ainda que valiosa, mediante o envio de aviões MiG-15 com pilotos soviéticos, numa frente limitada de 98 quilômetros, que na etapa inicial protegeram às forças de terra em seu intrépido avanço. Pyongyang foi de novo recuperada e Seul ocupada outra vez, desafiando o incessante ataque da força aérea dos Estados Unidos, a mais poderosa que já existiu.

MacArthur estava ansioso para atacar a China com o emprego das armas atômicas. Demandou seu uso depois da humilhante derrota sofrida. O presidente Truman viu-se obrigado a substituí-lo do comando e nomear ao general Matthews Ridgway como chefe das forças de ar, mar e terra dos Estados Unidos no cenário de operações. Na aventura imperialista da Coréia participaram, junto aos Estados Unidos, o Reino Unido, França, Países Baixos, Bélgica, Luxemburgo, Grécia, Canadá, Turquia, Etiópia, África do Sul, Filipinas, Austrália, Nova Zelândia, Tailândia e Colômbia. Este país foi o único participante pela América Latina, sob o governo unitário do conservador Laureano Gómez, responsável por matanças em massa de camponeses. Com ela, como se viu, participaram a Etiópia de Haile Selassie, onde ainda existia a escravidão, e a África do Sul governada pelos racistas brancos.

Fazia apenas cinco anos que a matança mundial iniciada em setembro de 1939 havia terminado, em agosto de 1945. Após sangrentos combates no território coreano, o Paralelo 38 voltou a ser o limite entre o Norte e o Sul. Calcula-se que morreram nessa guerra cerca de dois milhões de coreanos do Norte, entre meio milhão ou um milhão de chineses e mais de um milhão de soldados aliados. Por parte dos Estados Unidos perderam a vida ao redor de 44 mil soldados; não poucos deles eram nascidos em Porto Rico ou outros países latino-americanos, recrutados para participar em uma guerra à que os levou a condição de imigrantes pobres.

O Japão obteve grandes vantagens dessa contenda; em um ano, a manufatura cresceu 50%, e em dois recuperou a produção que tinha antes da guerra. Não mudou, no entanto, a percepção dos genocídios cometidos pelas tropas imperiais na China e Coréia. Os governos do Japão renderam culto aos atos genocidas de seus soldados, que na China tinham violentado a dezenas de milhares de mulheres e assassinado brutalmente a centenas de milhares de pessoas, como já se explicou numa reflexão. Sumamente trabalhadores e tenazes, os japoneses transformaram seu país, desprovido de petróleo e outras matérias primas importantes, na segunda potência econômica do mundo.

O PIB do Japão, medido em termos capitalistas — ainda que os dados variam segundo as fontes ocidentais —, ascende hoje a mais de 4,5 trilhões de dólares, e suas reservas em divisas atingem mais de um trilhão. É ainda o dobro do PIB da China, 2,2 trilhões, ainda que esta possua 50% a mais de reservas em moeda conversível que esse país. O PIB dos Estados Unidos, 12,4 trilhões, com 34,6 vezes mais território e 2,3 vezes mais população, é apenas três vezes maior que o do Japão. Seu governo é hoje um dos principais aliados do imperialismo, quando este se encontra ameaçado pela recessão econômica e as armas sofisticadas da superpotência se esgrimem contra a segurança da espécie humana.

São lições inapagáveis da história.

A guerra, por sua vez, afetou consideravelmente a China. Truman deu ordens à 6.ª Frota de impedir o desembarque das forças revolucionárias chinesas que culminariam a libertação total do país com a recuperação de 0,3 por cento de seu território, que havia sido ocupado pelo resto das forças pró ianques de Chiang Kai-shek que para ali fugiram.

As relações sino-soviéticas se deterioraram depois, após a morte de Stalin, em março de 1953. O movimento revolucionário dividiu-se em quase todos os lugares. O apelo dramático de Ho Chi Minh deixou registro do estrago ocasionado, e o imperialismo, com seu enorme aparelho midiático, atiçou o fogo do extremismo dos falsos teóricos revolucionários, um tema no qual os órgãos de inteligência dos Estados Unidos se transformaram em especialistas.

À Coréia do Norte lhe correspondeu, na arbitrária divisão, a parte mais acidentada do país. Cada grama de alimento tinha que ser obtida a custa de suor e sacrifício. De Pyongyang, a capital, não restou pedra sobre pedra. Um número elevado de feridos e mutilados de guerra tinha que ser atendido. Estavam bloqueados e sem recursos. A URSS e os demais Estados do campo socialista se reconstruíam.

Quando cheguei em 7 de março de 1986 à República Popular Democrática da Coréia, quase 33 anos após a destruição deixada pela guerra, era difícil acreditar o que ali havia acontecido. Aquele povo heróico tinha construído uma infinidade de obras: grandes e pequenas represas e canais para acumular água, produzir eletricidade, abastecer cidades e regar os campos; termoelétricas, importantes indústrias mecânicas e de outros ramos, muitas delas debaixo da terra, encravadas nas profundidades das rochas a base de trabalho duro e metódico. 

