A juventude cubana aborrecida?
Fonte e tradução: TUDO PARA MINHA CUBA
Adaptação: Solidários.
Original completo em espanhol em Rouslyn´s Blog
A Juventude cubana, durante muitos anos, vem sendo objeto da
atividade subversiva dos inimigos da revolução. Alguns a pintam como um
segmento da população que se distanciou, emocionalmente e ideologicamente, da
chamada geração histórica. De nosso próprio solo e desde o exterior,
mercenários a serviço de Washington querem torná-la, ao olhar dos demais,
apática e desinteressada pelos destinos de Cuba.
E, então, eu saio às ruas da cidade para tomar o pulso da
vida; respirar a atmosfera que me circunda todos os dias; para ver se eu
encontro aqueles desiludidos e decepcionados do "malvado regime
totalitário"; garotos que não gostam do sistema político atual e eles
preferem lançar-se em jangadas, correndo o risco de vida, ante serem sujeitos
da “opressão e falta de democracia” em sua terra natal. E enquanto eu ando com
cuidado, não consigo encontrar o que procuro.
Enquanto eu estou em busca de caras tristes e aborrecidas,
encontro adolescentes da Secundária Básica (1), quando estão voltando para suas
casas à noite, no final das aulas. Os garotos apostam corrida, com seus
uniformes branco e mostarda desarrumados.
Um deles faz uma piada um pouco obscena, mas não me
escandalizo, eu sei que eles estão em “edad de la peseta”, como dizem os idosos
e que agora começam a se sentir curiosos sobre a sexualidade.
...
Eu sigo o meu caminho, “talvez mais tarde, eu tropece nesses
jovens, que com sentimento desesperado, que sentem que a Ilha os asfixia”.
Porém, de repente, encontro uma de minhas melhores amigas e sem tempo para
nada, assim de supetão, anuncia a boa notícia que está grávida de cinco semanas
e meia. Ela está feliz, seu primeiro filho. Logo começa a dizer-me que Javier
já está buscando melhorar seu quarto, que é pequeno, para expandi-lo um pouco,
agora que vai ter um novo membro na família.
...
Embora as dificuldades, a vejo feliz, não anda pensando em
emigrar para garantir o proclamado futuro capitalista ao seu bebê.
...
Aproximo-me do parque. Vejo lá alguns estudantes da
Universidade esperando ônibus. Um deles está sentado, concentrado na música que
ouve com o Ipod. Eu me sento ao seu lado, também para esperar o ônibus, e fico
curiosa para saber qual suas preferências: será rock? Gosta de Reggaeton, como
tantos de sua geração?
Optou por este último, hoje em dia isto é mais provável.
Perco o interesse por um instante: eu não suporto o Reggaeton.
Mas, receio que está ocorrendo o mesmo da história do gato
(se você quer saber a historia, pergunte depois a Rouslyn) e me decido explorar
um pouco. “Ouço de tudo” diz ele (sendo que uma mulher tem suas vantagens
quando se trata de perguntas para curiosos) “Sabina, blues, Reggaeton, Silvio
Rodríguez, techno, rock… mas agora eu estou ouvindo Buena Fe”.
Ele estuda engenharia mecânica e está em seu 4º ano. Em
breve se formará e está ansioso por um bom serviço, gosta de sua carreira e mal
pode esperar em largar os livros e começar a trabalhar. Quer ganhar um salário
em breve para ajudar em casa. Ele se sente um homem e fica envergonhado que
seus pais ainda o sustentem. Além disso, a noiva não vai querer algo mais sério
se não tiver estabilidade econômica que garante a independência da família,
quer casar com ela quando se formarem, mas ainda não pediu formalmente.
O ônibus chega e os universitários se vão. Aguardando ainda
meu ônibus, fico sentada à espera, talvez alguns dos que descem do ônibus seja
um dos jovens decepcionados que procuro.
...
Volto para casa, sem ter conseguido encontrar a juventude
asfixiada e ansiosa por liberdade do jugo opressor, que tanto anunciam os meios
anti-cubanos.
...
À noite, deitada na minha cama, eu me lembro do concerto nas
escadarias da Universidade de Havana no dia 12, quando muitos jovens (inclusive
eu) foram exigir a libertação dos Cinco Heróis a nossa maneira: cantando e
dançando. (Você pode ver fotos do concerto abaixo)
Antes do concerto, havia música gravada. Toda vez que eu me
lembro daquela noite, uma das canções ainda vem à minha mente: Revolução, de
Raúl Paz. E recordo a emoção de todas as gargantas que me cercavam.
E é o que vivemos naquela ocasião foi muito lindo. Eu estava
na primeira fila e quando olhava para trás, via um mar de mãos batendo palmas,
inúmeros rostos jovens e alegres cantando canções que vários artistas
apresentavam. As mesmas mãos e rostos que antes gritavam com entusiasmo o nome
de Gerardo Hernández, um dos nossos heróis…
E são estes os jovens que acusam de apatia?
A juventude cubana ri, sonha, possuem metas. Sabe, até
mesmo, que nossa sociedade não é perfeita, mas para cada um daqueles que
emigram, existem centenas que ficam, lutando para aperfeiçoar nosso socialismo,
por um mundo melhor que é possível, sem desistir do sacrifício que fizeram os
nossos pais e avós.
(1) correspondente ao nosso Ensino Médio.
*O título do post é nosso.
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