Por Mariana Serafini do Vermelho
Umas das principais atividades do primeiro dia da Convenção Nacional de Solidariedade a Cuba que acontece em Foz do Iguaçu foi o painel “A luta pela libertação dos cinco antiterroristas cubanos: experiências, conquistas e desafios para mobilizar a opinião pública dos Estados Unidos”. O evento reúne militantes sociais de todo o Brasil, América Latina e Caribe, acontece entre os dias 13 e 15 de junho.
O painel foi dividido em duas partes, a primeira palestra foi um
breve resgate histórico chamado “Por que os Cinco”, feito pelo filho de
uma das vítimas do atentado terrorista contra o avião cubano em
Barbados, Carlos Permuy. Em seguida, a esposa de Gerardo Hernández
Nordelo, Adriana Pérez fez um relato sobre a militância, prisão e
ausência do marido. A atividade foi coordenada pela ACJM –Associação
Cultural José Martí – do Rio Grande do Sul e do Ceará.
Adriana Pérez contou sobre o período de militância do marido,
Gerardo Hernandéz. Segundo ela, os cinco prisioneiros cubanos eram
voluntários do Serviço de Inteligência de Cuba. “Nós abrimos mão da
nossa juventude para defender nosso povo, para evitar atentados
terroristas e tentativas de suicídio”, disse.
Os antiterroristas cubanos estão presos nos Estados Unidos há 15 anos,
um deles, Ramón, foi condenado a duas prisões perpétuas. O crime
cometido, segundo a justiça estadunidense, foi defender o povo cubano
dos atentados terroristas que tanto aterrorizaram a população de Cuba na
década de 1990. Houve um período em que bombardeios em hotéis durante a
alta temporada de turismo cubana eram comuns. Este é só um dos
exemplos do terror estabelecido na Ilha pelo governo dos Estados Unidos.
O livro "Os Últimos Soldados da Guerra Fria" de Fernando Morais foi
citado no depoimento de Pérez por conter uma investigação profunda do
que foram os anos de terror e a prisão dos cinco heróis cubanos nos
Estados Unidos. No final da década de 1980 o governo Norte-americano
realizou a “Operação Peter Pan”, que sequestrou 14 mil crianças cubanas
com a ajuda da Igreja Católica. Esse tipo de informação nunca foi
divulgada pela grande mídia no país. Foi por lutar contra ações assim
que Gerardo, Ramón Antônio e Fernando estão presos há 15 anos.
De acordo com a esposa de Gerardo, os grandes meios de imprensa dos
Estados Unidos foram todos cooptados para nunca falar no assunto “dos
Cinco”, e quando falar, trata-los como terroristas. Ao contrário do que
parece, Pérez nunca está preparada para falar sobre a história do
marido, “desde que Gerardo foi preso eu participo desse tipo de ação
divulgando o que nos aconteceu, mas não estou acostumada a falar sobre
isso porque não é uma novela, é a vida real perdida em uma prisão”.
Emocionada, Pérez contou sobre a realidade das cinco famílias que estão
condenadas a verem seus parentes morrerem nos Estados Unidos por crimes
que não cometeram. Segundo ela, a esposa de Fernando sofre, atualmente,
uma grave doença. O pai de Ramón já faleceu, sem ter contato com o
filho, e boa parte dos familiares seguem sem perspectiva de um dia
reencontrar os entes queridos.
E para encerrar seu depoimento, Pérez lançou um desafio, “isso só vai
terminar no dia que nós unirmos todos os nossos esforços para tirá-los
de lá”. Elogiou a atitude de Fernando Morais por escrever um livro que
relata o outro lado da história e afirmou “só ações assim serão capazes
de libertar os cinco heróis cubanos”. “Precisamos de toda a ajuda do
governo, dos movimentos sociais, dos meios alternativos de imprensa e
dos jovens nas redes sociais”.
Para ela, o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama só seria digno
de receber o Prêmio Nobel da Paz se libertasse os prisioneiros que
dedicaram suas vidas a evitar a guerra. “Cuba precisa dos cinco, e eu
preciso de Gerardo em minha casa”, encerrou.
Nenhum comentário:
Postar um comentário