sábado, 6 de abril de 2013

"A revolução segue sem Fidel", diz filha de Raúl Castro

Do Zero Hora (cuidado ao ler)
Sexóloga cubana Mariela Castro participa de seminário sobre educação sexual em Porto Alegre
Depois de cancelar duas agendas com a imprensa, a sexóloga Mariela Castro, 50 anos, filha de Raúl Castro e sobrinha de Fidel, finalmente concordou em falar com um grupo de jornalistas. E falou sobre tudo.

Antes de entrar no auditório do Ministério Público, na Capital, para o Seminário Internacional Educação e Saúde Sexual, na tarde de ontem, ela contrariou a tendência anunciada pelos organizadores de não responder a perguntas sem relação com o tema da palestra. Dizia-se até que o governador Tarso Genro, com quem Mariela almoçou no Palácio Piratini, estaria intercedendo para que ela atendesse aos jornalistas.

O que se viu na coletiva improvisada foi uma mulher falante, às vezes prolixa, com um discurso libertador, mas sempre em defesa da revolução socialista. Não titubeou em nenhuma resposta. Sequer fugiu da pergunta classificada por ela mesma como "histórica": como está Cuba sem Fidel?

— Tampouco nós sabíamos como seria, mas estamos passando e a Revolução segue adiante. O povo cubano está mostrando sua força e sua capacidade democrática — disse.

Mariela falou que a família Castro é "participante" de um processo democrático e que o tio sempre reconheceu que havia se inspirado em mártires que fizeram a revolução como um "processo de continuidade histórica". Segundo ela, há muitos jovens que estão "construindo novas ideias para o socialismo".

— Temos um povo com consciência política, e por isso a revolução pode estar sem Fidel, como a Venezuela agora pode estar sem Hugo Chávez — comparou, em referência ao presidente venezuelano, morto em março.

Apesar de ter falado sobre Fidel, por outro lado, Mariela evitou emitir opiniões sobre a oposição da blogueira Yoani Sánchez ao regime.

— Pergunte a ela e tire suas próprias conclusões — sugeriu.

Liberdade sexual como forma de "emancipação"

Presidente do Centro Nacional de Educação Sexual de Cuba (Cenesex), a sexóloga vê a educação sexual como "um processo emancipador da pessoa". Como deputada, ela pretende lutar pela aprovação de uma lei que permita a união homoafetiva no país.

— Usamos a sexualidade como pretexto para trabalhar outros princípios de cidadania, porque a uma revolução socialista não basta que se proponha a superar determinadas formas de discriminação, se não visualizar outras que a cultura espanhola, colonial e patriarcal foram impondo — defendeu.

Questionada sobre a emancipação do cidadão cubano em outras esferas, no entanto, Mariela sustentou que a história de Cuba, que saiu de um sistema de opressão, com uma sucessão de ditaduras até a revolução socialista, gerou esse sistema de "defesa" que levou ao fechamento do país.

— Para proteger-se não se pode sempre estar violando uma liberdade, mas isso é um aprendizado. Estamos num processo de transição socialista — justificou.

Na manhã de ontem, Mariela Castro visitou o Hospital Fêmina, onde conheceu o trabalho realizado com gestantes portadoras de HIV. Hoje, ela ainda fará um workshop sobre saúde e sexualidade para gestores públicos, no Memorial do Rio Grande do Sul.

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