terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

Como nos informam sobre um desabamento em Cuba e em outro país



Por José Manzaneda no Cubainformación

No dia 17 de janeiro, um desabamento em um edifício de Havana (Cuba) provocou 4 mortos (1). Dias mais tarde, no dia 25 de janeiro, 17 pessoas morreram no desabamento de três edifícios conjugados no Rio de Janeiro, Brasil (2). Diversos foram os enfoques que os grandes meios de comunicação deram sobre esses fatos.

Na informação sobre o acidente de Havana, todas as notas das grandes agências e notícias de televisão e imprensa relacionavam o fato com a situação geral das moradias na Ilha. A nota da agência espanhola EFE, por exempo, reproduzida por dezenas de jornais, menciona "a escassez e a degradação das moradias é um dos problemas sociais e econômicos em Cuba" (3). Ninguém pode negar a gravidade do problema da moradia nesse país, nem a pertinência de mencioná-lo na notícia. (4).

Mas não deixa de ser curioso que a agência só considere oportuno fazer isso na informação sobre Cuba, e não sobre a do Brasil. No canal EFE, sobre o desabamento no Rio de Janeiro que, recordemos, causou quatro vezes mais mortes do que o de Havana, não se menciona nenhuma vez o grave problema da moradia no país rico em recursos da América do Sul, ou a má qualidade da construção de muitos dos edifícios, produto da ambição empresarial própria do sistema capitalista (5).


Por outro lado, se os meios consideram adequado mencionar a situação geral da moradia em Cuba, não se entende que nenhum dos grandes meios mencione, nenhuma vez, o bloqueio econômico, financeiro e comercial que sofre este país, e que é uma das causas principais da escassez dos materiais de construção (6).

Para as notícias sobre o acontecimento no Rio de Janeiro, as agências e os grandes meios internacionais reproduziam, na sua maioria, informação e opiniões de fontes oficiais do país: a Defesa Civil regional, o prefeito do Rio de Janeiro, o Departamento de Bem-estar Social e os porta-vozes do Corpo de Bombeiros (7).

As principais agências não incluíam nenhuma opinião ou informação de fontes não-oficiais. Nas de Cuba, entretanto, em sua grande maioria, era reproduzido o relato, carregado de ataques diretos ao governo da Ilha, de representantes da chamada "dissidência" cubana e seus órgãos de imprensa (8). A cadeia norte-americana de televisão CNN, por exemplo, mantinha uma conversa telefônica de quase 10 minutos com Yoani Sánchez, dona de um blog com comprovadas conexões com o Governo dos Estados Unidos, que narrava o triste sucesso no habitual tom demagógico e apocalíptico (9).

Podemos realizar esta análise da dupla moral dos meios de comunicação quase todos os dias, sobre qualquer tema (10). Porque para as empresas que selecionam e adaptam a informação que chega ao grande público, a vida das pessoas tem um valor diferente, segundo se encaixem ou não no consenso ideológico legitimador do sistema e, portanto, segundo o país onde vivam e morram.

Notas:












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