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terça-feira, 25 de maio de 2021

Cuba usa Cloroquina contra Covid-19?

Ministro de Saúde de Cuba, José Angel Portal Miranda | Foto: MSPC

Por Sturt Silva

Em função de muitas dúvidas surgidas com relação ao uso da cloroquina em Cuba, o Comitê Carioca de Solidariedade a Cuba do Rio de Janeiro entrou em contato com autoridades de saúde pública de Cuba a fim de esclarecê-las. 

Combate à Covid-19 é prioridade em Cuba

"Cuba tem mais de 200 pesquisas no âmbito nacional para enfrentar o SARS-CoV-2 entre intervenções, estudos e ensaios clínicos. Há um esforço conjunto entre o governo e instituições científicas, para enfrentar a pandemia da forma mais eficaz possível. Uma prioridade particular tem sido para os cientistas cubanos encontrar o tratamento mais eficaz para esta doença. Outras prioridades têm sido a vigilância sanitária, as investigações ativas e o diagnóstico. Mas, sem dúvida, o desenho do protocolo foi um exercício acadêmico e científico que nos permitiu aprender-fazendo e modificar-trabalhando ”.

94% dos doentes são recuperados

"O protocolo cubano integra em si o conhecimento isolado que os demais países possuem. Inclui vigilância, diagnóstico, terapia e convalescença, tendo em vista que o país recupera mais de 94% das pessoas que contraíram o vírus".

Estratégia Nacional 

"O protocolo cubano de gestão clínica é fruto de intensas jornadas de trabalho e da contribuição de múltiplas instituições, e embora tenha um caráter nacional, "não é uma camisa de força", mas está adaptado às condições clínicas do paciente, uma ferramenta evolutiva, porque tem se desenvolvido à medida em que avança o conhecimento sobre a doença, em Cuba e em outros países".

Como é o tratamento

"O protocolo cubano inclui três componentes: gestão preventiva, gestão terapêutica e gestão de convalescença".

"O tratamento recebido pelos pacientes confirmados com COVID-19 em Cuba tem o seguinte manejo terapêutico: 

- Obter um efeito antiviral e para isso se usa interferons e outras drogas antivirais já comprovadas em Cuba e em outros países; 
- neutralizar a tempestade de citocinas;
 - tratar oportunamente as complicações; 
- manter as doenças de base estabilizadas".

"O cumprimento desses objetivos é buscado simultaneamente, não em etapas".

"Na primeira semana de doença, a ênfase é dada às medidas antivirais e, na segunda, busca-se o efeito mais específico do imunomodulador".

"Pacientes que não apresentam sintomas são tratados com monoterapia, usando interferon-alfa 2b e Heberferon, juntamente com vigilância clínica rigorosa. No caso de pacientes sintomáticos, estes contam com um pacote de tratamento, adequado às demandas específicas de cada paciente".

"São usados ​​interferons, cloroquina e kaletra. Estes medicamentos não são usados ​​como monoterapia, mas são usados ​​em combinação".

A cloroquina é usada com moderação em Cuba

"No começo da epidemia se atribuiu à cloroquina efeitos antivirais e imunomoduladores. Em Cuba não havia dúvidas sobre este segundo efeito, já que é usada em doenças como o lúpus, mas a respeito dos efeitos antivirais não havia evidências científicas. Por esse motivo, foi utilizada metade das doses inicialmente propostas pelas recomendações internacionais, para evitar que os pacientes apresentassem reações adversas. A cloroquina é usada com moderação em Cuba".

Aplicação de vários medicamentos

"Diferentes tipos de antibióticos, esteroides, heparina, eritropoetina, surfacen, CIGB-258, transfusão de plasma, entre outros, também foram incorporados ao tratamento".

"Os resultados que Cuba exibe no atendimento ao paciente não é fruto de um único medicamento, mas da aplicação de todo o pacote, que inclui a sensibilidade dos médicos. Os números apresentados por Cuba também mostram a eficácia da estratégia epidemiológica que contempla o isolamento de contatos, suspeitos e internação oportuna com o início do tratamento, bem como o desenvolvimento da biotecnologia cubana e a estreita relação entre cientistas e intensivistas. Muitos pacientes cubanos receberam interferons desde o primeiro momento e os resultados foram muito satisfatórios. Destaca-se também o uso do CIGB-258 e do itolizumabe  que nos permitem estar à frente do surgimento da tempestade de citocinas."

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