Fonte: UM MUNDO PELA FRENTE!
Matanzas
é uma das províncias mais importantes de Cuba, sendo um grande polo
turístico e, consequentemente, econômico. Antes que alguém pergunte, o
nome da província é proveniente de uma história que remonta ao período
colonial, em que pescadores viraram um barco com 30 espanhóis, repletos
de armaduras, e que planejavam invadir uma aldeia indígena...todos
morreram. Ficamos, inicialmente, em sua capital, a cidade de Matanzas.
Não é propriamente uma cidade turística, com vários atrativos e
arquitetura como Havana, mas é um belo exemplo de como é Cuba no dia a
dia, longe dos agitos da capital. Primeiramente, por lá praticamente não
há "jineteros", o máximo que pode acontecer é um taxista te abordar e
oferecer seus serviços. Lá também não encontramos uma grande variedade
de hotéis ou restaurantes e "paladares", que são frequentados, em sua
grande maioria, pelos locais, já que há pouquíssimos turistas nesta
cidade (que ficam mais concentrados em Varadero, há 30 Km dali). Enfim,
em Matanzas você consegue realmente sentir como o cubano vive e encara
seu país. A província ainda conta com cidades como Varadero, a meca do
turismo cubano e uma alternativa mais barata em relação a Cancún para
quem procura praias no caribe; Trinidad, uma pequena cidade colonial
espanhola, no litoral sul da ilha e que fica próxima à baía dos porcos, e
as famosas praias de Girona e Larga, outros centros muito procurados
por europeus e canadenses. Matanzas também teve grande importância
histórica na Revolução, sendo o ponto de partida para a conquista da
capital. Por essas e outras, o povo da região é muito orgulhoso de suas
origens e são ferrenhos defensores de seus governantes.
Ficamos
hospedados, mais uma vez, em uma casa de família, o hostal Casa Azul,
localizado bem próximo à praça central da cidade, onde está o (único)
hotel, com wifi e um bom restaurante, além do bonito prédio da
prefeitura e de alguns museus e um excelente "paladar". Seguindo em
direção à baía de Matanzas, encontramos o teatro e o museu municipal,
além do bonito prédio do corpo de bombeiros e seu caminhão pipa da
década de 50! E fica nisso, as atrações do centro histórico da cidade se
resumem a esses poucos edifícios coloniais e à praça central. O
interessante por lá está nos arredores, e para visitá-los a melhor
maneira e contratar um táxi "clássico" e combinar um valor para que te
leve às principais atrações e, principalmente, espere você voltar!
A primeira visita que recomendamos é o tour pelas cuevas de Bellamar,
a atração turística mais antiga do país, em funcionamento desde o final
do século XIX. Trata-se uma caverna com várias formações geológicas
calcáreas bem interessantes, mas já bastante afetadas pelas mãos dos
turistas, que há mais de 100 anos vão para lá arrancar uma
"lembrancinha". Uma coisa interessante de notar é o grau de
especialização dos guias em Cuba. O nosso, na caverna, era geólogo,
professor universitário, falava fluentemente 3 idiomas e tinha boa noção
de outros 3... e no final do tour lá estava ele, sem vergonha alguma,
pedindo uma "propina", seja lá qual fosse... ficou contente com nossos 2
dólares...
De lá seguimos para o Castillo de San Severino,
outra fortaleza espanhola construída para defender a entrada do porto
de Matanzas. Como aparato militar de defesa, não teve grande utilidade,
tanto que por volta de 1870 tornou-se exclusimente um presídio e se
manteve como tal até cerca de 1982. Durante o período da ditadura de
Fulgêncio Batista e no período pós revolução, foi cárcere de vários
presos políticos e local de execução por pelotão de fuzilamento . Em uma
das paredes da muralha que cerca o Castillo é possível notar a
quantidade de buracos provenientes das balas, nas paredes. A fortaleza
também abriga o museu da abolição, contando a história da escravatura em
Cuba e, especialmente, relatando qual o legado deixado pelos negros que
vieram ao país. Não precisa ser historiador para perceber as
semelhanças entre a história dos escravos cubanos e brasileiros.
Concentrados nessa região, por conta do porto e da exploração de açúcar
e, posteriormente, café, foram trazidos em sua grande parte pelos
traficantes portugueses... dá para entender, então, o porquê da grande
semelhança física e de hábitos alimentares e religiosos entre nós e
eles. Há uma parte do museu dedicada, inclusive, à religião desses
povos, que nada mais é do que uma versão em espanhol da nossa umbanda e
candomblé. Aliás, cabe aqui um comentário; apesar de ser um dos poucos
redutos do comunismo no mundo, os cubanos são muito religiosos, sendo o
catolicismo a religião predominante. Nesta região, contudo, devido a
grande quantidade de escravos que ali viveram, as religiões afro são
muito presentes e praticadas até hoje, incluindo aí também as chamadas
"bruxarias"! Experiência muito interessante!
Para encerrar o tour por Matanzas, terminamos no mirante da cidade,
parte montanhosa, onde há uma igreja, alguns bares e restaurantes e que
tem uma bela panorâmica do centro histórico e da baía. Por conta das
condições climáticas desfavoráveis, não fizemos o outro passeio que há
nos arredores, que é o snorkeling na barreira de corais da playa Coral, que todos disseram ser muito bonito, mas que a maré agitada nos impediu de fazer...
Para
terminar nossa passagem por essa região, fomos para a meca do turismo em
Cuba, o primeiro local no país a ser liberado para exploração turística
das grandes companhias hoteleiras e onde se vive um mundo paralelo em
relação ao resto do país : Varadero!
Varadero
não chega a ser uma cidade... parece em muitos aspectos, inclusive, com
Cancún; é uma "tripa" de terra, com aquele mar azul esverdeado e
transparente, areias brancas, margeando toda a península e repleto de
hotéis e restaurantes, uns ao lado dos outros. Há também alguns
shoppings e lojas de "artesanato".
Mas as
semelhanças param por aí. Sem contar a porção final da península,
próximo à marina, é nítido como Varadero também parou no tempo. O local
onde ficamos, na parte inicial, é composto por hotéis mais antigos,
alguns em não muito bom estado de conservação, e a maioria administrados
pelo governo. O mesmo serve para os restaurantes. Não deixa de ser,
mesmo assim, uma realidade completamente diferente do restante de
Cuba...mas não é como Cancún (e, por isso mesmo, na nossa opinião, é
muito melhor!). Não espere encontrar cadeias americanas de hamburgueres
ou fast food, muito menos shoppings com lojas de roupas de marcas
famosas. Se você procura por tudo isso, vá para a original, se você quer
uma belíssima praia e tranquilidade, Varadero pode ser uma opção!
Matanzas
não tem atrações para o gosto de todos, mas quem procura conhecer um
pouco mais sobre Cuba, sua realidade, o que pensam e como vivem, passar
uns 2 dias na cidade é ótima pedida. Para quem quer fugir um pouco da
realidade do país e busca conforto e belas praias, Varadero é o lugar,
mas tenho certeza que você não vai querer ficar só por lá, vai? Se
quiser, melhor não perder tempo e comprar uma passagem para Cancún...
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