Médicos cubanos são recebidos com festa em BH | Foto: Pedro Ângelo/G1 |
Em primeiro lugar gostaríamos de ressaltar o momento que vivemos na América Latina, com uma hostilidade crescente por parte do governo dos EUA em relação aos países da região que tenham políticas progressistas e de apoio às liberdades democráticas e do bem estar de suas respectivas populações. Esses países têm por semelhanças episódios de golpes, de lawfare ou outros formas de usurpação de poderes e direitos. Seus governantes ou golpistas agem de modo subserviente ao império, com as mesmas características e os mesmos absurdos.
Neste sentido deixamos aqui nossa indignação com os atuais ‘mentores’ do governo brasileiro em relação ao programa de assistência médica (denominado Mais Médicos) que desmontou sua estrutura. Após ofender o grupo de médicos cubanos que aqui atuava, o governo rescindiu um contrato legal e legítimo entre o Brasil e a OPAS (Organização Panamericana de Saúde – setor da OMS) que chegou a contar com mais de 14.000 médicos cubanos no território nacional.
A inadmissível grosseria praticada pelo atual ocupante do Palácio do Planalto de ofensas à formação daqueles médicos em Cuba, não possui paralelo na história das relações exteriores brasileiras que sempre se pautou pelo respeito e boa convivência entre os países com os quais mantém relações diplomáticas.
Além disso, e talvez mais deprimente, foi a situação em que ficou exposta grande parte da população humilde do Brasil, uma vez que os médicos cubanos atendiam principalmente locais distantes, sem estrutura básica, de alta periculosidade, enfim, territórios onde a maioria dos doutores brasileiros não atuava. Essa população hipossuficiente voltou a se ver abandonada de qualquer assistência médica. São espaços brasileiros de difícil acesso, onde se morre sem conseguir chegar a um posto de saúde.
É fato que o mundo admira a medicina cubana, a formação de alto nível, a taxa de mortalidade infantil mais baixa das Américas, o atendimento gratuito e universal aos seus cidadãos, as inovações em medicamentos, em técnicas médicas e, acima de tudo a formação humanista que lhes é ensinada na graduação desde sempre. Não há como esconder ou caluniar estas verdades que todos conhecem. Os números demonstram, os brasileiros perceberam. Os médicos cubanos que daqui tiveram que sair deixaram não somente um vazio em suas funções; também aqui fizeram amigos, irmãos que sentem a falta de sua presença não só profissional mas também como amigos. Isso nenhum governo vai conseguir apagar.
É inconcebível que um governo não se preocupe com seus governados. Qualquer cidadão brasileiro sabia que se esses médicos fossem embora, ninguém os substituiria.
A explicação para tal maliciosa medida está no fato da submissão do governo ao governo norte-americano e sua obsessão por destruir Cuba. As campanhas feitas pelo império – a começar pelo bloqueio genocida – são para isolar Cuba, asfixiar o povo cubano, proibir as relações normais com outros países, difamar tudo que se relaciona a Cuba mesmo que à custa do sofrimento dos povos de nossa região (cubano, brasileiro,
boliviano, venezuelano, etc).
Comitê Carioca de Solidariedade a Cuba |
Sabemos que o que move o império e seus vassalos é o medo. Medo dos demais países perceberem que OUTRO MUNDO É POSSÍVEL. E NECESSÁRIO. Sabemos que o medo é de que a consciência política dos povos se eleve e perceba como ser cubano é ser diferente. E o porquê disso. Por isso esses (des) governos quando atacam Cuba falam exatamente o que fazem: que os cubanos estão nestes países para “se intrometer nos governos” “para insuflarem o povo” (quando na verdade, não há ‘infiltrados’ e sim uma indignação nas ruas contra as medidas....neoliberais).
Não aceitamos como brasileiros e brasileiras as medidas tomadas em relação a Cuba, as ofensas, a ingratidão, a desumanidade para com nossos concidadãos nem tampouco as agressões de que foram vítimas os médicos e o próprio povo cubano.
Respeito é o mínimo que se espera de um país para com outro. O resto é demagogia, mentira e uma vergonhosa subserviência que nos constrange como civilização.
26 de janeiro de 2020
Comitê Carioca de Solidariedade a Cuba
Rio de Janeiro.
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