sexta-feira, 2 de setembro de 2011

O papel de Fidel Castro no contra-golpe na Venezuela, em 2002.


Fidel Castro derrota o exército golpista da Venezuela
Por Antonio Ibiapino da Silva.

Em 11 de abril de 2002, a Venezuela sofre uma forte agitação política. No núcleo da agitação existia um golpe militar, coordenado por um setor do exercito venezuelano e seu comandante era o General Vázquez Velasco. 

No dia 12, o presidente Hugo Chávez liga para Fidel Castro eram 12:38h. Fidel atende o telefone e recebe informes sobre os acontecimentos no país. 

Entre os informes, Chávez diz: “Estamos en el Palacio atrincherados hemos perdido la forza militar que podia decidir y nos quitaran la señal de televisión”. Dito isso, Fidel pergunta: “que forças tens”? Hugo Chávez respondeu que contava com 200 a 300 homens e que estavam todos esgotados. Fidel indaga uma vez mais: “Tanques tienes”? Não temos, havia tanques, mas retiraram estão agora nos quartéis. Fidel faz a última pergunta, queria saber se o presidente contava com outras forças. Mas a resposta não foi satisfatória, o presidente Hugo Chávez disse que havia outras forças, mas estavam longe e sem comunicação; falou também de um aliado, tratava-se do General Raúl Isaias Baduel, chefe da Divisão de Brindados.

Após o informe Fidel pediu ao presidente Chávez para expressar um ponto de vista sobre a situação; com a devida permissão do presidente, Fidel disse: “propunha uma saída, através de um acordo digno, pois é necessário preservar a vida dos homens que tens, eles são fieis, não os sacrifique. Mas Chávez respondeu que todos estavam dispostos a morrer lutando.


Eu sei que esses homens são valiosos, mas penso que nestas circunstâncias tenho melhores condições de refletir que você. Peço que não renuncies em nenhuma condição, exija garantias honoráveis e garantias para que não sejas vítima dessa tragédia. O esforço primordial é para que preserves a tua vida e a de teus companheiros. É importante que procure alguém com autoridade entre as fileiras golpista e propunha sua disposição para sair do país, contanto que não renuncie.

Aqui de Cuba, eu tratarei de mobilizar o corpo diplomático em nosso país e na Venezuela. Também enviaremos dois aviões com nossos conselheiros e um grupo de diplomatas para transladá-lo. 

Hugo Chávez pensou um pouco e finalmente aceitou a proposta do comandante Fidel.

O Comandante cubano elaborou três possibilidades estratégicas para o problema do golpe. A primeira era ficar dentro do palácio Miraflores e resistir até a morte; a segunda era sair do palácio e tentar reunir-se com o povo para desencadear uma resistência nacional com ínfimas possibilidade de êxito e a terceira era exatamente  sair do país de forma segura e ganhar tempo para reorganizar as forças necessárias para a vitória.

Em plena madrugada Fidel se reuniu com o corpo diplomático e propôs que os embaixadores seguissem com Filipe Pérez Roque, Ministro das Relações Exteriores, à Caracas para, pacificamente, resgatar vivo o presidente da República.

Inicialmente a proposta não pode ser concretizada, porque os golpistas não concordaram, comunicando ainda que Hugo Chávez seria submetido a um Conselho de Guerra.

Chávez tenta conversar com o comando golpista, colocou seu uniforme de pára-quedista e seguiu acompanhado de seu ajudante, Jesús Suáres Chourio, para o Forte de Tiuna; Quartel General e posto de mando militar do golpe. 

Nesse momento não havia comunicação, ninguém sabia o que estava acontecendo; apenas a televisão divulgava esporadicamente que Chávez tinha se demitido.  O objetivo era desmobilizar os partidários de Chávez e também o povo. Fidel liga para Chávez, mas não consegue completar a ligação, ele já estava preso.

No dia 12 de abril Fidel fala com a filha do presidente Chávez, Maria Gabriela, que comunicou a prisão do presidente. 

Às 10:02h do mesmo dia, Maria Gabriela chama outra vez Fidel e transmite as palavras de Chávez. De imediato, Fidel pergunta: “tu estarias disposta a informar ao mundo com tuas próprias palavras”? Ela responde: “Qué no haria jo por mi padre”?

Então Fidel chama Randy Alonso, jornalista e diretor do Mesa Redonda. Antes das 11:00h, Randy chama Maria Gabriela, através do telefone informado por Fidel, e faz a gravação, que Cuba  entregou  as agencias credenciadas em Havana e também as transmite pelo noticiário de televisão. 

Às 12:40h do dia 12 de abril de 2002, a informação cubana na própria voz de Maria Gabriela desmoraliza a CNN, que publicava as mentiras divulgadas pelos militares. A desmoralização foi motivo de reunião por parte da direção da CNN.

As noticias veiculadas em Cuba foram escutadas por milhões de venezuelanos e pelos militares fieis a Hugo Chávez, e ainda serviram para que a CNN parasse com as mentiras de que o Chávez havia renunciado.

