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segunda-feira, 28 de setembro de 2020

Assentamentos Sem Terra têm o nome de Che Guevara em homenagem ao revolucionário

Brigada Che Guevara na Bahia | Foto: MST

Da página do MST

Homenagear personalidades que tombaram na luta e tiveram significativas contribuições em busca de uma transformação social e contra as injustiças estruturadas na sociedade possui grande simbologia para o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra, que sempre procura em seus espaços organizativos trazer memórias, histórias e comemorar legados deixados por eles. 

Dentre os milhares de militantes e figuras de resistência está o médico argentino revolucionário Ernesto Che Guevara, integrante e comandante de grupos de guerrilheiros que tiveram importante papel na revolução cubana no século XX, na luta pela derrota do tirano Fulgêncio batista, na libertação do país de um governo ditatorial e no enfrentamento aos ditames imperialista, que tinha como principal objetivo o controle de poderosas nações sob os povos mais empobrecidos através da expansão do capitalismo. 

Dentre seus inúmeros legados, o socialista Che, em vida, tinha como uma de suas principais virtudes a unidade e a solidariedade que inspira tantos quadros de militantes que se colocam a disposição da luta pelo povo.

Assentamentos Che Guevara no Estado Baiano 

Na Bahia, há cerca de cinco assentamentos nomeados “Che Guevara” com aproximadamente 550 famílias ao todo, organizados dentro MST. Além deles, há uma brigada localizada no extremo sul da Bahia, entre os municípios de Itabela, Guaratinga e Porto Seguro, com cerca de 470 famílias acampadas e assentadas.

Alguns deles são áreas conquistadas recentemente; outras, tem sua trajetória histórica de resistência na luta pela terra. 

A exemplo disso está a área consolidada Che Guevara, no Baixo Sul baiano com 23 anos atualmente. Ocupada em 26 de maio de 1997, a fazenda detinha o monocultivo do cacau e hoje, desapropriada de um latifúndio improdutivo, tem sua produção diversificada com cupuaçu, banana da terra, mandioca, feijão, milho e urucum e cacau. 

O assentamento, organizado pela comunidade que nele vive, possui escola do campo localizada dentro da área, casa de farinha, quadra poliesportiva, local de reuniões e dentre outras estruturas conseguida a base de muita luta. 

Para Evanildo Costa, da direção nacional do Movimento, “o assentamento Che, como é conhecido na região, é de uma simbologia colossal. Além de ser o primeiro assentamento que herda o nome do revolucionário, é símbolo da nossa luta e resistência frente ao imperialismo e ao capitalismo. As nossas áreas que levam o nome do nosso comandante é pra gente um lembrete de que nossa luta não pode parar.” Pontua Costa. 

O internacionalismo e a Luta contra o imperialismo 

Assim como Che Guevara, o MST, como organização social em defesa dos direitos de igualdade e equidade dos povos, levanta a bandeira anti-imperialista que tem como estratégia de dominação a exploração da economia, dos recursos naturais, dos trabalhadores e dos territórios de nações empobrecidas, deixando historicamente consequências catastróficas por onde ocorreu sua expansão. 

Lutar contra a política imperialista para o Movimento é lutar contra as correntes, que afirmam superioridades entre nações e criações de monopólios capitalistas e seguir na construção de uma nova sociedade baseada nas diretrizes socialistas. 

O internacionalismo se insere nesse contexto trazendo uma perspectiva adversa ao imperialismo, buscando a união dos povos e, a partir de práticas vivenciadas, outras nações, construir processos revolucionários.

Dejacira Araújo, educadora, escritora, poeta, cantora e militante do MST, lembra que “nós herdamos não só a luta do Che Guevara, herdamos também seu sonho de ver o mundo livre das amarras do imperialismo. Como foi nos tempos do nosso grande camarada: a luta continua, o sonho do comandante pulsa em nossos corações. Nos comprometemos em não descansar enquanto o imperialismo e o capitalismo nojento impedir cada companheiro e companheira de viver livre e num mundo novo a base de justiça, igualdade e fraternidade”, afirma Araújo. 

 Cultura de resistência do MST 

Desde o início de sua trajetória de luta pelos direitos da classe trabalhadora ao acesso a terra, resistir tem sido uma das principais ações do Movimento Sem Terra, na luta contra a dominação do capital e da burguesia sobre as classes menos favorecidas socialmente. 

Com o passar dos anos, essa resistência se mostrou de inúmeras formas, construídas a partir de conjunturas que foram se formando e se modificando no decorrer do tempo.

A luta que se direcionava contra a concentração de terras no Brasil se somou a outras bandeiras sociais, afim de romper correntes que prendem, impedem e privam a liberdade, a soberania, os sonhos de diferentes sujeitos sociais: machismo, racismo, exploração econômica, LGBTfobia, entre outras formas de opressão. Para além de ter terra para plantar e se alimentar, é preciso estar vivo e livre. 

Manifestações, mobilizações, ocupações, encontros, marchas e outas ações marcam os caminhos na luta pelos direitos da população marginalizada e empobrecida. Que nenhum conquistado até hoje retroceda e, para além disso, as resistências aconteçam dentro as universidades, das escolas, dos centros culturais, ocupando espaços que o sistema capitalista diz pertencer a burguesia. 

“A resistência se faz necessária nesse momento. Lembro do cerco e da resistência que o grande comandante e os demais fizeram ao quartel Moncada em Cuba. Assim como ele lutou para libertar o povo cubano, temos o dever histórico de libertar os povos do mundo. Che começou a luta contra o imperialismo e cabe a nós e as novas gerações concluí-la. E parafraseando o grande comandante, se você é capaz de tremer de indignação a cada vez que se comete uma injustiça no mundo, então somos companheiros. Tomemos essa indignação e lutemos na construção de um mundo livre”, conclui Costa.

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