domingo, 17 de setembro de 2023

G-77 em Havana: Lula condena o bloqueio dos EUA contra Cuba

Presidente Lula e presidente de Cuba, Díaz-Canel, em Havana | Foto: Presidência de Cuba

Por Sturt Silva 

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) criticou neste sábado (16) as sanções impostas pelos Estados Unidos contra Cuba, defendeu a reformulação do sistema de governança global e também questionou as empresas de tecnologia. A fala ocorreu durante a cúpula do G77+China, que ocorre em Havana, capital cubana, e é o maior evento de países do Sul Global dentro da Organização das Nações Unidas (ONU).

Lula discursa na Cúpula do G-77 + China em Cuba | Foto: Canal Gov

“É de especial significado que, nesse momento de grandes transformações geopolíticas essa cúpula seja realizada aqui em Havana. Cuba tem sido defensora de uma governança global mais justa e até é vítima de um embargo econômico ilegal. O Brasil é contra qualquer medida coercitiva de caráter unilateral. Rechaçamos a inclusão de Cuba na lista de Estados patrocinadores do terrorismo”, destacou o petista.

O país que mantém uma proibição de fazer negócios com a ilha socialista desde 1962 são os Estados Unidos. Além disso, a Casa Branca também coloca Cuba na lista de países "patrocinadores do terrorismo", medida adotada pelo então presidente Donald Trump. Havana diz que o bloqueio já causou um prejuízo superior a US$ 140 bilhões e a Assembleia-Geral da ONU costuma votar desde 1992 uma resolução condenando a proibição do comércio entre EUA e Cuba. 

Encontro com Díaz-Canel e Raúl Castro

Lula aproveitou a cúpula para reunir com o presidente de Cuba, Miguel Díaz-Canel, e com o ex-presidente Raúl Castro (2006-2018).

A reunião com o mandatário cubano ocorreu no Palácio da Revolução - sede da Presidência cubana - e durou pouco mais de uma hora. Este é o terceiro encontro entre os dois presidentes neste ano. O primeiro foi na cúpula da Celac em janeiro. O segundo encontro foi em Paris, em junho, depois que os dois presidentes visitaram o Papa Francisco.  

Essa é a primeira viagem oficial de um presidente brasileiro a Cuba em nove anos. A delegação oficial que viajou a Cuba incluiu os ministros Paulo Teixeira (Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar), Luciana Santos (Ciência e Tecnologia) e Nísia Trindade (Saúde), entre outros.

Após a reunião, Lula aproveitou a oportunidade para visitar Raúl Castro, líder histórico da Revolução Cubana. O encontro foi realizado na casa do ex-presidente e durou cerca de 30 minutos.

Acordos entre Brasil e Cuba

Também foram assinados três acordos entre os dois governos nas áreas da saúde, agricultura, ciência e tecnologia.  

Na área da saúde, foi assinado um protocolo de cooperação que prevê o intercâmbio de tecnologias e conhecimentos. O protocolo contempla uma série de temas, tais como: doenças crônicas, desenvolvimento de vacinas, biotecnologia e biodiversidade, doenças transmissíveis etc. Dessa forma, além do desenvolvimento de produtos inovadores, os países buscam a promoção de parcerias públicas e público-privadas.

Além disso, está prevista uma parceria entre instituições estatais de ambos os países – a brasileira Fiocruz e a cubana Biofarma. Dessa forma, dois medicamentos desenvolvidos em Cuba serão transferidos para a produção nacional: o NeuroEpo, usado para retardar os efeitos do mal de Alzheimer e a Eritropoietina, usada para tratar anemia decorrente de insuficiência renal. Também é usada para tratar leucemia e outras doenças. 

"A importância desse acordo é que o Brasil se beneficia do conhecimento de ponta que Cuba desenvolveu em anos de investimento nessa área", explicou a ministra da Saúde, Nísia Trindade. "Nesse desenvolvimento conjunto, o Brasil traz sua experiência em pesquisa clínica e sua capacidade de produção em escala, em laboratórios públicos e privados". 

Além disso, foram assinados mais dois acordos. Na área de Ciência e Tecnologia, foi acordada a retomada da cooperação iniciada em 2002. Foram definidos como prioritários os temas relacionados à biotecnologia, energias renováveis, soberania e segurança alimentar, entre outros.

Na área agrícola, também foram definidas iniciativas de intercâmbio e cooperação tecnológica. Isso é particularmente benéfico para Cuba, que viu sua capacidade de produção de alimentos diminuir nos últimos anos.

 

Com informações do Brasil de Fato

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