quarta-feira, 20 de março de 2013

Texto de José Martí, escrito em 1875, quando ele tinha 22 anos


Nem pátria, nem amor!
Entendes tu que um coração bata em vão e não saiba por que bate?
Entendes tu que uma alma se sinta repleta de vigor e não saiba onde empregar sua fortaleza, nem encontre coisa digna de possuir seus anseios? – Assim vivo eu.
Sinto em mim uma viva necessidade de amar, uma vontade de querer. Venho querendo constantemente concretizar meus desejos na Terra, mas um deles foi apenas carne e o outro vaidade, um mentira e outro estupidez. Entre tantas mulheres para meus olhos, não encontro a alma de uma só mulher!
Meu coração está cheio de ira contra essas inúteis criaturas que o utilizam, que o desejam, talvez o amem, porém não são capazes de entendê-lo. Eu vivo morto, enterrado em um país estranho. Se tu, alguma vez encontrares uns olhos mais claros que a luz, mais puros que o primeiro amor, mais belos que a flor da inocência, - guarde-os para mim, para minha ansiedade, meu irmão, que essa alma enamorada morre por não ter a quem amar!

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