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segunda-feira, 15 de agosto de 2011

Agente da CIA disparou contra aviões próprios em invasão a Cuba

Fonte: EFE
O principal agente da CIA (agência de inteligência americana) durante a invasão de exilados a Cuba em 1961 disparou contra aviões da própria agência, segundo documentos oficiais compilados pela organização National Security Archives (NSA) e divulgados nesta segunda-feira. Em abril de 1961, um contingente de exilados cubanos, financiado, instruído, armado e apoiado pela CIA desembarcou em Playa Girón, na Baía dos Porcos, com a intenção de iniciar uma insurreição contra o regime liderado por Fidel Castro. 

 Segundo os documentos, no curso das ações, o principal agente da CIA, a bordo de uma das embarcações de transporte da força insurgente, disparou rifles e metralhadoras contra os aviões que a CIA havia proporcionado aos invasores, e atingiu um deles.


 A CIA havia fornecido aos invasores aviões B-26 configurados para que se parecessem aparelhos da força aérea cubana, com a ideia de contar com um argumento plausível para negar qualquer envolvimento americano e alegar que essas aeronaves eram operadas por desertores do governo cubano. 

Nos documentos, o agente, identificado como Grayston Lynch, relatou que era muito difícil distinguir os B-26 da CIA dos aviões do Governo de Castro. "Terminamos disparando contra dois ou três deles, porque quando voavam em nossa direção tudo o que se podia ver era sua silhueta", afirmou, na época. 

De acordo com o NSA, o episódio é uma das muitas revelações contidas em quatro volumes compilados pela CIA. Os livros, que somam 1,2 mil páginas, incluem documentos que foram mantidos em segredo até o 50º aniversário da ação. Outras revelações que aparecem nesses livros incluem nova informação sobre a colaboração da CIA com a máfia nos planos para assassinar Fidel Castro como parte do plano de invasão.

Além disso, é detalhada a participação de Richard Nixon, que era vice-presidente quando a operação começou (durante a Presidência de Dwight Eisenhower), as condições impostas pelo então presidente da Nicarágua, Anastasio Somoza para cooperar com a iniciativa, e o uso de pilotos americanos na incursão contra Cuba.

O NSA indicou que a CIA se negou a divulgar uma só palavra sobre os documentos, escritos pelo historiador chefe da agência, Jack Pfaiffer, entre 1974 e 1984. "Esperamos que os advogados da CIA apresentem documentos nos tribunais argumentando que o volume não pode ser divulgado por razões de segurança nacional", acrescentou o National Security Archives. 

Peter Kornbluh, especialista em Cuba do NSA que apresentou o processo para a obtenção dos documentos, disse que a divulgação já realizada "é um passo importante para obter o relato mais completo possível do maior fiasco na história das operações clandestinas da CIA". O NSA é um grupo privado, que trabalha na Universidade George Washington e se dedica à obtenção, sob a lei de Liberdade de Informação, de documentos secretos do Governo, que depois analisa, compila e publica de maneira sistematizada.

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