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sexta-feira, 7 de setembro de 2012

ELAM: conjugar a Medicina com os valores humanos

Por Nuria Barbosa León no Granma

Na formação de profissionais da saúde em Cuba, a coletividade, o humanismo e o rigor científico sobressaem nos anos acadêmicos e ficam impregnados como hábitos para toda a vida, segundo confessam estudantes de outras nacionalidades.

“Não temos a linguagem do ‘eu’, todos somos ‘nós’”, afirmou o estudante palestino Mohamed Abu Srour, de terceiro ano, referindo-se ao espírito de solidariedade respirado na Escola Latino-Americana de Medicina (ELAM), na qual já se graduaram mais de 15 mil jovens.

Cuba nos ensina: “Nós pensamos, nós fazemos, nós compartilhamos”. Daí o princípio de altruísmo, desinteresse e heroísmo que manifestam os quase 13.063 estudantes, procedentes de 116 países, que se formam em Medicina, Odontologia, Licenciatura em Enfermagem, Psicologia, oito especialidades de Tecnologias da Saúde e 23 carreiras técnicas, um número que se incrementa para 103.880, contabilizando os cubanos.

“Minha experiência em Cuba foi curta (menos de um ano) mas, aos poucos, fui conhecendo-a”, expressou a dominicana Germania Ramos Soto, 21 anos, que escutou relatos tergiversados e negativos da realidade cubana e hoje assegura sentir-se como em casa, pelo tratamento recebido por parte de seus professores, trabalhadores da bolsa e os cubanos com quem se relaciona.

Soube da existência das bolsas através dum jovem de sua província (Pedernales) que estuda em Cuba, acessou o site da ELAM e contatou a embaixada e o Ministério de Educação de seu país. Depois, foi a uma entrevista junto a centenas de jovens e classificou, graças aos resultados acadêmicos e à sua vocação demonstrada pela medicina.

Mathias Severino Lalika, provém da cidade tanzaniana de Pwari, já concluiu o ano de aprendizagem do idioma espanhol e agora estuda na ELAM, manifestou que em seu país os médicos cubanos têm grande prestígio porque atualmente a Tanzânia é uma das 69 nações onde trabalham os mais de 31 mil médicos e colaboradores na área da saúde.

A maior alegria recebida por Mathias é o domínio do espanhol e transmitir sua cultura aos cubanos com a participação em cerimônias, eventos esportivos, exposições, encontros e fóruns científicos. Pensa que seus próximos anos serão de muito estudo, porque conhece o rigor acadêmico exigido para vencer o currículo de disciplinas.

A guatemalteca Dalena Cataví Lozano, concluiu o terceiro ano na faculdade Salvador Allende, da capital cubana e manifestou que precisou de três anos para preparar seus documentos e conseguir a bolsa, mas não abriu mão em seu empenho porque Cuba lhe abriu as portas perante suas aspirações de estudar, garantiu-lhe bibliografia, alojamento, vestuário, alimentação, transporte e quando se gradue não terá dívidas escolares.

Angélica Sotelo Valbuena, da Colômbia deve graduar-se em Tecnologia da Saúde, no próximo curso, mas antes tentou estudar Medicina e opinou: “considero que eu não estava preparada para iniciar estudos superiores. Isso eu digo agora, mas quando cheguei não podia percebê-lo. Lá na Colômbia o professor chega, dita sua aula e vai embora. Nunca sabe se seus alunos aprendem ou não. Aqui em Cuba o professor o acompanha, dá consultas, recicla, pode apresentar-lhe dúvidas a qualquer hora e em todo momento. Estiveram interessados por minha aprendizagem e rendimento acadêmico, e embora tenha sido reprovada me ofereceram outra oportunidade e assimilei-a bem”.

As irmãs peruanas Margot e Lin Blas Aedo estudam especialidades médicas, uma Oncologia e a segunda Medicina Geral Integral. Quando se graduaram, fizeram estágios em sua cidade natal, Apurimac e decidiram retornar a Cuba porque em seu território escasseiam os hospitais e existem insuficientes médicos especialistas. A situação se complica já que as pessoas não podem transladar-se a outras cidades por falta de dinheiro, as consultas, assim como o tratamento e, as provas diagnósticas são muito custosas, sem mencionar o preço dos medicamentos.

Cuba foi reconhecida pela Organização Mundial da Saúde como nação melhor dotada para formar profissionais, ao contar com 24 faculdades de medicina (existia só uma em 1959) em treze das quinze províncias cubanas, e o país dispõe de mais de 41 mil professores relacionados ao perfil médico.

A fórmula para obter resultados excepcionais na preparação e capacitação do pessoal sanitário necessita da decisão política, um pouco menos de 10% do orçamento nacional e a equação: “Valores humanos+ciências=profissional”.

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