terça-feira, 2 de outubro de 2012

Qual é a tua, JUVENTUDE CUBANA?*

A juventude cubana aborrecida?
Por Rouslyn Navia Jordán

Fonte e tradução: TUDO PARA MINHA CUBA
Adaptação: Solidários.
Original completo em espanhol em Rouslyn´s Blog


A Juventude cubana, durante muitos anos, vem sendo objeto da atividade subversiva dos inimigos da revolução. Alguns a pintam como um segmento da população que se distanciou, emocionalmente e ideologicamente, da chamada geração histórica. De nosso próprio solo e desde o exterior, mercenários a serviço de Washington querem torná-la, ao olhar dos demais, apática e desinteressada pelos destinos de Cuba.

E, então, eu saio às ruas da cidade para tomar o pulso da vida; respirar a atmosfera que me circunda todos os dias; para ver se eu encontro aqueles desiludidos e decepcionados do "malvado regime totalitário"; garotos que não gostam do sistema político atual e eles preferem lançar-se em jangadas, correndo o risco de vida, ante serem sujeitos da “opressão e falta de democracia” em sua terra natal. E enquanto eu ando com cuidado, não consigo encontrar o que procuro.


Enquanto eu estou em busca de caras tristes e aborrecidas, encontro adolescentes da Secundária Básica (1), quando estão voltando para suas casas à noite, no final das aulas. Os garotos apostam corrida, com seus uniformes branco e mostarda desarrumados.

Um deles faz uma piada um pouco obscena, mas não me escandalizo, eu sei que eles estão em “edad de la peseta”, como dizem os idosos e que agora começam a se sentir curiosos sobre a sexualidade.

...

Eu sigo o meu caminho, “talvez mais tarde, eu tropece nesses jovens, que com sentimento desesperado, que sentem que a Ilha os asfixia”. Porém, de repente, encontro uma de minhas melhores amigas e sem tempo para nada, assim de supetão, anuncia a boa notícia que está grávida de cinco semanas e meia. Ela está feliz, seu primeiro filho. Logo começa a dizer-me que Javier já está buscando melhorar seu quarto, que é pequeno, para expandi-lo um pouco, agora que vai ter um novo membro na família.

...

Embora as dificuldades, a vejo feliz, não anda pensando em emigrar para garantir o proclamado futuro capitalista ao seu bebê.

...

Aproximo-me do parque. Vejo lá alguns estudantes da Universidade esperando ônibus. Um deles está sentado, concentrado na música que ouve com o Ipod. Eu me sento ao seu lado, também para esperar o ônibus, e fico curiosa para saber qual suas preferências: será rock? Gosta de Reggaeton, como tantos de sua geração?

Optou por este último, hoje em dia isto é mais provável. Perco o interesse por um instante: eu não suporto o Reggaeton.

Mas, receio que está ocorrendo o mesmo da história do gato (se você quer saber a historia, pergunte depois a Rouslyn) e me decido explorar um pouco. “Ouço de tudo” diz ele (sendo que uma mulher tem suas vantagens quando se trata de perguntas para curiosos) “Sabina, blues, Reggaeton, Silvio Rodríguez, techno, rock… mas agora eu estou ouvindo Buena Fe”.

Ele estuda engenharia mecânica e está em seu 4º ano. Em breve se formará e está ansioso por um bom serviço, gosta de sua carreira e mal pode esperar em largar os livros e começar a trabalhar. Quer ganhar um salário em breve para ajudar em casa. Ele se sente um homem e fica envergonhado que seus pais ainda o sustentem. Além disso, a noiva não vai querer algo mais sério se não tiver estabilidade econômica que garante a independência da família, quer casar com ela quando se formarem, mas ainda não pediu formalmente.

O ônibus chega e os universitários se vão. Aguardando ainda meu ônibus, fico sentada à espera, talvez alguns dos que descem do ônibus seja um dos jovens decepcionados que procuro.

...

Volto para casa, sem ter conseguido encontrar a juventude asfixiada e ansiosa por liberdade do jugo opressor, que tanto anunciam os meios anti-cubanos.

...

À noite, deitada na minha cama, eu me lembro do concerto nas escadarias da Universidade de Havana no dia 12, quando muitos jovens (inclusive eu) foram exigir a libertação dos Cinco Heróis a nossa maneira: cantando e dançando. (Você pode ver fotos do concerto abaixo)

Antes do concerto, havia música gravada. Toda vez que eu me lembro daquela noite, uma das canções ainda vem à minha mente: Revolução, de Raúl Paz. E recordo a emoção de todas as gargantas que me cercavam.

E é o que vivemos naquela ocasião foi muito lindo. Eu estava na primeira fila e quando olhava para trás, via um mar de mãos batendo palmas, inúmeros rostos jovens e alegres cantando canções que vários artistas apresentavam. As mesmas mãos e rostos que antes gritavam com entusiasmo o nome de Gerardo Hernández, um dos nossos heróis…

E são estes os jovens que acusam de apatia?

A juventude cubana ri, sonha, possuem metas. Sabe, até mesmo, que nossa sociedade não é perfeita, mas para cada um daqueles que emigram, existem centenas que ficam, lutando para aperfeiçoar nosso socialismo, por um mundo melhor que é possível, sem desistir do sacrifício que fizeram os nossos pais e avós.

(1) correspondente ao nosso Ensino Médio.

*O título do post é nosso.

Vídeos:




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