O diretor para as Américas do Serviço Europeu de Ação Exterior (SEAE), Christian Leffler, ofereceu declarações acerca dos avanços de um acordo de cooperação com a Ilha
Cuba é o único país da América com o qual a União Europea (UE) não tem um marco contratual no seu relacionamento bilateral. "Essa é uma exceção que não se deve manter no tempo", assegurou o diretor para as Américas do Serviço Europeu de Ação Exterior (SEAE), o sueco Christian Leffler, durante sua recém concluída visita à Ilha.
O diplomata explicou ao jornal Granma que neste momento as autoridades dos 27 Estados membros do bloco debatem sobre as diretivas de negociação propostas pelo SEAE para o futuro marco bilateral com Cuba.
Leffler se mostrou confiante em que existe "consenso no princípio de avançarmos rumo a um acordo", para o qual deve existir um mandato "em algum momento, antes do fim de ano".
O diplomata explicou ao jornal Granma que neste momento as autoridades dos 27 Estados membros do bloco debatem sobre as diretivas de negociação propostas pelo SEAE para o futuro marco bilateral com Cuba.
Leffler se mostrou confiante em que existe "consenso no princípio de avançarmos rumo a um acordo", para o qual deve existir um mandato "em algum momento, antes do fim de ano".
"Esta visita não foi o lançamento oficial de negociações, foi uma ocasião de explicar aos meus interlocutores cubanos como vemos nós esta negociação e ver se nos aproximamos de uma visão conjunta".
Durante quatro dias de estada — comentou — teve encontros com representantes do Governo e vários atores e associações cubanas, para ter uma visão mais clara da situação atual, das expectativas de seus interlocutores e as perspectivas de avanços.
"Minha visita representa uma etapa, um passo importante nesta preparação da negociação", reafirmou.
"Parece-nos que é um bom momento para criar este marco compartilhado, que poderia servir-nos para nortear, de maneira conjunta, a evolução do relacionamento nos anos que vêm e também para acompanhar as mudanças e modernizações que se fazem em Cuba", referiu.
O diplomata sueco precisou que não existem "condicionamentos técnicos ou mecânicos" para a futura negociação.
"Viemos com nossas ideias, as expomos e, às vezes, com nossas inquietações ou perguntas. Os elementos de divergência os discutimos com nossos interlocutores cubanos para compreendermos mais a posição do outro e para buscar as áreas de convergência nas que podemos cooperar bilateralmente ou em nível multilateral".
"O objetivo, que acho compartilhado, é estabelecermos um marco global conjunto para esse relacionamento bilateral que sirva de plataforma, sobre a qual podemos construir, ainda mais, os intercâmbios e o relacionamento".
Apesar de que ainda não esteja estabelecido legalmente o marco da cooperação com a UE, embora existam acordos bilaterais com mais de catorze dos países membros, o intercâmbio econômico atinge níveis altos em vários setores.
A UE continua sendo um dos principais parceiros comerciais de Cuba e o primeiro em termos de investimento, afirmou Leffler.
CUBA E A UE NO CONTEXTO INTERNACIONAL
A União Europeia e Cuba têm encontrado pontos de contato em espaços multilaterais. Leffler apontou que desde que Cuba assumiu a presidência pro tempore da Comunidade dos Estados Latino-americanos e Caribenhos (Celac), a UE está "fazendo um bom trabalho com os parceiros cubanos na missão de Bruxelas e com o Ministério cubano das Relações Exteriores (Minrex)".
Disse, ainda, que não é uma surpresa para eles o trabalho que Cuba fez, desde janeiro, na organização e estruturação das tarefas da Celac, pois sempre "tivemos confiança" nas capacidades da Ilha.
Ante uma pergunta sobre o papel dos Estados Unidos nas relações entre o bloco europeu e a Ilha, Leffler precisou que a busca de um acordo de cooperação é "um assunto exclusivo entre ambas as partes".
Da mesma forma, ratificou a posição manifesta claramente na ONU "de recusa a medidas unilaterais entre países e uma posição crítica acerca do bloqueio".
Respeito à profunda crise que atravessa a Europa, o diplomata considerou que a vão ultrapassar. "Temos conhecido grandes crises anteriormente", disse.
A esse respeito, destacou a importância que tem a cooperação entre os países menos afetados e os que enfrentam problemas. "Não é fácil — precisou — para o líder de um Estado explicar aos seus eleitores que vai mobilizar bilhões de euros para transferi-los a outro país em crise".
Contudo, resulta necessário fazê-lo e o fazem — acrescentou — porque percebem que todas as economias estão interrelacionadas e que a estabilidade econômica em um lugar cria desequilíbrios em outros. Também, porque há muito mais em jogo que a economia, está sendo decidida a visão compartilhada de um modelo de sociedade.
Por outro lado, "os líderes europeus têm declarado que a saída da crise nunca poderia ser desenhada fechando-se ao mundo exterior. Não é questão de diminuir os intercâmbios e a cooperação, ao contrário", concluiu.
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