Por falta de cobre e alumínio, viram-se obrigados a utilizar inclusive ferro em linhas de transmissão devoradoras de energia elétrica, que em parte procedia da hulha. A capital e outras cidades arrasadas foram construídas metro a metro. Calculei milhões de moradias novas em áreas urbanas e rurais e dezenas de milhares de instalações de serviços de todo o tipo. Infinitas horas de trabalho estavam transformadas em pedra, cimento, aço, madeira, produtos sintéticos e equipamentos. As plantações que pude observar, onde quer que tenha ido, pareciam jardins. Um povo bem vestido, organizado e entusiasmado estava em todos os lugares, recebendo ao visitante. Merecia a cooperação e a paz.

Não houve tema que não fosse discutido com meu ilustre anfitrião Kim Il Sung. Não o esquecerei.

A Coréia ficou dividida em duas partes por uma linha imaginária. O Sul viveu uma experiência diferente. Era a parte mais povoada e sofreu menos destruição naquela guerra. A presença de uma enorme força militar estrangeira requeria o fornecimento de produtos locais manufaturados e outros, que iam desde o artesanato até as frutas e vegetais frescos, além dos serviços. Os gastos militares dos aliados eram enormes. O mesmo ocorreu quando os Estados Unidos decidiu manter indefinidamente uma grande força militar. 

As multinacionais do Ocidente e do Japão investiram nos anos da Guerra Fria quantias consideráveis, extraindo riquezas sem limites do suor dos sul-coreanos, um povo igualmente trabalhador e abnegado como seus irmãos do Norte. Os grandes mercados do mundo estiveram abertos aos seus produtos. Não estavam bloqueados. Hoje o país atinge elevados níveis de tecnologia e produtividade. Sofreu as crises econômicas do Ocidente, que permitiram a aquisição de muitas empresas sul-coreanas pelas transnacionais. O caráter austero de seu povo permitiu ao Estado a acumulação de importantes reservas em divisas. Hoje suporta a depressão econômica dos Estados Unidos, em especial os elevados preços de combustíveis e alimentos, e as pressões inflacionárias derivadas de ambos.

O PIB da Coréia do Sul, 787 bilhões 600 milhões de dólares, assim como o do Brasil (796 bilhões) e México (768 bilhões), ambos com abundantes recursos de hidrocarbonetos e populações incomparavelmente maiores. O imperialismo impôs às mencionadas nações seu sistema. Dois ficaram para trás; a outra avançou bem mais.

Da Coréia do Sul mal emigram ao Ocidente; do México, o fazem em massa para o atual território dos Estados Unidos; do Brasil, América do Sul e América Central, a todos os lugares, atraídos pela necessidade de emprego e pela propaganda consumista. Agora são retribuídos com normas rigorosas e depreciativas.

A posição de princípios sobre as armas nucleares subscrita por Cuba no Movimento de Países Não Alinhados, ratificada na Conferência Cúpula de Havana em agosto de 2006, é conhecida.

Saudei pela primeira vez ao atual líder da República Popular Democrática da Coréia, Kim Jong Il, quando cheguei ao aeroporto de Pyongyang e ele estava discretamente situado a um lado do tapete vermelho próximo ao seu pai. Cuba mantém com seu governo excelentes relações.

Ao desaparecer a URSS e o campo socialista, a República Popular Democrática da Coreia perdeu importantes mercados e fontes de fornecimentos de petróleo, matérias primas e equipamentos. Assim como para nós, as conseqüências foram muito duras. O progresso atingido com grandes sacrifícios viu-se ameaçado. Apesar disso, mostraram a capacidade de produzir a arma nuclear.

Quando se aconteceu ao redor de um ano o ensaio pertinente, transmitimos ao Governo da Coréia do Norte nossos pontos de vista sobre o estrago que isso poderia ocasionar aos países pobres do Terceiro Mundo que travavam uma luta desigual e difícil contra os planos do imperialismo em uma hora decisiva para o mundo. Talvez não fosse necessário fazê-lo. Kim Jong Il, já chegado a esse ponto, havia decidido de antemão o que devia fazer, tomando em conta os fatores geográficos e estratégicos da região.

Satisfaz-nos a declaração da Coréia do Norte sobre a disposição de suspender seu programa de armas nucleares. Isto não tem nada que ver com os crimes e chantagens de Bush, que agora se gaba da declaração coreana como sucesso de sua política de genocídio. O gesto da Coréia do Norte não era para o governo dos Estados Unidos, ante o qual não cedeu jamais, senão para a China, país vizinho e amigo, cuja segurança e desenvolvimento é vital para os dois Estados.

Aos países do Terceiro Mundo interessa-lhes a amizade e cooperação entre a China e ambas as partes da Coréia, cuja união não tem que ser necessariamente uma a custa da outra, como ocorreu na Alemanha, hoje aliada dos Estados Unidos na OTAN. Passo a passo, sem pressa, mas sem trégua, como corresponde a sua cultura e a sua história, continuarão sendo tecidos os laços que unirão às duas Coreias. Com a do Sul desenvolvemos progressivamente nossos vínculos; com a do Norte existiram sempre e os continuaremos fortalecendo.''

Fidel Castro Ruz, Havana, 24 de julho de 2008, 18h18.

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