sábado, 20 de fevereiro de 2010

Em Cuba a educação é a chave da liberdade

Juventude cubana | Foto: Cubanito em Cuba
Por Enio Expedito Franzoni 

Embora a mídia patrocinada por empresas para quem não interessa o ser, mas o ter nos faz (ou tenta fazer) crer se tratar Cuba de uma ilha de prisioneiros, depois de 18 dias lá (24/01 a 10/02/2010), a conclusão é um desafio aos conceitos postos e acabados.

O ser está acima do ter: este é o primeiro conceito e sem o qual não se entende Cuba. Contrariando aqueles que sustentam o ateísmo cubano, assistimos a uma missa (Católica Apostólica Romana). Em torno de 40% dos fiéis eram jovens. Assistimos a uma sessão de santería. Existe fé, então.

Revelaram-nos não existir desemprego involuntário. Só está desempregado quem voluntaria e livremente não quer trabalhar. Ainda assim, estes recebem ensino escolar até que queiram e saúde sem custo, além de uma espécie de cesta básica. Não há desemprego em Cuba para quem quer trabalhar.

A educação proporciona a todos cubanos falar inglês, a tocar um instrumento musical, ao acesso a cursos superiores elevando o nível de escolaridade e eliminando um dos temas dos programas dos partidos políticos e das campanhas eleitorais do Brasil: a segurança pública. 

Seguramente, a segurança não é uma preocupação dos cubanos. Por isso quando Fidel disse: “Hoje, milhares de crianças dormirão nas ruas das cidades. Nenhuma delas é cubana.” disse uma verdade simples à qual se pode acrescentar: “...não terão escola e saúde. Nenhuma delas é cubana.” Isto pode até soar como uma agressão para nós, mas é verdadeira num país onde não existem analfabetos. O conhecimento de sua própria história é a garantia da liberdade do povo cubano. 

Não dá para entender? Basta que conheçamos nossa história e perceberemos quão escravos e servis somos e então entenderemos o que é ser livre. Mas a quem pode interessar a história do Brasil? Lá aprendi que a educação é a chave da liberdade e não o fato de poder comprar coisas ou de falar.

Cuba como péssimo produtor de armas exporta médicos, mas não daqueles tipo funcionários de laboratórios pagos para criação de novos medicamentos que chamam de “cientistas”. Também por isso, “planos de saúde” são contratos que os cubanos não conseguem entender do que se trata e de sua utilidade. Certamente também por estas exportações se justifica nos EUA, a colocação de Cuba no rol dos países “terroristas”, pertencente ao “eixo do mal”. Afinal medicina gratuita, sem planos de saúde,... hummm,... se esta ideia “pegar” pode causar uma catástrofe econômica sem precedentes. A propósito, sobre saúde, assista o filme “SICKO” de Michael Moore.

A juventude cubana ativada pelos parentes da Flórida que muito tem, exibem as reluzentes camisas yankees e também desejam consumir, o que lhes é impedido pelo baixo poder aquisitivo de sua moeda: 1 dólar vale 25 pesos e o salário é em média de 25 dólares, salvo equívoco. O embargo econômico imposto pelas Leis Torricelli e Helms-Burton impedem que negócios sejam realizados por quem usar qualquer tipo de produto cubano, definitivamente ou com qualquer navio que atraque em portos cubanos, por seis meses, agravando ainda mais o acesso até mesmo a alimentos e medicamentos.

O povo cubano é solícito, solidário, alegre, descontraído, despido de esperteza e desconhecem a “lei de Gerson”. Já imaginou o que é um povo sem esta lei?

Não vá a Cuba como turista se tiver intenção de conhecer Cuba, seu povo, costumes, verdades e mentiras, mas vá como lhe convier segundo teus objetivos.

3 comentários:

  1. Otimo resumo do que é Cuba! Muito Bom!

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  2. Uma reflexão desapaixonada acerca da origem dos males que assolam a Latino América é sempre estimulada pela crítica construtiva dos atentos observadores sociais como meu dileto amigo Enio Franzoni. Parabéns pelo desprendimento!

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  3. Uma reflexão desapaixonada acerca da origem dos males que assolam a Latino América é sempre estimulada pela crítica construtiva dos atentos observadores sociais como meu dileto amigo Enio Franzoni. Parabéns pelo desprendimento!

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