Há noite, precisamente às 11:15h. Maria Gabriela liga para Fidel e começa falar com voz trágica. O Comandante nem deixou que ela terminasse, interrompeu a e perguntou: “o que aconteceu?” Maria Gabriela responde: “Levaram meu pai em um helicóptero, e não sabemos onde ele está agora”. Fidel a interrompe novamente dizendo: “Você tem que denunciar isso com a sua própria voz”. Randy Alonso, estava com Fidel e também um grupo de dirigentes da juventude, pararam a reunião e Randy fez a denúncia com a própria voz da filha do Chávez. Mais uma vez, o mundo sabe a verdade, através de Cuba.

No dia 13 sábado, às 10:00h. Maria Gabriela liga novamente para Fidel e comunica que os pais do presidente queriam falar com o comandante Fidel e fazer uma declaração.

Na fala a mãe de Chávez, informa que o chefe militar da Guarnição acabara de falar com seu esposo, Hugo de los Reyes Chávez e, que esse havia dito que seguia firme a constituição. 

Em seguida Fidel fala com Lucas Rincón, Inspetor Geral das Forças Armadas, o qual afirmou que a Brigada de Paraquedista, a Divisão Brindada e a Base de Caça Bombardeiro F-16 estavam contra o golpe e prontas para atuar. Após o informe Fidel pede para que fossem evitados confrontos entre militares.

Alguns minutos depois a brava Maria Gabriela liga para Fidel e diz que o General Baduel, chefe de Brigada de Paraquedistas estava querendo comunicar-se com Fidel e que as forças leais de Maracay desejavam fazer uma declaração ao povo da Venezuela e a opinião pública internacional. 

Fidel fala com o General Badual e diz: “tudo bem, a declaração pode ser feita agora mesmo”. Espere, disse o General; e passou o telefone ao General Julio García Montoya, secretário permanente do Conselho Nacional de Segurança e Defesa. O General Montoya fala com Fidel que logo o coloca em contato com Randy, para que fizesse a declaração, que consistiu no seguinte: “Las Fuersas Armadas venezolanas são fieles a la Contitución”. Nesse instante Fidel declara a seus assessores que o golpe estava derrotado. Mas restava uma preocupação, era com a vida de Chávez.   

Às 4:15h da tarde, Fidel telefonou ao embaixador de Cuba na Venezuela, Germán Sánchez e perguntou se era possível fazer um contato com o General golpista, Vázquez Velasco. O embaixador respondeu que sim. Neste caso, disse Fidel fale em meu nome e expresse a opinião de que um rio de sangue pode correr na Venezuela e que somente um homem poderia evitar essa possibilidade perigosa; esse homem é Hugo Cháves.  

O General Vásquez respondeu a chamada e afirmou que Chávez estava sob seu poder e garantiu que a vida do mesmo seria preservada, mas não podia libertá-lo. Na ocasião o embaixador insistiu, mas o General interrompeu a ligação desligando o telefone. 

Fidel imediatamente chama a Maria Gabriela e comunica sobre as palavras de Vázquez, especialmente no que se relacionava com as garantias de preservar a vida do presidente. Ao mesmo tempo pediu para comunicar-se com o General Baduel.

Eram 4:49h da tarde, com Baduel Fidel expressa a opinião de continuar fazendo pressão sobre o General chefe dos golpistas. O General Baduel aproveitou para comunicar ao Comandante Fidel que estava selecionando os homens e também preparando os helicópteros para fazer o resgate do presidente Chávez. 

Durante o resto do dia até à 0:00h da noite do dia 13, Fidel Castro tratou de fazer contatos com várias pessoas sobre o resgate e sobretudo com a preservação do vida do resgatado. Falou com Diosdado Cabello Hector Navarro, ministro da Educação Superior sugerindo que ordenasse a Vázquez a liberação do Chávez e que o advertisse da grave responsabilidade, caso desacatasse essa ordem. 

Os golpista permaneciam irredutíveis e esperavam um avião de um empresário para transladar o presidente a um lugar desconhecido.

Estou convicto de que Fidel Alejandro Castro Ruz foi o grande estrategista da batalha para salvar a vida e também a Revolução Bolivariana. A inteligência do comandante e sua capacidade de dirigir conflitos de alto risco fez a diferença naquela situação em que o povo venezuelano poderia ter se confrontado em uma desnecessária e violenta guerra civil, pondo em risco a vida de milhares de pessoas. 

Fidel sabia que a guerra era suja, que por trás daquela desordem estavam os Estados Unidos e a CIA mancomunada com o gusano Pedro Carmona, para desestabilizar o governo legitimo e o povo, e assim alterar o curso da Revolução, para fazer prevalecer a concepção metafísica, porque essa correspondia naquele momento conjuntural os interesses das classes dominantes.

De fato o golpe foi arquitetado pelos Estados Unidos, para impedir a ideia dos revolucionários venezuelanos de querer mudar o histórico regime social vigente no país de Bolívar, de Dom José Maria Gual, de Dom José Maria Espanha e do contemporâneo e heróico povo, que hora lutava por um mundo em que todos e todas tivessem direito ao bem estar e a vida.

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