Por Pedro de la Hoz no Granma
Fidel com Guevara, quando lhe entregaram o título de Doutor Honoris Causa, pelo Instituto Superior de Arte, em 1994. |
Alfredo Guevara, fundador do cinema cubano da Revolução e um dos principais promotores do Novo Cinema Latino-Americano, morreu em Havana na sexta-feira, aos 87 anos, como consequência de uma doença cardíaca agravada nas últimas semanas.
Poderia ter sido exclusivamente um homem de cinema e isso lhe bastaria para figurar entre as personalidades de maior relevo na cultura cubana ao longo do século 20. Mas também foi um homem da política, um defensor e difusor infatigável das ideias socialistas, um combatente leal e lúcido, comprometido entranhavelmente com o pensamento e a ação de quem foi para ele, do mesmo momento em que o conheceu nos prédios universitários, seu guia e paradigma, Fidel Castro.
Amador e conhecedor da chamada sétima arte, da qual foi promotor na Sociedade Cultural Nosso Tempo, Guevara compartilhou com Julio García Espinosa e Tomás Gutiérrez Alea os avatares da filmação de El mégano, filme sequestrado pela tirania perante sua forte carga de denuncia social.
Poderia ter sido exclusivamente um homem de cinema e isso lhe bastaria para figurar entre as personalidades de maior relevo na cultura cubana ao longo do século 20. Mas também foi um homem da política, um defensor e difusor infatigável das ideias socialistas, um combatente leal e lúcido, comprometido entranhavelmente com o pensamento e a ação de quem foi para ele, do mesmo momento em que o conheceu nos prédios universitários, seu guia e paradigma, Fidel Castro.
Amador e conhecedor da chamada sétima arte, da qual foi promotor na Sociedade Cultural Nosso Tempo, Guevara compartilhou com Julio García Espinosa e Tomás Gutiérrez Alea os avatares da filmação de El mégano, filme sequestrado pela tirania perante sua forte carga de denuncia social.
Por sua implicação no movimento antiditatorial e em tarefas insurrecionais foi perseguido e preso várias vezes.
No exílio mexicano foi assistente de direção de Luis Buñuel. Ao triunfo da Revolução, envolvido da importância da cultura no processo que se iniciava, recebeu a tarefa de fundar o Instituto Cubano da Arte e Indústria Cinematográficas (Icaic), organismo que dirigiu durante duas etapas.
Desde então pôs todo seu empenho no desenvolvimento duma filmografia nacional marcada por um duplo compromisso com a Revolução e a arte, a criação do Noticiário Icaic, a procura e formação de novos públicos (um exemplo, o cinema móvel em campos e montanhas), o estímulo dos debates teóricos entre os realizadores e a integração do movimento artístico e intelectual ao cinema (sirvam de exemplos, o impulso ao cartaz e à nova trova).
Vinculado ao Novo Cinema Latino-Americano desde seu ponto de partida na década de 1960, fundou em 1979 o Festival de Havana e colaborou com a fundação da Escola de Cinema e TV de San Antonio de los Baños. Do Icaic ofereceu um apoio decisivo a dezenas de cineastas do continente.
Participou ativamente nos Congressos da União dos Escritores e Artistas de Cuba (Uneac) e nos últimos tempos dialogou e teve debates com jovens intelectuais e artistas em universidades e na Associação Hermanos Saíz. Também foi deputado à Assembleia Nacional do Poder Popular e durante uma década embaixador de Cuba perante a Unesco.
De notável valor são os projetos editoriais que levou a cabo, entre eles as compilações de ensaios, artigos e cartas Tiempo de fundación, Y si fuera una huella e Revolución es lucidez, e o epistolário cruzado com o italiano Cesare Zavattini.
Foi o primeiro a merecer o Prêmio Nacional de Cinema. Recebeu a Ordem Félix Varela de Primeiro Grau, e em março de 2009, a Ordem José Martí, a mais alta distinção do Estado cubano, das mãos do general-de-exército Raúl Castro.
Por decisão própria seus restos mortais foram cremados e as cinzas espalhadas nas escadas da Universidade de Havana.
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