quinta-feira, 23 de maio de 2013

Comunistas e socialistas defendem vinda de médicos cubanos!


O Partido Comunista Brasileiro (PCB) e o Partido e Socialismo e Liberdade (PSOL) se pronunciaram sobre a vinda de seis mil médicos cubanos para trabalhar no Brasil em áreas carentes.

De imediato ao anúncio, feito pelo Ministro de Relações Exteriores do Brasil, Antonio Patriota, em ocasião de visita do chanceler cubano, Bruno Eduardo Rodríguez, ao Brasil, veio à tona um debate, de um lado encabeçado pelas corporações médicas brasileiras e de outro pelo governo federal.

No primeiro caso, as corporações médicas e os setores mais conservadores da sociedade brasileira, tendo como porta-voz principal o Conselho Federal de Medicina (CFM), resolveram atacar a medida. Para o setor de saúde do PSOL, este grupo passou a utilizar argumentos reacionários e preconceituosos contra a proposta e o sistema de saúde cubano. Além de não preocupar muito com fatos reais como que no interior do Brasil muitos morrem por falta de um médico generalista, também passou a desviar do próprio debate o real problema da saúde brasileira: o poder e o mercado do complexo médico-industrial e farmacêutico sobre o sistema nacional de saúde.

De outro lado o governo, defendendo a medida, tentou passar a imagem que os médicos resolveriam o grave problema que se tem no país. No entanto, o quadro que inclui condições de trabalho precárias, sucateamento do Sistema Único de Saúde e uma concepção de saúde cada vez mais baseada no lucro e na lógica de mercado permanece intacto no Brasil.

Em razão disso o setorial de Saúde do PSOL apoiaria a contratação dos médicos cubanos "pela qualidade da formação dos médicos, que desde o começo do curso estagiam em unidades de Saúde da Família e sabem que a saúde não é apenas prescrição de medicamentos ou realização de exames, mas embasam sua prática clínica na noção de que a vida social é que determina as condições de saúde de uma população. Por isso, são profissionais que, mais que curar diarréia ou prescrever remédios para hipertensão, trabalha na perspectiva do cuidado integral à saúde: tratamento, prevenção, reabilitação, promoção."

Além disso, "o Brasil precisa beber desta vasta experiência. Cuba, mesmo sendo um país pobre, tem expectativa de vida, mortalidade infantil, mortalidade materna, e muitos outros indicadores melhores que os nossos e que o resto da América Latina, segundo a Organização Pan-americana de Saúde". Diz outro trecho do texto publicado no site do setor de saúde do partido.

Indo na mesma linha do setor de saúde do PSOL, o PCB critica a questão como política paliativa do governo do PT, no entanto defende a vinda dos médicos cubanos.

Nota publicada no site do partido, sobre a contratação dos médicos, coloca que "não restam dúvidas de que é mais uma das políticas paliativas do governo federal, que tem reduzido a cada ano os gastos do orçamento nacional destinado à área da saúde e realizado uma progressiva entrega dos serviços e da infra-estrutura pública da saúde à iniciativa privada, como as Organizações Sociais (OS), as Fundações Estatais de Direito Privado (FEDPs), as Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público (OSCIPs), a Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (EBSERH) e subsídios aos planos de saúde privados. Tais medidas caminham no sentido de precarizar o acesso à saúde de grande parte da população e permitir a apropriação privada dos serviços, pesquisas e da infra-estrutura pública para gerar lucro e retirar direitos trabalhistas dos profissionais da saúde".

"Dessa forma, o projeto de "interiorização" da saúde no país [vinda dos médicos cubanos] atuaria apenas na superfície do problema, levando profissionais para o interior do país sem a estrutura necessária, deixando intacta a estrutura baseada no controle do complexo médico-industrial e farmacêutico da saúde, em que a existência do setor público serve como alicerce para a acumulação privada de capitais na área". Complementa a posição do partido sobre a questão.

No entanto os dois partidos defendem e apoia vinda dos médicos cubanos para o Brasil e reconhecem os avanços e a qualidade do sistema de saúde de Cuba, mas entendem que pelo modelo de saúde e de como as coisas estão sendo conduzidas as melhoras seriam pequenas e o grave quadro que temos continuaria.

O setorial de saúde do PSOL conclui que "a vinda de médicos cubanos para trabalhar em áreas de difícil fixação tem valor. No entanto, como na maior parte das políticas sociais dos governos petistas, uma fachada progressista procura encobrir os retrocessos tremendos".

Sendo que o PCB defende na essência crítica "às políticas de saúde do governo Dilma, mas de defesa dos médicos cubanos, sem deixar em qualquer momento de divulgar ao conjunto da sociedade as reais intenções de mais essa política paliativa, que ao mesmo tempo em que chama médicos e médicas altamente qualificados de Cuba para trabalhar em regiões sem a estrutura adequada, corta recursos da saúde e privatiza os serviços e a infra-estrutura da área".

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